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Estado de Minas N�MEROS DA PANDEMIA

O que � o plat� da COVID-19 e por que preocupa que ele ocorra no pico?

Reportagem conversou com professores para explicar o que significa a estabiliza��o e, a partir dela, o que podemos esperar da evolu��o da pandemia


22/07/2020 14:56 - atualizado 22/07/2020 15:31

Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu que o Brasil vive o platô da pandemia(foto: Isaac Lawrence/AFP)
Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) reconheceu que o Brasil vive o plat� da pandemia (foto: Isaac Lawrence/AFP)
Desde o surgimento do novo coronav�rus na China at� a chegada dele ao Brasil, o vocabul�rio ganhou palavras at� ent�o pouco usadas. Entre elas, o tal plat�. Seria algo bom? Talvez um indicativo de que as medidas sanit�rias adequadas de conten��o do v�rus est�o sendo tomadas? Ou seria apenas o desejo comum de estar com os amigos presencialmente depois de quatro meses de medidas de isolamento e distanciamento social?   



A reportagem conversou com o matem�tico Paulo Angelo Alves Resende, um dos coordenadores do Observat�rio de Predi��o e Acompanhamento da Epidemia COVID-19 da Universidade de Bras�lia (UnB), e com Wildo Navegantes, professor de epidemiologia da Universidade de Bras�lia (UnB), para explicar o que significa exatamente a estabiliza��o e, a partir dela, o que podemos esperar da evolu��o da pandemia.

O que � plat�?

Com origem no franc�s, a palavra plat� pode ser utilizada como sin�nimo de planalto na �rea da geografia. Ou seja, significa uma superf�cie plana e elevada, mesmo cen�rio que pode ser verificado em uma curva epidemiol�gica. 

O que isso significa?

Para Paulo Angelo Alves, o que se tem visto � um comportamento de evolu��o caracter�stico desse tipo de doen�a. Primeiro, h� um crescimento exponencial, em seguida, uma estabiliza��o para, a partir de ent�o, regredir. "Hoje, existe um grupo de pessoas imunizadas, ent�o a doen�a tem mais dificuldade para encontrar pessoas suscet�veis. A imuniza��o come�a a trabalhar contra a evolu��o da epidemia. � o ponto que estamos agora", explica. 

Este plat� n�o significa uma curva decrescente de infec��es, mas somente que o n�mero de pessoas atingidas e de mortes tende a se estabilizar. Isso est� relacionado, como esclarece o matem�tico, � taxa de reprodu��o da doen�a, ou seja, � capacidade que uma pessoa infectada tem de transmitir o v�rus para uma certa quantidade de pessoas suscet�veis.
 
Quando ela chega a um quer dizer que 100 pessoas transmitem o v�rus para outras 100. "Supondo um n�mero de reprodu��o inicial igual a 2 e a metade da popula��o j� imune, uma pessoa infectada pode ter contato com duas pessoas, mas uma delas n�o vai contrair a doen�a por j� ter tido, ent�o, s� haver� a transmiss�o para uma e, a partir de ent�o, come�a a regress�o", acrescenta. E � justamente nesse ponto que � poss�vel inverter a curva da epidemia, de acordo com pesquisadores.

Apesar de esta taxa ter passado de 1,18, registrada em junho, para 1,12, de acordo com o �ltimo boletim do observat�rio, Paulo pondera que a curva de �bitos por semana ainda n�o chegou ao pico. "Embora tenhamos chegado ao pico de infectados, n�s ainda n�o atingimos o pico de �bitos. Os n�meros s�o altos nos pr�ximos dias at� come�aram a ceder", comenta. Ainda n�o d� para saber tamb�m o impacto da reabertura das atividades comerciais. "Quanto maior a quantidade de pessoas infectadas simultaneamente, maior o risco de contamina��o. Esse contingente est� est�vel e a tend�ncia � regredir. Mas ele reflete as intera��es sociais."

A altura na qual a curva da evolu��o da epidemia tem se estabilizado em diversos estados brasileiros depende do tamanho da popula��o e do n�mero inicial de reprodu��o da doen�a, que depende do contexto social. "Aqui no DF, isso est� compat�vel. O ponto de inflex�o � ter uma atua��o com intelig�ncia epidemiol�gica para reduzir a taxa de contamina��o", pontua Alves.

Na avalia��o do coordenador do observat�rio, mais do que nunca, agora � hora de fazer uso dos instrumentos de vigil�ncia, da infraestrutura do Sistema �nico de Sa�de (SUS), com profissionais da sa�de, assist�ncia social, para procurar e encontrar os pontos de cont�gio. "E trabalhar na supress�o da doen�a", acrescenta.

Vacina, isolamento e rastreamento de casos s�o a solu��o

"As ideias de plat� e pico s�o meio fict�cias para poder interpretar a ocorr�ncia di�ria de qualquer doen�a", avalia o professor de epidemiologia Wildo Navegantes. Para ele, enquanto houver situa��es que favore�am o cont�gio, o n�vel de casos permanece por mais tempo.
 
"Trata-se de uma grande onda. Quando todo dia tem um n�mero de casos muito semelhantes, pressup�e-se que ainda n�o alcan�ou um n�vel que vai come�ar a reduzir. A redu��o s� vai acontecer mesmo quando tiver tr�s cen�rios: primeiro, interven��es farmacol�gicas, como vacina e medicamento; segundo, a interven��o de permanecer em casa, porque a gente n�o favorece que as pessoas entrem em contato com as outras e o governador tem a oportunidade de fazer com que as pessoas entendam a necessidade de, se estiverem doentes, ficarem em casa e informarem a equipe de sa�de; o outro lado � a intensifica��o por parte do Estado da investiga��o de contatos, ou seja, os agentes que v�o at� as pessoas para elas serem detectadas e s� procurarem o sistema de sa�de em casos graves", explica. 

Navegantes pontua que uma grande parte da popula��o do DF ainda n�o se infectou e, com a reabertura das atividades, a medida exp�e as popula��es mais vulner�veis, que podem se infectar no transporte p�blico, que v�o disseminar o v�rus e  muitas vezes n�o t�m �gua ou sab�o em casa.
 
"Quando voc� permite que as pessoas se mantenham circulando, tem a parte mental, as pessoas est�o cansadas do distanciamento, por outro lado, tem algumas pessoas que a gente precisa dar cuidado. Uma porcentagem vai precisar de tratamento especializado. Ao consumir leitos para pacientes com covid, voc� deixa de atender pessoas com c�ncer que precisam fazer cirurgia, por exemplo. Os tratamentos de algumas dessas doen�as est�o sendo postergados porque n�o tem leitos dispon�veis. Se a gente promove essa redu��o do distanciamento, a gente vai consumir o mesmo leito. � profissional de sa�de, � medicamento, � transporte, � energia, � �gua, � material de limpeza. Esse racioc�nio de promover a retomada da atividade n�o est� calculado corretamente", analisa. 

A circula��o, sobretudo em uma cidade marcada pela desigualdade social como a capital do pa�s, tamb�m interfere na taxa de reprodu��o do v�rus. "Nas regi�es administrativas, temos velocidades distintas dessa taxa. � um somat�rio de distanciamento social, adensamento das casas, o uso ou n�o de transporte coletivo", explica o epidemiologista.


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