Demora e aglomera��es revoltam passageiros dos �nibus de BH: 'Uma vergonha'

Que o diga auxiliar de escrit�rio Ana Cl�udia Fernandes, de 30 anos. Diariamente, ela depende de quatro condu��es para trabalhar – duas de ida e duas de volta. Por volta de 9h30 dessa ter�a-feira (28), a usu�ria aguardava o �nibus da linha 9105 (Nova Vista/Sion) em frente � Pra�a da Esta��o. Para chegar at� l�, pegou o 3503 (Santa Terezinha/S�o Gabriel). Nos �ltimos cinco dias, ela conta n�o ter notado aumento da disponibilidade de ve�culos, que continuam lotados. 

“O S�o Gabriel ent�o, est� vindo super cheio e leva mais de uma hora para passar. Acho que (a situa��o) at� piorou um pouco. Os �nibus t�m demorado mais e isso faz com que as pessoas se aglomerem nos pontos. Fica tudo lotado”, reclama. Segundo Ana Cl�udia, os passageiros t�m usado m�scaras e procuram respeitar, como podem, alguma dist�ncia uns dos outros. “Mesmo assim, tenho medo de me infectar. Saio de casa com o cora��o na m�o. As vezes, eu entro no �nibus e as janelas est�o fechadas. Nem sempre tem �lcool em gel dispon�vel. D� muito medo sim”, desabafa.

O repositor de supermercado Jo�o Silva, de 56 anos, conta que toma at� seis lota��es todos os dias - tr�s de ida e tr�s de volta. . Entre as linhas que usa com mais frequ�ncia, citou a 809 (Esta��o S�o Gabriel/Belmonte), a 8551 (Esta��o S�o Gabriel/Esta��o UFMG via Anel Rodovi�rio) e a S81 (Circular Nordeste). Na manh� de ter�a (28), quando foi abordado pela reportagem do Estado de Minas no Centro de BH, disse que saiu de casa mais tarde do que de costume – por volta de 9h – para resolver problemas pessoais, aproveitando a folga do trabalho.Esperava, com isso, encontrar coletivos mais vazios, j� que saiu fora do hor�rio de pico, mas se decepcionou.

“Est� uma vergonha. Para esses pol�ticos entenderem o que a gente passa, tinham que andar todos de �nibus, junto com suas mulheres, filhos e os netos”, afirma. “Ningu�m pensa que gente como eu, por exemplo, n�o tem como se isolar. Eu tenho neto, tenho esposa. Moro com eles. Cheguei a ficar dois dias afastado por suspeita de COVID-19, mas n�o acusou no teste. Uma hora, eu acabo pegando a doen�a”, acrescenta.

A dom�stica Eliones Menezes, de 53 anos, compartilha da mesma inseguran�a. Usu�ria das linhas 3051 (Fl�vio Marques Lisboa/Savassi) e 301 (Esta��o Diamante/Novo Santa Cec�lia), ela conta que, por vezes, as viagens ultrapassam o n�mero de pessoas em p� permitidas pelo decreto 17.362, editado em 22 de maio - no m�ximo, dez usu�rios, no caso dos coletivos convencionais. “A gente vem espremido, n�o tem jeito de n�o encostar uns nos outros. O risco � muito grande”, analisa. 

As cenas descritas pelos usu�rios foram flagradas ao longo do dia pela reportagem. Uma delas, na Avenida Ant�nio Carlos, altura do Conjunto IAPI. Dois ve�culos da linha 61 (Esta��o Venda Nova-Centro Direita), passaram pelo corredor do MOVE lotados por volta de 9h, com direito a usu�rios sentados no ch�o, pr�ximos do motorista. � noite, por volta de 19h, pontos de embarque da Avenida Afonso Pena, nas proximidades da Avenida Amazonas, ficaram cheios.