
“Ele n�o conhece o rio. Perdeu esse aprendizado dentro das �guas, todos os dias, como era passado de gera��o para gera��o. N�o compensa ele ir ao rio e ouvir as hist�rias, para o �ndio tem de entrar nas �guas e fazer parte. E isso foi tirado dele, tirado de todos n�s”, lamenta Kremb� Krenak, uma das lideran�as da tribo que tem cerca de 500 membros em Resplendor, no Leste de Minas Gerais.
Sem poder usar o Rio Doce h� quase 5 anos devido aos rejeitos, com os meios de vida amea�ados, bem como a sobreviv�ncia, j� que praticamente n�o ocorreram repara��es sequer determinadas pela Justi�a do Brasil, para Kremb�, a audi�ncia que vai definir se a BHP Billiton poder� ser processada no Reino Unido a indenizar atingidos do rompimento, como os �ndios, pode ser a �nica resposta que a tribo ter� em gera��es. “N�o vemos com bons olhos a Justi�a no Brasil. No exterior, a luta � mais s�ria, mesmo quando lutamos contra os grandes. At� hoje n�o temos uma autonomia, s� recebemos o que a Renova e as controladoras querem, n�o o que o �ndio precisa”, cr�tica Kremb�.



A BHP tamb�m questionou as alega��es que a Samarco n�o teria liquidez para promover uma repara��o total e os advogados do escrit�rio afirmaram que quando a empresa teve R$ 2 bilh�es paralisados pela Justi�a brasileira, alegaram que isso iria comprometer frontalmente a capacidade da empresa de proceder com as obras emergenciais logo ap�s o rompimento da barragem, bem como a��es assistenciais que vinha planejando para os atingidos.
Argumentos da defesa
Um dos argumentos centrais dos advogados que representam a BHP Billiton diz respeito ao abuso jur�dico que poderia se constituir a abertura de mais uma corte para a resolu��o das mesmas a��es, sendo que no Brasil j� se lida em tr�s inst�ncias com as quest�es de repara��o dos atingidos. “Os defensores dizem que seria um abuso processar no Reino Unido quem n�o se sente coberto pela repara��o dos acordos. O defensor considera que podem processar no Brasil”, lembrou o juiz do Centro de Justi�a C�vel de Manchester, Sir Mark Turner.
Os defensores dos atingidos argumentam que se � poss�vel abrir processos para os insatisfeitos e pessoas que ficaram tecnicamente fora dos dois acordos feitos, como o Termo Transnacional de Ajuste de condutas (TTAC), de R$ 20 bilh�es e o TAC da Governan�a, de R$ 155 bilh�es podem processar, por que n�o isso ocorrer no Reino Unido, onde a controladora de quem causou o dano � domiciliada - no caso, a BHP, que controla a Samarco? “Como isso seria um abuso e n�o nas demais cortes do Brasil?”, indagou a defesa dos atingidos.
Ao longo da defesa dos argumentos pelo processo na Inglaterra, os advogados expuseram que as controladoras da Samarco, a Vale e a BHP, “obtiveram um enorme sucesso em manter as quest�es de repara��o longe das cortes, por meio de acordos e da Funda��o Renova. Nenhuma a��o civil p�blica chegou a julgamento, e ainda t�m a Renova para estabelecer seus interesses e querem estar fora das cortes do Reino Unido, porque n�o querem ser processados no Reino Unido”. Os pr�prios advogados responderam a essa sua pergunta ret�rica: “A corte inglesa tem uma grande variedade de procedimentos que lidam com tentativas de protela��o, n�o � uma competi��o, mas a capacidade de se ter repara��o no Brasil tem se mostrado plenamente insatisfat�ria para nossos clientes”, afirmaram os advogados do PGMBM.
Os defensores dos atingidos atacaram novamente a classifica��o da BHP de que a a��o do exterior duplica processos e por isso seria sem sentido e abusiva. “O abuso � dizer que um processo de v�timas da companhia, no seu domic�lio � sem sentido e uma perda de tempo. Essas v�timas decidiram que seria melhor trazer o processo para a Inglaterra, contra um defensor diferente (a BHP n�o aparece como culpada nos acordos, mas como colaboradora volunt�ria) para obter o sucesso na repara��o que n�o conseguem no Brasil, principalmente os que n�o est�o tecnicamente no GTAC de 155 bilh�es e viram seus esfor�os falhando miseravelmente no Brasil”.
Oficialmente a BHP informou entender que os pedidos formulados no Reino Unido duplicam quest�es que s�o ou foram objeto de procedimentos legais pr�-existentes no Brasil e que est�o tamb�m sendo atendidas atrav�s do trabalho que � conduzido pela Funda��o Renova. “� importante ressaltar que a BHP est� absolutamente comprometida com as a��es de repara��o relacionadas ao rompimento da barragem de Fund�o e com o importante trabalho de apoio � Samarco e � Funda��o Renova no avan�o dos programas de remedia��o. At� 31 de maio de 2020, a Funda��o Renova pagou R$ 2,5 bilh�es em indeniza��es e aux�lio financeiro aos atingidos”.