Coronav�rus j� matou 23 padres e bispos no Brasil
Levantamento de entidade vinculada � CNBB mostra que, de 392 contaminados no pa�s, 21 sacerdotes morreram pela doen�a, que vitimou tamb�m dois bispos
Padre Marcelo da Silva, do Santu�rio Nossa Senhora da Boa Viagem: "Posso ter sido contaminado numa visita a hospitais, no atendimento aos pobres ou em outro contato pastoral"
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
A maioria das igrejas est� fechada, os fi�is continuam distantes da comunh�o presencial e os sinos n�o t�m o toque festivo das grandes celebra��es. Mas, mesmo assim, o clero se encontra vulner�vel � COVID-19, que j� matou mais de 90 mil pessoas no pa�s. Segundo boletim divulgado pela Comiss�o Nacional de Presb�teros (CNP), vinculada � Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 392 padres diocesanos foram contaminados pelo novo coronav�rus, com registro de 21 mortes. Os dados foram baseados em consulta nas 18 regionais da institui��o que congrega os bispos brasileiros e tem como presidente o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo.
A maior parte dos casos (veja quadro abaixo) est� na Regional Norte 2 da CNBB, nos estados do Par� e Amap�, com 58 religiosos contaminados e seis �bitos, totalizando 64 infectados. Em seguida vem a Nordeste 2, com 57 casos e tr�s �bitos, total distribu�do entre Rio Grande do Norte, Para�ba, Pernambuco e Alagoas. J� na Regional Leste 2, que inclui Minas Gerais e Esp�rito Santo, n�o h� �bitos, mas h� 19 casos positivos, dos quais sete em Minas, nas arquidioceses de BH (quatro), e Montes Claros (um), na Regi�o Norte, e dois na diocese de Luz, no Centro-Oeste.
Os n�meros crescem a cada dia, tanto que ap�s a divulga��o dos dados, foram registrados mais tr�s casos positivos, sem �bitos, em Vit�ria (Leste 2), e cinco no Cear� (Nordeste 1). Nove bispos tamb�m foram infectados, e dois deles morreram: dom Henrique Soares da Costa, bispo de Palmares (PE), e dom Aldo Pagotto, bispo em�rito da Para�ba. Em Minas, n�o houve ocorr�ncia entre esse grupo de religiosos.
“Acredito que tenha sido o primeiro caso na nossa arquidiocese. As igrejas est�o fechadas, no nosso caso at� para restaura��o, mas a miss�o continua aberta”, diz o reitor do Santu�rio Arquidiocesano de Adora��o Perp�tua – Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Regi�o Centro- Sul de Belo Horizonte, padre Marcelo da Silva. Ele foi contaminado em abril e, felizmente, n�o passou pelo calv�rio da interna��o: permaneceu assintom�tico. “Posso ter sido contaminado numa visita aos hospitais, no atendimento aos pobres, aqui na porta da igreja, ou em outro contato pastoral”, diz o reitor, lembrando que sua congrega��o, a dos sacramentinos, perdeu nove padres no mundo. “N�s, padres, temos que ser corajosos. Mas a pior sensa��o, para quem testou positivo � de que possa contaminar algu�m. E n�s moramos em comunidade”, afirma.
Na diocese de Luz, no Centro-Oeste mineiro, dois padres testaram positivo. Um est� internado em hospital de Divin�polis. O outro, o titular da Par�quia S�o Jos�, em Santo Ant�nio do Monte, G�lson Ribeiro da Silva, est� bem e celebrando missa normalmente. Ele conta que os primeiros sintomas come�aram em 27 de junho, “com o nariz escorrendo e dor nos olhos”, seguindo-se “dor de cabe�a muito pesada at� chegarem os calafrios, diarreia e dor nas costas” que o levaram a procurar o m�dico e depois a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Padre G�lson conta que na casa que divide com outro religioso e tem uma secret�ria ningu�m foi contaminado.
No per�odo em que foi infectado pelo novo coronav�rus, padre Gilson, de 53 anos e sem problema de sa�de, estava celebrando missas, pois um decreto municipal permitia a flexibiliza��o, com restri��es da freq��ncia �s igrejas: com capacidade para 900 fi�is, o templo recebia apenas 100, com uso de m�scaras e higieniza��o com �lcool em gel. Na sua avalia��o, a contamina��o ocorreu a partir do manuseio de dinheiro. “Acho que muita gente est� sendo contaminada assim. Pega o dinheiro e p�e na carteira”. Mas ele garante que est� curado por “gra�a de Deus”.
EVOLU��O
De acordo com o documento da Comiss�o Nacional de Presb�teros, a regional Norte 2 da CNBB, que abrange os estados do Par� e Amap�, � a que mais contabiliza infec��es de padres por COVID-19 (58). Em segundo lugar est� a regional Nordeste 2, que abrange os estados do Rio Grande do Norte, Para�ba, Pernambuco e Alagoas, com 57 infectados. A regional Sul 1, que abrange o S�o Paulo, ocupa o terceiro lugar em n�mero de infectados (38).
J� o Cear� (Nordeste 1), est� agora no terceiro lugar da lista com rela��o ao n�mero de contaminados (41), registrando quatro mortes. Ocupando o sexto lugar, est�o Bahia e Sergipe, correspondentes � regional Nordeste 3. S�o 20 padres infectados. Das 18 regionais da CNBB, apenas na Oeste 1 (Mato Grosso do Sul) n�o h� registro de padre infectado por COVID-19.
“A regi�o da Grande Amaz�nia, com os estados do Norte e parte do Centro-Oeste, � a mais afetada pelo novo coronavirus” , destaca o padre Jos� Adelson da Silva Rodrigues, presidente da Comiss�o Nacional de Presb�teros e em atua��o na Arquidiocese de Natal. Ele afirma que, mesmo com as igrejas fechadas neste per�odo de pandemia, os padres t�m celebrado missas com transmiss�o pelas redes sociais outros meios de comunica��o cat�licos, tendo, ent�o, contato com pessoas da equipe. Para o padre, s�o necess�rios “zelo e cuidado” para evitar a contamina��o, pois, enquanto h� um descompasso, nos estados, entre autoridades federais, estaduais e municipais, � fundamental lembrar que “a vida vem em primeiro lugar”.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.