
A pandemia traz � tona vulnerabilidades. Quest�es emocionais s�o acentuadas. Acostumados ao contato social e vivenciando trocas interpessoais com intensidade, jovens experimentam os efeitos do isolamento, muitas vezes com consequ�ncias indesejadas, sob a �tica da sa�de mental e tamb�m dos sentimentos. Alguns passam grande parte do tempo em casa atingidos pelo �cio, est�o distantes do conv�vio com os amigos, dos dias na escola ao lado de colegas e professores, longe de atividades esportivas ou intelectuais complementares. Em tempo de mudan�as dr�sticas, tantas priva��es podem ser gatilho para problemas mais s�rios.
Entre os desequil�brios, tem sido observada a ado��o de h�bitos t�xicos entre os adolescentes, que recorrem a bebida alco�lica, ansiol�ticos, antidepressivos, at� sem prescri��o m�dica. S�o transtornos importantes, ainda mais quando se considera a adolesc�ncia, fase de forma��o psicol�gica, biol�gica e social.
Especialista em terapia cognitivo-comportamental, a pesquisadora e psic�loga Renata Borja encontra motivos para tais comportamentos na qu�mica cerebral. “As priva��es impostas aos jovens por situa��es adversas, como as de uma pandemia, geram frustra��o, tristeza, ang�stia, inseguran�a, medo, ansiedade, estresse, irritabilidade. Emo��es essas que sinalizam para o c�rebro a necessidade de uma ativa��o positiva, algo que d� prazer. O problema � utilizar estrat�gias mal adaptativas do sistema de recompensa, como bebida e ansiol�ticos sem prescri��o m�dica, na tentativa de ajustar as emo��es.”
Kathleen Mendon�a tem 15 anos. No come�o da pandemia, conta que teve dificuldades em preservar o equil�brio emocional. "N�o esperava que isso fosse durar tanto tempo. Foi ficando cada vez mais s�rio, e bateu o desespero." A jovem revela que a produtividade para as tarefas costumeiras diminuiu e que tem experimentado sentimentos de ansiedade, tristeza, estresse, irritabilidade, inseguran�a e medo.
Para ela, tudo parte da preocupa��o com as outras pessoas e da frustra��o diante de uma situa��o que foge ao controle. "Sair do normal me fez sentir falta da rotina. Alguns dias acordo bem mal. Mas, depois de quatro meses, fui me adaptando aos poucos." Kathleen estuda em escola p�blica e demorou um pouco at� que fossem estabelecidas as aulas on-line. Agora, come�a a desenvolver outras atividades, como ioga e tocar instrumentos. Est� aprendendo por conta pr�pria ukulele, pandeiro, violino e viol�o.

H� dois anos, ela vivenciou um quadro de depress�o, e tem observado sinais da volta do problema. Tem dias em que se esquece at� mesmo de se alimentar. Em muitos momentos, tamb�m observa rea��es exageradas. Em outras circunst�ncias, tem uma cobran�a exacerbada sobre si mesma quando erra. "Quando tem algo para acontecer, penso em todas as possibilidades do que pode dar errado", conta. Ela busca melhoras. Recorre a s�ries de TV, come�ou a desenhar e pintar e a tocar viol�o.
Boas rela��es
A psic�loga Renata Borja assinala que o ser humano � soci�vel por si s�. Preservar boas rela��es e experimentar o amor desde as viv�ncias infantis, explica, � um dos fatores que contribuem para a qualidade de vida, sa�de e longevidade. "Estar impedido ou limitado nos relacionamentos com os pr�prios pares, em uma idade em que os jovens est�o come�ando a se identificar com seus 'bandos', pode acarretar in�meros problemas futuros que n�o podemos prever", salienta. Para Renata, � natural, neste momento, um aumento dos dist�rbios emocionais, pois ativam com mais intensidade as emo��es.
A psic�loga explica que o impacto de tantas priva��es durante a pandemia varia entre cada pessoa, dependendo da forma como compreende, sente e se comporta diante das situa��es. "Para as debutantes, por exemplo, essa pandemia pode ser um pesadelo, principalmente para aquelas que tinham festas planejadas e tiveram suas expectativas frustradas. Para outros, que sofriam bullying, pode ser um al�vio n�o ter que encontrar colegas. Alguns podem ter dificuldade em acompanhar as aulas virtuais, enquanto outros est�o mais confort�veis com esse modelo. Fato � que houve uma modifica��o da rotina, que ser� facilmente superada por uns, enquanto outros est�o mais vulner�veis", elucida.
Os principais sinais de que algo n�o vai bem, acrescenta a especialista, s�o a labilidade de humor, a express�o exagerada de determinadas emo��es e comportamentos disfuncionais, como isolamento, uso abusivo de telas, agressividade, choro, discuss�es, preocupa��es excessivas, excesso de questionamentos, hipervigil�ncia das sensa��es e pensamentos, uso de �lcool, drogas, comer excessivo, inquietude, des�nimo, apatia, paralisia. "O importante � saber reconhecer quando n�o estamos sabendo lidar com elas, para procurar ajuda profissional."
Diante desse contexto, pais e familiares precisam auxiliar na constru��o de uma rotina mais saud�vel. "Acaba sendo uma oportunidade para vencer novos desafios, o que poder� ser fonte de resili�ncia no futuro." A psic�loga refor�a que, para o bem-estar, � necess�rio nutrir pensamentos otimistas e realistas, ter uma rotina planejada e organizada, praticar atividades f�sicas, manter o sono regular, ter momentos de lazer, buscar pr�ticas espirituais e meditativas.
Namoro

A rotina de Leon se resume �s atividades escolares, mantidas pela internet, al�m dos jogos on-line com os amigos, e acaba de concluir um curso de programa��o. "Estar longe da Maria Luiza, al�m da saudade, me causa tristeza. Conversar com ela me tranquiliza. Somos muito grudados", diz.
A educadora e diretora da Funda��o SM, entidade voltada para a educa��o, e ex-secret�ria Nacional de Educa��o B�sica, Pilar Lacerda, fala sobre o papel dos educadores no enfrentamento desses problemas. A escola � uma refer�ncia de socializa��o, de encontros, aprendizados, e muitos professores s�o o porto seguro para seus alunos. "O importante � manter o v�nculo. Esse estudante precisa sentir que tem algu�m na escola que se importa com ele. Receber tarefas, se reunir com a turma virtualmente, tudo isso � essencial. Lembrando que estamos falando dos adolescentes que s�o privilegiados, que t�m acesso � internet e equipamentos para a comunica��o, o que, por outro lado, muitos n�o t�m", aponta a educadora.
Para ela, tudo o que vem na esteira da pandemia cria novas formas de viver. Jovens reinventam a conviv�ncia, os meios de encontrar os amigos e ter outras maneiras de divers�o. "Teremos uma gera��o que convive socialmente de maneira distinta. Ao mesmo tempo, lidar com as priva��es e frustra��es � um processo de amadurecimento", salienta.

Aila e Zion mant�m suas atividades rotineiras agora pelos meios eletr�nicos. A conviv�ncia com os amigos segue pelos canais virtuais, muitas vezes at� com encontros para os anivers�rios. O garoto, aos 16, � um contraponto. Demonstra serenidade e diz que fica feliz em poder continuar fazendo as coisas de que gosta. "Tenho que ter mais for�a de vontade, mais iniciativa. Continuo dan�ando, toco viol�o e guitarra e tamb�m me d� prazer poder aprender outros idiomas", diz.
- Quadros de ansiedade e depress�o em menores de 18 anos s�o recorrentes, o que � intensificado pela pandemia.
- 75% dos alunos com idade entre 14 e 16 anos revelaram sofrer de ansiedade
- Apenas 22,54% dos alunos mostraram ser pouco ou nada ansiosos
- Para a pergunta "sou ansioso?", 13,56% responderam moderadamente, 23,11% responderam muito e 40,7% totalmente.
- Para a pergunta "a ansiedade me atrapalha e me prejudica?", 9,54% responderam em nada, 15,57% pouco, 19,09% moderadamente, 22,61% muito e 33,16% totalmente.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Patr�cia Rezende, pediatra do Grupo Prontobaby
O jovem sente que precisa viver tudo aqui e agora. � uma fase de autodescobrimento, de conhecer mais o mundo, de formar a personalidade. Com o isolamento, perde a viv�ncia com os amigos. A tecnologia veio como um agente facilitador para manter as rela��es. Por outro lado, os pais precisam estar atentos a qualquer mudan�a de humor e comportamento. Sentimentos em desarmonia ensinam para os pais a ter paci�ncia e serem compreensivos. � preciso manter o di�logo e estabelecer uma comunica��o n�o violenta para que o adolescente se sinta reconhecido e valorizado. Tamb�m � um momento de estreitar la�os. A adolesc�ncia j� � uma �poca de emo��es � flor da pele, e isso pode piorar durante o isolamento. Conversas francas s�o importantes para que o jovem tenha liberdade de abrir seus sentimentos. O jovem costuma testar limites, n�o levar a s�rio as recomenda��es dos pais, muitas vezes consideram que os pais s�o ultrapassados, querem proibir tudo, e isso pode facilitar a ades�o ao uso de bebidas alco�licas em grande quantidade, bem como de rem�dios. Logo acaba passando para a fase do abuso, da depend�ncia. Os pais devem se tornar amigos. O jovem precisa perceber que n�o est� sendo vigiado e privado de liberdade, e sim apoiado.
Pesquisa realizada pela psic�loga Renata Borja em uma escola particular de Belo Horizonte:
- Quadros de ansiedade e depress�o em menores de 18 anos s�o recorrentes, o que � intensificado pela pandemia.
- 75% dos alunos com idade entre 14 e 16 anos revelaram sofrer de ansiedade
- Apenas 22,54% dos alunos mostraram ser pouco ou nada ansiosos
- Para a pergunta "sou ansioso?", 13,56% responderam moderadamente, 23,11% responderam muito e 40,7% totalmente.
- Para a pergunta "a ansiedade me atrapalha e me prejudica?", 9,54% responderam em nada, 15,57% pouco, 19,09% moderadamente, 22,61% muito e 33,16% totalmente.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
Patr�cia Rezende, pediatra do Grupo Prontobaby
O jovem sente que precisa viver tudo aqui e agora. � uma fase de autodescobrimento, de conhecer mais o mundo, de formar a personalidade. Com o isolamento, perde a viv�ncia com os amigos. A tecnologia veio como um agente facilitador para manter as rela��es. Por outro lado, os pais precisam estar atentos a qualquer mudan�a de humor e comportamento. Sentimentos em desarmonia ensinam para os pais a ter paci�ncia e serem compreensivos. � preciso manter o di�logo e estabelecer uma comunica��o n�o violenta para que o adolescente se sinta reconhecido e valorizado. Tamb�m � um momento de estreitar la�os. A adolesc�ncia j� � uma �poca de emo��es � flor da pele, e isso pode piorar durante o isolamento. Conversas francas s�o importantes para que o jovem tenha liberdade de abrir seus sentimentos. O jovem costuma testar limites, n�o levar a s�rio as recomenda��es dos pais, muitas vezes consideram que os pais s�o ultrapassados, querem proibir tudo, e isso pode facilitar a ades�o ao uso de bebidas alco�licas em grande quantidade, bem como de rem�dios. Logo acaba passando para a fase do abuso, da depend�ncia. Os pais devem se tornar amigos. O jovem precisa perceber que n�o est� sendo vigiado e privado de liberdade, e sim apoiado.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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