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Estado de Minas COVID-19

'Faria tudo outra vez', disse m�dico mineiro dias antes de morrer por COVID-19

O neurocirurgi�o Lucas Pires Augusto, que perdeu a batalha para o coronav�rus aos 32 anos, deixou recado de esperan�a a colegas e brasileiros de f�


11/08/2020 06:00 - atualizado 11/08/2020 09:14

Com orgulho e a vontade de se aperfeiçoar na profissão, Lucas Augusto (D) integrou a equipe do médico americano James Goodrich, que conduziu cirurgia delicada no Brasil e também morreu de COVID-19 (foto: Arquivo Pessoal)
Com orgulho e a vontade de se aperfei�oar na profiss�o, Lucas Augusto (D) integrou a equipe do m�dico americano James Goodrich, que conduziu cirurgia delicada no Brasil e tamb�m morreu de COVID-19 (foto: Arquivo Pessoal)


“Gabi, n�o desiste de mim. N�o deixa eles desistirem de mim.” O apelo foi feito por Lucas Pires Augusto, de 32 anos. Ele era m�dico, pai do Benjamim e da Isabella, marido da Camila e o �nico irm�o da Gabriela, para quem mandou a mensagem antes de ter sido intubado e perder a vida para a COVID-19, em decorr�ncia das complica��es provocadas pela doen�a respirat�ria. Nascido em Cataguases, na Zona da Mata mineira, o neurocirurgi�o atuava no Paran� e foi uma das mais de 100 mil pessoas no Brasil que tiveram a hist�ria interrompida pelo coronav�rus.

Lucas Augusto estudou no Col�gio de Aplica��o da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) e sonhou com a carreira de m�dico, como lembra Gabriela Pires. “N�s somos uma fam�lia do interior de Minas. Ele sempre estudou em escola p�blica. Passou em um col�gio de Vi�osa, aos 15 anos. E l�, desde que come�ou a estudar no ensino m�dio, falava que queria fazer medicina e depois nunca mais parou de falar”, disse a irm�.

No col�gio, Lucas conheceu o xar� Lucas Paulino, com quem estudou na mesma turma entre 2004 e 2006. Ambos seguiram caminhos diferentes. Paulino escolheu morar em Belo Horizonte e cursar direito. O tempo passou, mas Paulino se lembra at� hoje das principais qualidades do colega de turma.

“O Lucas era um rapaz muito estudioso, inteligente. Era um amigo leal. Joguei bola, tomei cerveja com ele. Era um cara pacato, disciplinado. Tanto � que passou em medicina numa universidade p�blica no final do terceiro ano. Era um cara dedicado e conseguiu alcan�ar o sonho”, afirmou.

Do Paran�, Lucas foi para Ribeir�o Preto estudar na Universidade de S�o Paulo. No interior paulista, o neurocirurgi�o fez parte da equipe que separou as g�meas siamesas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, h� dois anos, em cinco etapas de cirurgia, que foram orientadas pelo m�dico norte-americano James Goodrich, que faleceu no final de mar�o tamb�m devido � COVID-19.

Última foto enviada à família por Lucas, que era apaixonado pela profissão desde o colegial, foi feita ao pôr do sol(foto: Arquivo Pessoal)
�ltima foto enviada � fam�lia por Lucas, que era apaixonado pela profiss�o desde o colegial, foi feita ao p�r do sol (foto: Arquivo Pessoal)


“Meu irm�o participou de todas as cirurgias para separar as g�meas. Ele sempre contava para a gente. Ficou muito feliz. Depois, a recupera��o delas foi muito boa, muito mais r�pido do que imagin�vamos. O Dr. Goodrich morreu de COVID-19 no final de mar�o l� em Nova York. Eu me lembro de que quando ele morreu o Lucas mandou a not�cia no grupo da fam�lia. Mandou uma foto deles juntos. Ficou muito triste. A gente n�o imaginava que o meu irm�o tamb�m teria a mesma doen�a”, lamentou Gabriela.

Os �ltimos cinco anos de Lucas foram dedicados ao ingresso firme dele na neurocirurgia. Ele havia terminado a resid�ncia m�dica em janeiro. Fez as duas �ltimas provas nos Estados Unidos e foi aprovado logo na primeira tentativa. J� estava pronto para atuar, mas quando aperfei�oaria suas habilidades num est�gio previsto para durar dois anos, na Fl�rida (EUA), a pandemia come�ou e os planos mudaram.

“Ele conseguiu um est�gio de dois anos na Fl�rida, onde aprenderia t�cnicas que ningu�m conhece aqui no Brasil. Ia se aperfei�oar muito. Seria muito bom para ele e para os pacientes dele quando ele voltasse”, conta a irm�. Com a chegada da pandemia, Lucas n�o conseguiu o visto, e mudou-se para Ivaipor�, onde a mulher, gr�vida da segunda filha, teria ajuda da fam�lia dela � de Maring�.

No novo endere�o, o m�dico come�ou a atuar no Instituto de Sa�de Bom Jesus. O destino mudou quando ele teve contato com um paciente infectado pela COVID-19, que n�o apresentava sintomas da doen�a. Lucas se internou em Maring� em 20 de julho com efeitos colaterais leves, mas que foram se agravando. “A gente tinha certeza que n�o ele n�o teria complica��es. Ele s� tinha 32 anos, n�o tinha nenhuma comorbidade, s� um pouco de sobrepeso, mas n�o era obeso. Aos poucos foi piorando a situa��o”, relatou Gabriela.

Colegas de profiss�o de Lucas ficaram comovidos com a hist�ria dele e passaram a acompanhar a situa��o do neurocirurgi�o de perto. Foi estudada a possibilidade de uso de um pulm�o artificial, ap�s relato de sucesso em outro paciente, op��o que n�o se confirmou. A luta pela vida tamb�m envolveu o empr�stimo de um equipamento de hemodi�lise especial e uma bomba de seda��o, para melhorar a anestesia. Contudo, uma semana depois de ser intubado, Lucas n�o resistiria � doen�a


‘Cuidando com amor’


Antes de ser encaminhado � unidade de terapia intensiva (UTI), Lucas encaminhou as �ltimas mensagens. Uma delas, em sua rede social, destacou o amor pela medicina. Ele disse que faria tudo outra vez, embora tenha contra�do a doen�a enquanto cuidava de um paciente. Religioso, o m�dico finalizou o recado com um vers�culo b�blico.

“Estou indo neste momento para UTI, devido a um agravamento do quadro de COVID-19. Ficarei incomunic�vel, mas, desde j�, agrade�o aos amigos pelas ora��es. Peguei essa doen�a fazendo o que amo, cuidando dos meus pacientes com amor e dedica��o. Faria tudo outra vez. Sei que meu Deus � soberano sobre todas as coisas, seus caminhos e prop�sitos s�o sempre justos e perfeitos e que no fim, todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que s�o chamados segundo seu prop�sito. Am�m”, escreveu Lucas.

Lucas tamb�m enviou mensagem no grupo da fam�lia, do qual seus pais e sua irm�, Gabriela, faziam parte. Na ocasi�o, o m�dico pediu para que n�o desistissem dele. Da� em diante, Gabriela mobilizou todos os colegas do neurocirurgi�o. “Lutei muito por ele, consegui organizar os m�dicos amigos deles todos. Eu passava a not�cia deles no in�cio, mas depois eles entraram mesmo como um time construtivo do hospital e a� gra�as a esse esfor�o todo ele conseguiu viver mais alguns dias, sen�o ele teria ido at� antes.”

A �ltima foto enviada por Lucas antes de ter os sintomas de COVID-19 foi ao p�r do sol, quando praticava ciclismo. A imagem ser� guardada com muito carinho pela fam�lia, que se despediu do m�dico no domingo, no Dia dos Pais, pouco depois de a filha dele, Isabella, completar dois meses.
 

'Honrando o juramento'

 
Lucas acreditava, al�m das medidas sanit�rias, na informa��o como forma de combater a COVID-19. O m�dico, de acordo com a fam�lia, sempre compartilhava conte�do de qualidade com amigos e as pessoas de quem gostava. Quando recebia not�cias falsas, fazia quest�o de restabelecer a verdade. Agora, Gabriela � quem dissemina a mensagem do irm�o.

“Fico feliz que pelo menos a hist�ria dele ser� contada para muita gente. Espero que o que aconteceu com ele sirva para que as pessoas passem a levar mais a s�rio, que essa doen�a a gente n�o sabe quase nada sobre ela. Ent�o n�o d� para dar brecha. A gente n�o sabe como vai ser. N�o tem vacina.” O colega do m�dico, Lucas Paulino, tamb�m pediu mais consci�ncia por parte de uma parcela da popula��o.

Para Lucas Paulino, o m�dico deixa um legado para que a sociedade valorize os profissionais de sa�de, sobretudo aqueles que est�o na linha de frente no atendimento aos pacientes. “Acho que o Lucas deixou um exemplo, ele como m�dico. Em primeiro lugar temos que falar da import�ncia dos profissionais de sa�de neste momento. Eles est�o honrando o juramento que prestaram, se dedicando a salvar vidas e arriscando a pr�pria vida para salvar outras. O Lucas � um exemplo.”
 

Legado 

 
Para Lucas Paulino, o m�dico Lucas Augusto deixa um legado para que a sociedade valorize os profissionais de sa�de, sobretudo aqueles que est�o na linha de frente no atendimento aos pacientes. “Acho que o Lucas deixou um exemplo, ele como m�dico. Em primeiro lugar temos que falar da import�ncia dos profissionais de sa�de neste momento. Eles est�o honrando o juramento que prestaram, se dedicando a salvar vidas e arriscando a pr�pria vida para salvar outras. O Lucas � um exemplo. Deixa esse legado que os profissionais da sa�de merecem todo o respeito da sociedade.”

Para Gabriela, o que fica � o legado de um grande m�dico, irm�o, filho, pai e marido, que prezava, acima de tudo, pelo bem-estar de todos, sobretudo dos pacientes, de quem adorava ouvir hist�rias no consult�rio. “Um legado de um grande homem que ele foi. Por muito pouco tempo, infelizmente, mas ele foi um grande m�dico, que atendia com muito carinho. Sentava no banco do consult�rio para conversar com os pacientes. Gostava de saber hist�rias. Doava o tempo dele. Ele fazia por amor, at� porque n�o deu tempo de ganhar dinheiro. Ele amava o que ele fazia. At� escreveu que “faria tudo de novo”, que realmente ele amava tudo o que fazia. O que as pessoas em geral v�o lembrar dele � isso: um homem que acreditava em Deus. Para n�s da fam�lia ele era um excelente irm�o, um excelente filho, s� deu alegrias para gente. S� alegrias”, afirmou. 

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 


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