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Estado de Minas

Educa��o a dist�ncia avan�a no ensino superior do Brasil

Custo mais baixo e possibilidade de conciliar trabalho e estudo puxam matr�culas em curso remoto, que superam as do presencial. Pandemia acelera mudan�a


23/08/2020 04:00 - atualizado 22/08/2020 20:11

"Vamos caminhar para o fim da dicotomia entre o presencial e a EAD e falar em educa��o mediada por tecnologia de formas variadas: presencial com disciplinas on-line, 100% on-line, algumas aulas remotas"

Celso Niskier, diretor-presidente da Abmes

O ensino superior a dist�ncia no Brasil ganhou for�a nos �ltimos anos e, desde o ano passado, solidificou terreno. O n�mero de novas matr�culas na modalidade remota ultrapassou aquelas do presencial, aponta levantamento da Associa��o Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights. A representante do setor privado no pa�s aponta o mesmo cen�rio em Minas Gerais, que, em 2018, �ltimo dado dispon�vel, registrou redu��o de 3,1% na quantidade de alunos que assistem �s aulas diante da lousa e aumento de 15,6% no total daqueles que optam por se formar pela tela do computador. 

Os n�meros oficiais de 2019 ser�o confirmados pelo Censo de Educa��o Superior, previsto para ser divulgado pelo Minist�rio da Educa��o (MEC) no segundo semestre. Em no m�ximo dois anos, a expectativa � de que a educa��o a dist�ncia seja respons�vel pela maior parte dos universit�rios do pa�s. E esse caminho se consolida ainda mais no cen�rio da pandemia. Semana passada, o MEC prorrogou at� 31 de dezembro a autoriza��o para que o ensino presencial seja substitu�do pelas aulas remotas por meios tecnol�gicos e digitais.

A estimativa da Abmes � de que em 2019 o n�mero de novas matr�culas em EAD tenha ficado em cerca de 1,66 milh�o, contra 1,48 milh�o da modalidade presencial. Para fazer a proje��o, o estudo desenvolveu uma metodologia baseada em hist�ricos recentes para projetar o mercado de educa��o superior no curto, m�dio e longo prazos. Foram consideradas as varia��es dos indicadores acima descritos entre os anos de 2014 e 2015, que apresentaram aumento de taxa de desemprego, e entre os anos de 2017 e 2018, que registraram queda na taxa de desemprego no curto prazo.

O dom�nio da EAD j� estava no radar, sendo previsto anteriormente para 2023. Mas a pandemia do novo coronav�rus, com suas consequ�ncias sociais e econ�micas, ter� papel decisivo tamb�m no ensino superior. � o que mostra a terceira etapa da pesquisa “Coronav�rus e educa��o superior: o que pensam os alunos e perspectivas”, que mede os impactos da pandemia da COVID-19 nesse ciclo da educa��o.

O agravamento da situa��o econ�mica, com a queda do �ndice de emprego e renda da popula��o brasileira, vem provocando um crescimento exponencial da EAD, que tem mensalidades bem mais acess�veis, al�m de maior flexibilidade para conciliar trabalho e estudo. Outro fator, tamb�m em virtude da pandemia, � o aumento da oferta de cursos de gradua��o 100% on-line ou h�bridos (parte � feita virtualmente), considerado, mesmo em atraso, um caminho sem volta.

O diretor-presidente da Abmes, Celso Niskier, afirma que a recomenda��o no pr�prio presencial � as institui��es usarem os 40% permitidos pela legisla��o (de aulas on-line) para que possam ter oferta mais h�brida dentro do pr�prio presencial.  “Vamos caminhar para o fim da dicotomia entre o presencial e a EAD e vamos falar em educa��o mediada por tecnologia das formas mais variadas: um presencial com disciplinas on-line, um 100% on-line, algumas aulas remotas. A cultura da educa��o superior se preparou para esse modelo h�brido, que na nossa avalia��o � o que melhor atende � distribui��o socio-econ�mica e geogr�fica do Brasil”, relata.

IMPACTOS DA PANDEMIA 
De acordo com a pesquisa, que ouviu 1.607 pessoas, o risco de desistir da gradua��o assombra 42% dos estudantes. Outros 4% acreditam que provavelmente desistir�o e 2% afirmaram desistir por causa do cen�rio atual. Entre esses, 60% perderam o emprego. J� 52% dizem continuar os estudos independentemente da situa��o.

A autoriza��o permitindo a substitui��o do ensino presencial pelo remoto at� o fim do ano foi publicada no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU) de 24 de junho, por meio da Portaria 544, do MEC. Ela regulamenta ainda a realiza��o de atividades pr�ticas e laboratoriais e a oferta de est�gios das institui��es de ensino superior enquanto durar a pandemia do Covid-19.

O texto orienta que os estabelecimentos de ensino superior ficam respons�veis por definir as adapta��es dos curr�culos para a oferta de disciplinas pr�ticas, tanto em laborat�rio quanto no est�gio profissional, respeitando as Diretrizes Nacionais Curriculares. As altera��es curriculares devem ser comunicadas ao MEC em at� 15 dias.

A edi��o da portaria colabora para que as institui��es de ensino superior possam efetivar os planos pedag�gicos de ensino h�brido e implantar inova��es educacionais e tecnol�gicas. Gradua��es que tenham a previs�o de atividades pr�ticas por meios digitais no projeto pedag�gico do curso ser�o as primeiras a ter permiss�o para ofertas. As demais precisam atualizar os projetos e submet�-los � aprova��o para disponibilizar as disciplinas.

"O que se apresenta como cen�rio de agora em diante � a hibridiza��o da experi�ncia do aluno, com parte no c�mpus f�sico e no calor do contato afetivo com colegas e professores, e outra pelas mais diversas tecnologias"

Fl�vio Souza professor e assessor da dire��o da Faculdade Arnaldo, em Belo Horizonte



Tr�s perguntas para...

Fl�vio Souza
professor e assessor da dire��o da Faculdade Arnaldo, em Belo Horizonte

Na Faculdade Arnaldo, o n�mero de novas matr�culas na modalidade EAD em 2019 ou este ano ultrapassou o de entrada no presencial?
Ainda temos uma propor��o de matriculados em EAD um pouco abaixo da m�dia nacional e o n�mero de matriculados no ensino presencial segue sendo maior. Mas j� prevemos uma mudan�a de cen�rio para os pr�ximos dois anos.

Como a Faculdade Arnaldo imagina o cen�rio daqui pra frente?
Acreditamos que seja severamente diminu�da tanto a oferta do tradicional ensino presencial, em que o aluno frequenta todas as atividades letivas num espa�o f�sico determinado ao longo de uma jornada, quanto o que se entendia at� ent�o como EAD, praticamente a transposi��o para uma plataforma digital da experi�ncia que o aluno teria se estivesse presencialmente. Surgir� um novo conceito de experi�ncia de aprendizagem, muito mais personalizada, constitu�do de jornadas interativas, com o uso mais inteligente da tecnologia. Esse processo j� estava instalado e muitas boas institui��es j� estavam e est�o no caminho. A COVID-19, de alguma maneira, fez acelerar esse processo e at� expor � luz certas defici�ncias que precisam ser superadas.

O caminho do EAD � sem volta? Como ser� o futuro da educa��o no ensino superior?
O n�mero das matr�culas em EAD ainda deve crescer bastante, mas n�o a ponto de inviabilizar a educa��o presencial. Nos pr�ximos tr�s ou quatro anos, esses n�meros devem se estabilizar. Por outro lado, a pandemia trouxe um componente catalisador, quando o assunto � educa��o. De forma alguma, especialmente no ensino superior, ela se consolidar� dessa maneira como vem sendo ofertada nesses tempos de exce��o. O que estamos fazendo agora � oferecer uma assist�ncia remota pelos meios legais de tecnologia de informa��o e comunica��o. Mas, esse movimento fez a educa��o no ensino superior se despertar para as in�meras possibilidades embarcadas no bom uso da tecnologia. E, para nossa grande surpresa, n�o houve rejei��o massiva nem por parte dos alunos, nem dos docentes. O que se apresenta como cen�rio de agora em diante � uma hibridiza��o da experi�ncia do aluno, com parte no c�mpus f�sico e no calor do contato afetivo com colegas e professores, e outra pelas mais diversas tecnologias, que v�o desde a simples transmiss�o ao vivo de uma aula at� uma visita guiada em realidade aumentada no Museu do Louvre, ou uma simula��o de cirurgia card�aca feita por intelig�ncia artificial, recebendo comandos de um aluno a quil�metros de dist�ncia do laborat�rio “real”. A fronteira entre o real e o virtual tende a ficar, cada dia, mais t�nue. � preciso contato humano, social, trocas presenciais, afetos. Da mesma forma que a tecnologia poder� permitir uma flexibiliza��o do curr�culo, facilitar escolhas que antes n�o eram poss�veis e tornar sonhos alcan��veis. Teremos quest�es �ticas, filos�ficas a serem debatidas. Mas esse cen�rio n�o � para amanh�. Ele j� ocorre hoje, em muitas partes do mundo.


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