Moradores de 13 comunidades ao redor do complexo miner�rio da Anglo American em Concei��o do Mato Dentro, no Centro-Oeste de Minas Gerais, ocuparam a MG-10 na manh� desta ter�a-feira (25) para cobrar a contrata��o de assessorias t�cnicas para apoiar as comunidades.
O servi�o serve justamente para equilibrar as negocia��es entre as empresas e os atingidos, a partir da admiss�o de profissionais como advogados, engenheiros e bi�logos para defender os interesses das comunidades.
Atualmente, quatro das 13 localidades ao redor da minera��o recebem o apoio do N�cleo de Assessoria �s Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab): Turco, Cabeceira do Turco, Beco e Sapo.
Al�m da renova��o desses contratos, os moradores reivindicam que o mesmo servi�o se estenda a outros nove distritos: �gua Quente, C�rregos, Gond�, Itapanhoacanga, Passa Sete, S�o Jos� do Jassem, S�o Jos� do Arruda, S�o Jose da Ilha e Taporoco.
Toda a pol�mica gira em torno do dique 4 do complexo miner�rio da Anglo American em Concei��o do Mato Dentro.
"Falta �gua para os moradores com frequ�ncia e tem muito barulho aqui, por causa das explos�es. Sofremos com a poeira tamb�m. A mineradora nos ofereceu um PNO (Plano de Negocia��o Opcional), que n�o nos trata como atingidos. Ele (o documento) n�o atende aos nossos interesses. Queremos, al�m das assessorias, um di�logo sobre essa pauta coletiva constru�da pelos moradores", explica Jair Domingos Sim�es Filho, morador de S�o Sebasti�o do Bom Sucesso, distrito conhecido como Sapo.
Diante do problema, cerca de 15 moradores se reuniram na MG-10 �s 5h30 desta ter�a para impedir o acesso dos funcion�rios da Anglo ao complexo miner�rio. O protesto, acompanhando pela pol�cia, durou at� por volta das 10h30.
A manifesta��o s� cessou depois de a pol�cia intermediar negocia��es entre os moradores e a Anglo, segundo Jair Domingos Sim�es Filho, ouvido pelo Estado de Minas.

O encontro havia sido marcado para 15 minutos ap�s a intermedia��o da pol�cia. Os moradores contam que aguardaram por cerca de 40 minutos, mas ningu�m da Anglo American compareceu ao local.
Uma certid�o de comparecimento foi assinada pelo ouvidor-geral Pedro Guimar�es Lima para comprovar que os moradores estiveram na C�mara, por�m n�o se reuniram com executivos da Anglo American.
Outro lado
Procurada, a Anglo American informou que "reconhece o direito da comunidade de se manifestar e segue aberta ao di�logo". A mineradora confirmou que ofereceu o seu escrit�rio para realiza��o da reuni�o, assim como explicado pelos moradores, mas esclareceu que n�o recebeu convite para comparecer � agenda na C�mara de Concei��o do Mato Dentro.
Sobre as assessorias t�cnicas, a companhia informou "que � a favor da institui��o" do servi�o para garantir a participa��o informada dessas comunidades nos planos, programas e a��es da empresa".
E acrescentou que "a renova��o do contrato em andamento depende �nica e exclusivamente de crit�rios t�cnicos e est� em discuss�o nas inst�ncias competentes".
Semad criticada
Os moradores das 13 comunidades tamb�m criticaram a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) na manifesta��o desta ter�a.
Eles denunciaram a falta de di�logo com o governo Romeu Zema (Novo).
“Eles s� atendem �s expectativas da mineradora. A gente j� pediu uma reuni�o com eles, mas nada vai pra frente. A Anglo manda protocolos pra eles (Semad), todos assinados, como se a situa��o estivesse tranquila por aqui. Mas, o governo n�o nos escuta”, reclama Jair Domingos Sim�es Filho, morador do Sapo.
Procurada, a Semad informou que a atua��o das assessorias t�cnicas em Concei��o do Mato Dentro funcionam a partir de uma institui��o gerenciadora (Funda��o Israel Pinheiro – FIP), que coordena os trabalhos executados pelo N�cleo de Assessoria �s Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab).
A pasta sustenta que o Nacab tinha seu contrato v�lido somente at� maio deste ano. O v�nculo foi prorrogado somente para que o n�cleo "complementasse informa��es que foram apresentadas de forma inconsistente".
Segundo a Semad, o Nacab "n�o cumpriu o plano de trabalho" proposto na �poca de assinatura do contrato.
Em resposta �s alega��es do governo, a Funda��o Israel Pinheiro, que gerencia os trabalhos do Nacab, segundo a Semad, "apresentou um documento com contesta��es sobre a an�lise t�cnica" dos t�cnicos do Executivo estadual.
A Semad alega, no entanto, que a funda��o "n�o apresentou complementa��o ou justificativa para a n�o realiza��o do plano de trabalho completo".
Diante disso, a FIP protocolou um novo plano de atua��o para a atua��o do Nacab. Esse documento est� em an�lise pelo Meio Ambiente estadual.
N�meros da estrutura
O dique 4, conforme o Cadastro Nacional de Barragens de Minera��o, tem um volume atual de 81 mil metros c�bicos de rejeitos de min�rio de ferro. A estrutura tem 14,6 metros de altura e foi constru�da em etapa �nica. O risco de colapso, que n�o foi informado pela comunidade, � considerado baixo.
O dique 4 � o menor dos quatro que fazem a conten��o dos sedimentos da barragem da Anglo American na cidade. A represa, de alteamento a jusante (considerado mais seguro), tem 60 milh�es de metros c�bicos de rejeito e fica �s margens da MG-10.