
Belo Horizonte vai receber um estudo pioneiro sobre m�todo de controle da dengue implementado em 12 pa�ses. A cidade � a primeira das Am�ricas a realizar o levantamento randomizado controlado (com grupos escolhidos aleatoriamente) para avaliar o impacto do M�todo Wolbachia na redu��o da incid�ncia de casos de arboviroses, doen�as transmitidas por mosquitos, como a dengue, Zika, chikungunya e febre amarela. Conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o projeto Evita Dengue ter� in�cio nos pr�ximos dias, j� com autoriza��o da Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep).
O M�todo Wolbachia � uma iniciativa do World Mosquito Program (WMP), coordenado no Brasil pela Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e que utiliza a bact�ria wolbachia para o controle desses tipos de enfermidades. A wolbachia � um microorganismo intracelular encontrado em 60% dos insetos da natureza, mas que n�o estava presente no Aedes aegypti, e foi introduzida por pesquisadores do WMP.
Quando aplicada no Aedes aegypti, a bact�ria impossibilita que os v�rus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, o que ajuda a reduzir a incid�ncias dessas doen�as. N�o existe modifica��o gen�tica neste processo. A ideia � liberar no ambiente o Aedes aegypti com wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais, a fim de permitir a gera��o de uma nova popula��o destes mosquitos, todos com o microrganismo.
O projeto Evita Dengue est� previsto para acontecer em todas as regionais da capital mineira. O mecanismo da pesquisa se baseia na participa��o de 60 crian�as, entre 6 e 11 anos, matriculadas em 58 escolas p�blicas municipais de BH. As regi�es onde est�o 29 dessas escolas v�o receber a libera��o do mosquito com wolbachia em um primeiro momento. As regi�es das demais escolas receber�o a libera��o de mosquitos Aedes com wolbachia ap�s a valida��o dos testes.
Com a devida autoriza��o dos respons�veis e o necess�rio consentimento das crian�as, ser� colhida uma pequena amostra de sangue, para avaliar se elas tiveram contato com o v�rus da dengue, Zika ou chikungunya, tudo de maneira sigilosa, sem identificar os alunos.
Um estudo semelhante ao que ser� realizado em Belo Horizonte foi conduzido pelo World Mosquito Program, em parceria com a Tahija Foundation e Universidade Gadjah Mada, na Indon�sia. Nesta quarta-feira, a organiza��o internacional divulgou os primeiros resultados, que apontam redu��o de 77% na incid�ncia de casos de dengue, virologicamente confirmados, nas �reas onde houve libera��o de Aedes aegypti com wolbachia, em Yogyakarta, na Indon�sia.
No Brasil, o m�todo � conduzido pela Fiocruz, em parceria com o Minist�rio da Sa�de, com apoio de governos locais. As a��es come�aram no Rio de Janeiro e em Niter�i, em uma �rea que abrange 1,3 milh�es de habitantes. Em Niter�i, dados preliminares indicam redu��o de 75% dos casos de chikungunya nas �reas que receberam os Aedes aegypti com wolbachia, quando comparado com as localidades que n�o receberam.
Al�m de Belo Horizonte, agora o projeto � ampliado para Campo Grande e Petrolina. Antes de come�ar em BH, ser� realizado um experimento piloto. A expectativa � que a libera��o dos mosquitos com wolbachia seja iniciada ainda neste ano.
Professor do Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB), o m�dico Mauro Teixeira � quem coordena a pesquisa, uma colabora��o cient�fica entre a UFMG e a Universidade de Emory, a Universidade Yale e a Universidade da Fl�rida.