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Estado de Minas MEIO AMBIENTE

Rio Paraopeba sofre hoje mais com esgotos do que com efeitos do rompimento

Estudo realizado pela UFRJ mostra que o Rio Paraopeba recebe mais polui��o de esgotos do que de res�duos do rompimento da barragem de Brumadinho, como metais pesados e minerais


01/10/2020 11:34 - atualizado 01/10/2020 17:53

Águas do Rio Paraopeba na altura da Cachoeira do Choro, em Curvelo: turbidez só aumenta nas chuvas(foto: Divulgação/Vale)
�guas do Rio Paraopeba na altura da Cachoeira do Choro, em Curvelo: turbidez s� aumenta nas chuvas (foto: Divulga��o/Vale)
Os descartes de esgotos e a degrada��o provenientes de atividades agr�colas predat�rias lan�am mais poluentes no Rio Paraopeba do que os metais pesados e minerais que podem ser relacionados com os rejeitos do rompimento da Barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho. Essa � uma das constata��es de um levantamento feito sobre o manancial desde abril de 2019 pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de P�s-Gradua��o e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ, por encomenda da Vale (confira tabela no final).

Os levantamentos feitos em 28 pontos do rio mostram que "o Rio Paraopeba d� sinais de recupera��o � sua condi��o anterior ao rompimento". De acordo com uma das respons�veis pela pesquisa, a professora Fabiana Val�ria da Fonseca, da Escola de Qu�mica da UFRJ, mais de 150 pessoas se envolveram nas atividades, inclusive com quatro coletas de campo realizadas de abril de 2019 a mar�o deste ano.

"� um estudo independente, em per�odos de seca e de chuva, em que monitoramos todos os par�metros de qualidade da �gua para verificar o enquadramento nas normas estaduais e federais", afirma a professora.

Uma das conclus�es do estudo � que nas �reas urbanas e espa�os rurais de intensa produ��o agr�cola ocorrem altas concentra��es de f�sforo, sulfetos e nitratos provenientes dos res�duos dessas atividades. Com isso, o rio voltaria ao enquadramento de classe 2, antes do rompimento, quando era poss�vel o abastecimento para consumo humano, ap�s tratamento convencional, recrea��o de contato prim�rio, como nata��o e mergulho, a irriga��o de hortali�as, plantas frut�feras, parques, jardins, aquicultura e atividade de pesca.

Em maio de 2020, um levantamento do Instituto Mineiro da Gest�o das �guas (IGAM) mostrou que as concentra��es de mangan�s, ferro e alum�nio continuavam acima dos limites. Por outro lado, os metais pesados, extremamente prejudiciais ao homem e ao meio ambiente, e a turbidez, que � a quantidade de part�culas que deixam as �guas turvas, estavam satisfat�rios.

Atuealmente a Cachoeira do Choro não está apta a pesca e natação até que o Rio Paraopeba seja reconhecido como classe 2(foto: Divulgação/Vale)
Atuealmente a Cachoeira do Choro n�o est� apta a pesca e nata��o at� que o Rio Paraopeba seja reconhecido como classe 2 (foto: Divulga��o/Vale)
Os nitratos estiveram acima dos �ndices da legisla��o, de 10 MG/L, em 12 pontos, identificados apenas na terceira coletagem, em seca, estando abaixo nas demais. "Muitos dos pontos (acima do permitido) est�o situados em �reas de planta��o agr�cola, indicando poss�vel presen�a de fertilizantes, al�m da possibilidade de despejos de efluentes urbanos, que promovem o descarte de nitrog�nio amoniacal, cuja convers�o � nitrato ocorre naturalmente", aponta o estudo.

O limite de 0,02 mg/L de concentra��es de f�sforo foi excedido em um ponto na primeira amostragem, sob chuva, sete na segunda, 11 na terceira e 17 na quarta campanha, tamb�m sob precipita��o. "Foi poss�vel observar aumento gradual na concentra��o de f�sforo total ao longo das quatro coletas. Esse resultado pode estar relacionado a efluentes urbanos e a lixivia��o de f�sforo a partir de planta��es agr�colas suplementadas com fertilizantes", indica o levanmtamento da UFRJ. "A concentra��o elevada de sulfeto em 17 amostras da quarta coleta refor�am essa avalia��o por serem tamb�m resultado dessas atividades".

Ambientes t�xicos

Concentração de partículas que deixam a água turva só ocorre durante as chuvas(foto: Divulgação/Vale)
Concentra��o de part�culas que deixam a �gua turva s� ocorre durante as chuvas (foto: Divulga��o/Vale)
Outra grande preocupa��o � com a ecotoxicidade, que � a medi��o de pontos onde as condi��es da �gua podem trazer efeitos danosos para organismos da fauna, n�o diretamente ligados � sa�de humana. Nos trechos a partir da capta��o de Juatuba e at� a conflu�ncia com o C�rrego da Morada foram encontrados ambientes t�xicos para peixes e algas nas quatro coletas, justamento onde f�sforo e nitrato t�m altas concentra��es devido a efluentes urbanos principalmente.

Sob chuvas ou na seca a presen�a de metais como ferro, alum�nio e mangan�s dissolvidos na �gua praticamente se mant�m dentro dos par�metros exigidos pelas legisla��es ambientais. Foram identificados 21 metais e ametais no Partaopeba,m sendo que o ferro, comum na regi�o e na barragem rompida, � a part�cula mais presente em suspens�o. Durante as chuvas, h� aumento das concentra��es totais desses metais em muitos trechos.

As concentrações de metais são baixas em dissolução e aumentam em suspensão com as chuvas(foto: Divulgação/Vale)
As concentra��es de metais s�o baixas em dissolu��o e aumentam em suspens�o com as chuvas (foto: Divulga��o/Vale)
O estudo sugere que as presen�as maiores de ferro total, alum�nio total e mangan�s total sejam efeito da suspens�o dos elementos pela chuva, que podem estar no fundo e leito do rio, mas que s�o facilmente removidos por processos de tratamento de �gua convencionais, o que n�o ocorre no estado dissolvido em grandes concentra��es.

A turbidez tamb�m se mostra controlada na esta��o seca, mas ocorre na �poca de chuvas. Essa � a caracter�stica da concentra��o de part�culas em suspens�o na �gua e que pode a deixar turva acima do limite permitido de 100 UNT.

Estudo da UFRJ reuniu 150 pesquisadores e avaliou parâmetros de qualidade do Rio Paraopeba(foto: Divulgação/Vale)
Estudo da UFRJ reuniu 150 pesquisadores e avaliou par�metros de qualidade do Rio Paraopeba (foto: Divulga��o/Vale)
"Dados obtidos ap�s alta incid�ncia pluviom�trica mostraram uma grande eleva��o desse par�metro, variando entre 120 e 215 UNT para os pontos antes da Barragem de Retiro Baixo (ponto m�ximo de alcance dos rejeitos do rompimento). Dados hist�ricos confirmam essa tend�ncia indicando que os valores medidos nas diferentes coletas est�o dentro do comportamento temporal da qualidade da �gua do Rio Paraopeba", conclui o estudo.


Poluentes

Confira as condi��es do Rio Paraopeba


Nitratos 
Acima dos limites de de 10 MG/L da legisla��o ambiental em 12 pontos

Cloretos e sulfatos
Abaixo do limite de 250 mg/L da legisla��o em todas as amostragens

Turbidez (part�culas em suspens�o que tornam a �gua turva)
Foram quatro pontos acima na primeira coleta no per�odo chuvoso, na terceira dois pontos e na quarta, com chuva, 19 pontos

F�sforo 
O limite de 0,02 mg/L foi excedido em um ponto na primeira amostragem, sete na segunda, 11 na terceira e 17 na quarta campanha

Merc�rio, prata e sel�nio
Dentro dos limites estabelecidos por legisla��o

Ars�nio e l�tio
Valores muito baixos em rela��o ao limite estabelecido na legisla��o

Alum�nio total
Redu��o na concentra��o deste par�metro ao longo das coletas 1 a 3 e aumento significativo na concentra��o das amostras da coleta 4

Alum�nio dissolvido
O par�metro alum�nio dissolvido estava acima do limite legislado (0,1 mg/L) em quatro pontos da coleta 1, dois na coleta 2, nenhum na  coleta 3 e tr�s pontos da coleta 4

Chumbo total
Todos os pontos analisados nas coletas 1, 2 e 3 apresentaram valores de chumbo total abaixo do estabelecido na legisla��o, 0,01 mg/L. Na quarta campanha, dois pontos estiveram acima do limite da legisla��o

Cobre dissolvido
Na primeira coleta eram 22 pontos acima do limite. Na segunda, terceira e quarta coletas apenas um ponto do rio tinha concetra��o alta de cobre em cada uma desses oportunidades

Ferro dissolvido
Na primeira coleta, o par�metro ferro dissolvido apresentou valores acima da legisla��o (0,3 mg/L) para tr�s pontos. Na segunda campanha foram tr�s, na terceira e quarta campanhas todos os pontos de amostragem estiveram abaixo deste limite

Mangan�s total
Mangan�s total esteve alto em 19 pontos na primeira coleta, sete na segunda, tr�s na terceira e 18 na quarta (influencia das chuvas por ser material em suspens�o e n�o dissolvido)

Mangan�s dissolvido
Presen�a de dois par�metros acima na primeira coleta e um na quarta

Merc�rio, n�quel, cloreto, fluoreto e cianeto
Estiveram abaixo do limite estabelecido pela legisla��o nos pontos de amostragem considerados

Fonte: UFRJ 


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