Calor�o pressiona sistema e exige consci�ncia no uso da �gua na Grande BH

Mesmo com o tempo seco e as altas temperaturas, os reservat�rios de �gua que abastecem Belo Horizonte e regi�o metropolitana est�o com capacidade suficiente para suprir a demanda dos moradores at� o segundo semestre do ano que vem, afirma a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Entretanto, a empresa alerta para a necessidade de consumo consciente, j� que, nas �ltimas tr�s semanas, teve at� que aumentar a produ��o em 15% para dar conta da eleva��o da demanda decorrente do forte calor na capital mineira. Alguns bairros sofrem faltas d'�gua classificada como “pontuais” pela companhia.

Apesar de as obras para permitir a capta��o no Rio Paraopeba, apontada pela empresa como “fundamental para a seguran�a h�drica da RMBH”, ainda n�o terem sido conclu�das, a sufici�ncia na oferta de �gua para esse per�odo de seca p�de ser garantida devido �s chuvas do in�cio do ano, que quebraram recordes e reduziram riscos de desabastecimento na Grande BH neste per�odo de calor. Houve ainda refor�o por meio de “manobras e solu��es operacionais”.

 

"Por enquanto, somos reflexo de chuvas que ocorreram at� abril e maio. Tivemos ac�mulo de chuvas de 1.600 mil�metros. A m�dia hist�rica � de 1.500 mil�metros. Superamos a meta de percep��o, que nos manteve em situa��o favor�vel para lidar com os tempos secos de agora", explicou o superintendente da Unidade de Neg�cio Metropolitana, S�rgio Neves Pacheco.

Segundo Pacheco,  os reservat�rios abastecem a cidade at� o segundo semestre de 2020. Ontem, Rio Manso operava com 80% de sua capacidade, Serra Azul com 89% e Vargem das Flores, 71,9%. "Esses �ndices s�o suficientes mesmo que n�o haja chuvas abundantes", afirma Pacheco. J� o Sistema Paraopeba como um todo – composto pelos tr�s reservat�rios, que fornecem �gua para cerca de 3,5 milh�es de pessoas da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) – est� com 81,7% da capacidade.

Por meio de nota, a Copasa disse “lamentar o n�o cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pela Vale junto ao Minist�rio P�blico do Estado de Minas, cujo prazo findou em 30 de setembro”, para a execu��o da obra. Informou ainda que acompanhou os trabalhos desde o seu in�cio, e que “em todos os momentos em que fatos alheios � vontade da mineradora em dar cabo do que lhe foi imposto interferiram no fiel cumprimento de cronograma previamente acordado e firmado, t�cnicos da Copasa contribu�ram com expertise e solu��es t�cnicas para dar maior celeridade ao processo".

 

Independentemente disso,  informa o texto, a “companhia, utilizando manobras e solu��es operacionais, garantiu que o atual n�vel de reserva��o em seus sistemas desse a seguran�a necess�ria ”. O termo a que a Copasa se refere foi firmado ap�s o rompimento da barragem B1 da Vale, em Brumadinho, em janeiro de 2019, que impediu a capta��o no rio.

Tamb�m por meio de nota, a Vale informou que “fatores externos” impediram o in�cio da fase de comissionamento e testes que estava prevista para o fim do m�s do passado. Entre eles, citou “restri��es de seguran�a impostas pela pandemia da COVID-19, medidas restritivas decretadas pelo poder p�blico municipal e outros �rg�os p�blicos, demora na obten��o de autoriza��o judicial para ingresso nas �reas necess�rias � implanta��o do projeto e a ocorr�ncia de intensas chuvas na regi�o entre dezembro de 2019 e mar�o de 2020, muito acima da m�dia prevista para o per�odo”.

Ainda segundo o texto, a fase de comissionamento e testes dever� ser iniciada em dezembro, com vaz�o inicial de 1.000 litros por segundo (l/s) sendo aumentada gradualmente ao longo do m�s de janeiro de 2021, at� atingir a vaz�o nominal de 5.000l/s. “Paralelamente, a Vale implementou um conjunto de a��es emergenciais para contribuir com o abastecimento de �gua pela Copasa e fortalecer o sistema h�drico que atende � Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, como a reativa��o de grandes po�os no Vetor Norte e a interliga��o dos sistemas Velhas e Paraopeba”, diz ainda a nota.

Demanda at�pica

A Copasa destaca, tamb�m, a participa��o dos clientes que aderiram ao conceito de consumo essencial e consciente. Mas lembra que a press�o da demanda � alta neste momento. "Estamos nos deparando com um consumo at�pico. Isso porque, por muitas vezes, o calor permanece por no m�ximo uma semana intensa. Agora, estamos na terceira semana e ainda podemos bater novos recordes de calor, com clima similar ao de deserto. O sistema fica sobrecarregado e, em alguns pontos, apresenta um abastecimento irregular. Principalmente, nos pontos mais altos da cidade", disse.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), para os pr�ximos dias a tend�ncia � de eleva��o gradual das temperaturas. H� chances de novos recordes de calor para o fim de semana. As chuvas s� devem dar as caras no fim do feriad�o de 12 de outubro.

"O aumento do consumo � natural. Mas � importante se conscientizar", destacou Pacheco. O superintendente sugere que moradores n�o lavem cal�adas com mangueiras e, se poss�vel, deixem para depois a limpeza de carros, entre outras medidas (confira quadro). “S�o atitudes f�ceis no dia a dia que contribuem muito para o bem-estar de toda a popula��o”, disse.

Liga��es clandestinas

As liga��es clandestinas para desviar o curso de �gua que passa pela rede subterr�nea da Copasa est�o entre os fatores apontados pela estatal como causas da perda do recurso e sobrecarga da rede. "� expressivo o impacto dos pontos irregulares, que correspondem a 25% das nossas perdas anualmente. O desperd�cio � muito grande", acrescentou Pacheco.

De acordo com a empresa, essas liga��es promovem um desequil�brio na din�mica do sistema de distribui��o de �gua, uma vez que s�o feitas de forma irregular, sem nenhuma t�cnica ou mecanismo de controle e regula��o. Isso gera intermit�ncia e desestabiliza��o no fornecimento de �gua. Bairros de Ribeir�o das Neves e de Esmeraldas enfrentam dificuldades devido a esse tipo de problema atualmente, de acordo com a companhia.

No fim da semana passado, o Estado de Minas mostrou a ang�stia de moradores dessas �reas. Um morador do bairro Floresta Encantada, em Esmeraldas, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que a falta  de �gua pela Copasa � cotidiana. Segundo ele, a rede de abastecimento � obsoleta e n�o atende mais � quantidade de casas constru�das no bairro. “J� fizemos manifesta��es, reclama��es na Copasa, mas n�o adianta. Estamos em uma fila de espera que parece ser eterna”, disse microempreendedor Ralpho Seraphim.

Tamb�m moradora do bairro, a t�cnica de enfermagem Viviane Teixeira afirmou que costuma passar noites vigiando os encanamentos por onde chega a �gua da casa dela. Mesmo com falta d'�gua, moradores chegam a pagar R$ 1 mil de conta.

» N�o lave cal�adas com mangueiras e, se poss�vel, deixe para depois a limpeza de carros

» Feche a torneira quando se ensaboar no banho e/ou estiver escovando os dentes

» Se poss�vel, tome apenas um banho de at� 15 minutos

» N�o jogue fora a �gua de piscinas infl�veis. Utilize-a na limpeza do vaso sanit�rio ou em outras atividades que n�o requeiram �gua tratada

» Use um regador para molhar as plantas

» Torneira pingando � desperd�cio e aumenta a conta

» Retire o excesso de sujeira antes de lavar os pratos

» Reutilize a �gua da m�quina de lavar