
Para ser um bom professor n�o basta dominar o conte�do da li��o di�ria, mas tamb�m trabalhar a efici�ncia do m�todo para ministrar o conhecimento, seja nas salas de aula, nas bibliotecas ou no ensino pelas telinhas, turbinado pela pandemia do novo coronav�rus. Este ano tem imposto um grande desafio para os profissionais que d�o a vida para ensinar.
As medidas de isolamento social para conter a COVID-19 estamparam a necessidade de novas t�cnicas de lecionar para as quais n�o havia preparo na rede p�blica. Com isso, os mestres tiveram de se reinventar.
As medidas de isolamento social para conter a COVID-19 estamparam a necessidade de novas t�cnicas de lecionar para as quais n�o havia preparo na rede p�blica. Com isso, os mestres tiveram de se reinventar.
O ensino remoto trouxe, al�m da dificuldade de manter a aten��o dos alunos, o aperto da evas�o escolar. � o que avalia o professor de filosofia e vice-diretor da Escola Estadual Doutor Paulo Diniz Chagas, no bairro Gameleira, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, Douglas Barbosa Veloso, de 33 anos. “O fen�meno que temos visto cada vez mais � o da evas�o escolar, e este ano de pandemia potencializa isso. Na escola p�blica � mais agravante porque lida com realidades mais carentes”, afirma.
Com carreira tamb�m na advocacia e professor de escola p�blica h� sete anos, Douglas Veloso percebe que o Dia do Professor, comemorado hoje, representa a necessidade de maior valoriza��o do profissional do ensino. “� um dia que merece mais aplausos, neste ano, porque o professor teve que dar seu jeito”, disse.
E “dar o jeito” n�o tem sido f�cil. A dist�ncia dificulta o contato individual com o aluno que precisa de aten��o m�xima, sobretudo, na educa��o b�sica, aquela, que, para o professor, � incompat�vel com o chamado EaD (ensino a dist�ncia).
“A gente se viu no desafio de implementar o EaD emergencial para n�o deixar alunos totalmente desprovidos de aulas durante o ano. Tem sido muito complicado, desgastante, mas os professores t�m se dedicado muito”, diz Douglas. “A gente n�o sabe ainda como vai ser o resultado disso, a gente s� sabe que precisa fazer ser um ano produtivo”, destaca.
Professor de alunos do ensino m�dio, adolescentes de 15 a 18 anos, Douglas conta sempre buscar alternativas para envolver os estudantes no conte�do lecionado. "A escola parou no tempo de uma certa forma, seguindo o mesmo modelo de d�cadas. O grande desafio nosso hoje � fazer a escola n�o ser ultrapassada demais, fazer com que o aluno estude junto conosco, j� que eles t�m informa��es imensas e n�o sabem transformar isso em conhecimento.”
Ser essa ponte para o conhecimento � o que encanta o professor em seu of�cio. “� uma escolha. Ser professor � um projeto maior. Ensinar � algo diferente”, conta Douglas Veloso. “Ser professor � assumir um papel fundamental na sociedade. A gente consegue transformar um pouco as pessoas.”
Carisma

“Hoje em dia a gente trabalha muito e parece que as coisas ficam mecanizadas. Mas a gente est� trabalhando com o ser humano. Al�m de dar aula, estou ali para lidar com ser humano. Antes de pensar na mat�ria que eu amo, porque sempre fui apaixonada por matem�tica, tenho que ‘perceber’ o aluno”, conta.
Cl�udia Reis � professora da Escola Municipal Professor Jo�o Camilo de Oliveira Torres, no bairro Calif�rnia, Regi�o Noroeste da capital. Ela compartilha seus conhecimentos com tr�s turmas de 6º ano e uma de 8º ano, cada uma com 20 alunos, em m�dia. Na rede privada, tamb�m leciona para quatro turmas de 8º ano, com m�dia de 35 alunos cada. Por causa da pandemia, os quase 400 “filhos”, no entanto, n�o t�m tido a aten��o que merecem. “Demorou um pouco pra gente ter uma iniciativa. No final de junho para julho que foi definido. Hoje, os alunos fazem atividades e corrigimos. Claro que n�o atinge todos, infelizmente”, conta.
Diferen�as
Com viv�ncia na rede privada e p�blica, a professora � capaz de fazer uma compara��o entre os dois ensinos. “Se a escola p�blica tivesse os mesmos recursosl da escola privada seria melhor. Por l� (rede privada) tem aula on-line ao vivo e, mesmo assim, n�s gravamos porque entendemos que temos alunos bolsistas, outros que dividem o computador. Agora, o da rede municipal n�o tem essa grava��o de aula. Eles acabam perdendo muito com isso. N�o temos esse contato t�o forte”, compara.
Para tentar manter o conv�vio, ela conta que, �s vezes, conversa com os estudantes pelas redes sociais, pois, para ela, ser professora �“ser uma parte da vida dos alunos”. “� ser um pouco amiga e conselheira. N�o sou s� professora”, afirma Cl�udia Reis.
“Eu j� era professora desde cedo, antes mesmo de fazer matem�tica. Eu queria fazer estat�stica, mas um amigo falou pra fazer matem�tica porque eu sempre teria emprego. E realmente foi isso. Nunca fiquei desempregada. Quando comecei a faculdade, gostei. Na sala de aula mais ainda.”