
Na primeira fase de seus plano, o governo de S�o Paulo pretende colocar 18 milh�es de doses da CoronaVac, produzida pela farmac�utica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, � disposi��o da popula��o dentro do estado – independentemente da comprova��o de resid�ncia – e enviar 4 milh�es para os entes da Federa��o interessados. Questionada sobre essa possibilidade de acesso ao imunizante, a Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) informou que n�o h�, no momento, negocia��o com o estado vizinho sobre o assunto e disse que acompanha as diretrizes federais. Belo Horizonte tamb�m pretende seguir a vacina��o nacional, mas tem plano B, para mar�o, caso haja problemas.
A oferta da CoronaVac est� condicionada � apresenta��o dos resultados de efic�cia, o que ainda n�o ocorreu, e ao posterior registro do produto pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). O Butantan promete divulgar os dados de efic�cia at� 15 de dezembro e entrar com pedido de registro de imediato.

Na semana passada, o secret�rio de Estado de Sa�de, Carlos Eduardo Amaral, informou que a vacina desenvolvida pela Covaxx segue para a fase 3, o ensaio cl�nico. Amaral ressaltou, no entanto, que cabe ao Minist�rio da Sa�de incorpor�-la caso demonstre efic�cia e efici�ncia. Em setembro, o governo de Minas anunciou investimento de cerca de R$ 30 milh�es para o desenvolvimento de estudo cl�nico, conduzidos pelo laborat�rio Diagn�sticos da Am�rica (Dasa) para validar a vacina UB-1612 elaborada pela Covaxx. A previs�o � de que o protocolo de testes seja submetido � Anvisa em dezembro.
Belo Horizonte
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, que integra o comit� cient�fico que aconselha o prefeito Alexandre Kalil (PSD), informou que a capital mineira conseguir� contornar eventuais dificuldades pelo governo Bolsonaro. "Belo Horizonte vai fazer um plano B caso o governo federal n�o consiga disponibilizar a vacina ou at� mesmo demore. O plano A � o governo federal com Plano Nacional de Imuniza��es, mas temos o plano B. Belo Horizonte n�o sofrer� esse problema. Estamos torcendo para que mar�o a gente j� tenha essa vacina, seja ela pelo governo federal, seja adquirida pelo governo municipal", disse. O prefeito Kalil informou que j� chegaram 1 milh�o das 2 milh�es de seringas adquiridas pelo governo municipal para a empreitada.
A Prefeitura de Belo Horizonte confirmou que entrou em contato com o Instituto Butantan, que produzir� a CoronaVac, e com o Bio-Manguinhos, parceiro da vacina de Oxford, mas aguarda a defini��o Anvisa e do Minist�rio da Sa�de para o planejamento da campanha de vacina��o contra a COVID-19. “Conforme j� dito em coletiva, a PBH tem condi��es para comprar a vacina, caso seja necess�rio, e j� adquiriu seringas para essa vacina��o especificamente”, informou
Mobiliza��o
Professor da Faculdade de Medicina da UFMG, o infectologista Una� Tupinamb�s lembra que os estados brasileiros est�o se mobilizando para comprar vacinas diferentes. Ele criticou o Minist�rio da Sa�de por n�o liderar esse processo de aquisi��o de uma vacina. “O minist�rio n�o tra�a um plano robusto de vacina��o da popula��o brasileira. Deixa de fora popula��es vulnerabilizadas. Politiza a compra de vacina, a Oxford versus CoronaVac, fragmenta o programa nacional, destr�i o Programa Nacional de Imuniza��o”, afirma. Segundo ele, se o governo federal fizesse um plano robusto acalmaria a popula��o. “Mas n�o � o que estamos vendo”, afirmou o infectologista que integra o comit� que aconselha o prefeito Alexandre Kalil.
Por sua vez, Estev�o Urbano acredita que a vacina��o no Brasil ser� heterog�nea com o risco de os estados que demorarem a definir a estrat�gia terem resultados piores. Isso porque haver� uma corrida em todo o mundo para adquirir vacinas. A maior cr�tica feita por especialistas � a falta de transpar�ncia do governo federal em rela��o aos planos da vacina��o. “BH n�o sofrer� esse problema. Em mar�o teremos a vacina”, diz.
Sobre o f�rmaco da Pfizer, que come�a a ser aplicada hoje no Reino Unido, Urbano lembra que o Brasil tem tradi��o em vacina��o e, dificilmente, optar� por esse imunizante, que requer temperaturas baix�ssimas para o armazenamento, abaixo de 70 graus Celsius negativos.
UFMG � um dos entros de testes
A CoronaVac est� em teste em 12 centros no Brasil, sendo um deles a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). M�dicos, enfermeiros, t�cnicos de enfermagem, fisioterapeutas e outros profissionais de sa�de que atuam diretamente no cuidado de pacientes infectados pelo novo coronav�rus participam dos testes. Essa � considerada uma vacina mais cl�ssica, de v�rus inativado. Pesquisadores cultivam o Sars-CoV-2 (novo coronav�rus) em laborat�rio e o inativam, matando esse v�rus. Ao ser inoculado, o corpo reage a esse v�rus morto gerando muito mais anticorpos do que c�lulas de defesa.
A universidade n�o confirma se o fato de a UFMG participar dos testes da CoronaVac assegura o fornecimento do imunizante para o estado nem divulgou em quantas pessoas a vacina foi aplicada. “O papel da UFMG na testagem das vacinas em Minas Gerais � vinculado ao seu compromisso social, como Universidade P�blica, com a pesqui- sa. Poss�veis acordos de oferta do produto para a popula��o s�o responsabilidade do Estado.
A UFMG participa como parceira cient�fica e, quanto aos testes, a responsabilidade � do Instituto Butantan (CoronaVac)”, afirmou em nota. A reportagem procurou o instituto e n�o obteve retorno at� o fechamento desta edi��o.
Expectativa e desconfian�a
Vizinhos de S�o Paulo, alguns moradores do Sul de Minas est�o ansiosos para o in�cio da vacina��o contra o novo coronav�rus, j� que o governo daquele estado promete oferecer o imunizantes tamb�m a n�o residentes. � o caso de Maria Fernanda Aguet, estudante de pedagogia paulista, que mora em Extrema, no Sul de Minas h� 5 anos. A cidade faz divisa com o estado de S�o Paulo e segue com 3.175 casos confirmados do novo coronav�rus, sendo 37 mortes confirmadas em decorr�ncia da doen�a.
Diante deste cen�rio, a estudante pretende se imunizar assim que poss�vel. Ela � casada e tem dois filhos adolescentes. “Inclusive, minha televis�o pega o sinal de S�o Paulo. Quando liberar, se Extrema ainda n�o tiver (a vacina), eu des�o pra Santos imediatamente para vacinar. Tenho uma sogra que tem comorbidades, queremos acabar logo com isso”, afirma.
Patr�cia Tampelli tamb�m mora em Extrema, mas prefere a cautela e pretende aguardar a vacina ser liberada em Minas Gerais. Mesmo tendo dois casos de COVID-19 na fam�lia.
“Meu esposo e meu filho mais velho tiveram a doen�a. S� eu e o mais novo que ainda n�o fomos infectados. Eu tenho receio de sair do meu estado e ir seguir recomenda��o de onde n�o estou acostumada. Al�m disso, tenho um p� atr�s com a quest�o da efic�cia da vacina”, diz.