
A venda da tela, no valor estimado de R$ 1 milh�o, seria em S�o Paulo, ainda sem data marcada, de acordo com o diretor-presidente do equipamento cultural, Serafim Jardim, de 85 anos. Segundo o advogado Ricardo Costa, que representa Serafim Jardim e a Casa Juscelino, ser�o tomadas todas as medidas cab�veis, recorrendo da decis�o junto ao Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG).
Conforme a Procuradoria-Geral do Munic�pio de Diamantina, que considerou a decis�o "uma vit�ria", o pedido de suspens�o do leil�o levou em considera��o as caracter�sticas hist�ricas, art�sticas e culturais do quadro retratando o diamantinense Juscelino Kubitschek de Oliveira, presidente do Brasil de 1956 a 1961, governador de Minas de 1951 a 1955 e prefeito de Belo Horizonte 1940 a 1945. Destaques na a��o tamb�m v�o para a assinatura de JK, como Juscelino era conhecido, no verso da tela, e o autor ser o c�lebre Di Cavalcanti, expoente da pintura modernista no s�culo 20.
Na A��o Cautelar Preparat�ria e Antecedente, foram citados ainda problemas relacionados � gest�o da Casa Juscelino e o fato do diretor-presidente querer vender o quadro para resolver quest�es financeiras referentes ao equipamento cultural. Na manh� de ontem, a Secretaria Municipal de Cultura promoveu uma reuni�o dos integrantes do Conselheiro Municipal do Patrim�nio Hist�rico de Diamantina para dar in�cio ao processo de tombamento do quadro, ainda prote��o individual nos �mbitos federal, estadual e municipal. O prefeito reeleito de Diamantina, Juscelino Brasiliano Roque (Democratas), explicou que tem a inten��o de municipalizar a Casa Juscelino, com gest�o da Secretaria de Cultura, convidando Serafim Jardim para continuar como diretor-presidente.
Hist�rico
A venda do quadro estimado em R$ 1 milh�o se torna o �pice de uma crise vivida pela Casa de Juscelino e acompanhada pelo Estado de Minas h� mais de dez anos - desde 7 de julho de 2010 -, quando foi publicada a primeira reportagem mostrando a situa��o de dificuldades enfrentada pela dire��o do equipamento cultural a pedindo aten��o das autoridades para a manuten��o. "Estamos com as portas fechadas desde mar�o devido � pandemia do novo coronav�rus, e com d�vidas no valor de R$ 500 mil referentes a quest�es trabalhistas, como pagamento de Fundo de Garantia, processos de funcion�rios que entraram na Justi�a e outros. Infelizmente, esse � o jeito que encontrei para quitar os d�bitos e ter recursos para, quando for poss�vel, reabrir a casa", informou Serafim Jardim, que foi amigo de Kubitschek e declara ter 60 anos de vida p�blica.
Explicando que se cercou de cuidados para garantir a venda do quadro, inclusive comunicando a decis�o ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais, Serafim Jardim disse que a tela tem uma trajet�ria iniciada em 1973, pelas m�os de Henrique Souza Lima, filho do ex-prefeito de Belo Horizonte (de 1967 a 1971), Luiz Souza Lima. "Naquele ano, Henrique ofereceu um jantar a Juscelino, em Belo Horizonte, e lhe apresentou a tela, que ganhou, no verso, a assinatura do homenageado. Tempos depois, Henrique precisou se desfazer do quadro, que foi a leil�o e arrematado, em 1996, pelo empres�rio Walduck Wanderley. Cinco anos depois, os irm�os Walduck e Saulo Wanderley e o s�cio Sinval de Moraes decidiram doar o quadro a nosso museu", afirma. Na p�gina de uma revista, ele mostra a foto da inaugura��o da tela, com a presen�a de pol�ticos e admiradores de JK, presidente do Brasil de 1956 a 1961, governador de Minas de 1951 a 1955) e prefeito de BH de 1940 a 1945.
Cobran�a
No in�cio do ano passado, Serafim Jardim tomou a dif�cil decis�o de fechar o museu, assolado pelas dificuldades financeiras. Seis meses depois, "na cara e na coragem", conforme contou ao EM, decidiu abrir novamente as portas. A maior queixa do presidente da Casa de Juscelino � quanto ao n�o cumprimento, pelo governo estadual, do repasse de recursos de acordo com a Lei 9.722/1988. "N�o recebo desde 17 de julho de 2018, quando o estado repassou R$ 140 mil. Sempre prestei conta de tudo, tenho minha consci�ncia tranquila", afirma.
Em nota, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo informa que tem dialogado internamente e com os respons�veis pela Casa JK para tentar regularizar a situa��o do espa�o. "No entanto, a Casa JK est� com presta��es de contas de repasses p�blicos em aberto, as pend�ncias vem desde de 2013 e se acumulam a cada ano, como ser�o explicitadas abaixo com detalhes t�cnicos e jur�dicos para o devido esclarecimento. Isso dificulta qualquer novo aporte".
Monumento conta a hist�ria de JK
A Casa Juscelino fica na Rua S�o Francisco, 241, no Centro Hist�rico de Diamantina. O im�vel � de propriedade do estado, com sistema de comodato de 20 anos assinado, h� tr�s anos, re�ne museu, biblioteca, espa�o de conv�vio ao ar livre e guarda parte da hist�ria de JK. Pintada de branco com janelas e portas azuis, aonde se chega subindo uma ladeira pavimentada com pedras capistranas, t�picas de Diamantina, o equipamento est� bem conservado, embora fechado devido � pandemia do novo coronav�rus. Serafim explica que JK, nascido na Rua Direita, 46, morou na casa que hoje leva seu nome dos 3 aos 19 anos.