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Estado de Minas COVID-19

Em busca da vacina brasileira, pa�s financia 11 projetos

S�o 16 candidatas a imunizante contra o coronav�rus em estudos conduzidos por centros de pesquisa de institui��es p�blicas. Fase � de ensaios pr�-cl�nicos


24/01/2021 04:00 - atualizado 24/01/2021 07:21

Laboratório de vacinas da UFMG: além de projeto desenvolvido na instituição, o CT Vacinas, ligado à universidade, desenvolve estudos para imunizante junto à Fiocruz Minas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 13/4/20 )
Laborat�rio de vacinas da UFMG: al�m de projeto desenvolvido na institui��o, o CT Vacinas, ligado � universidade, desenvolve estudos para imunizante junto � Fiocruz Minas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 13/4/20 )
A vacina��o contra a COVID-19 come�ou no Brasil mergulhada em incertezas e sem garantia de mat�ria-prima necess�ria para um pa�s de dimens�es continentais, enquanto pesquisadores da sa�de se debru�am sobre estudos ainda distantes de um sonhado imunizante nacional. O esfor�o deles renova a esperan�a dos brasileiros de vencer com independ�ncia a doen�a respirat�ria.

Na contram�o dos problemas que caracterizam o desenvolvimento cient�fico no pa�s, 11 projetos e 16 candidatas verde-amarelas � vacina contra o Sars-CoV-2 est�o em andamento, segundo balan�o do Minist�rio da Sa�de. Tr�s iniciativas t�m os p�s fincados em Minas Gerais, dentro das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Vi�osa (UFV), e no Instituto Ren� Rachou, unidade da Funda��o Oswaldo Cruz no estado, tamb�m conhecida como Fiocruz Minas.

 

A maioria dos estudos parte de projetos de pesquisa apoiados diretamente pelo Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��es (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq). H� tamb�m programas contemplados por investimentos das pastas de Ci�ncia e Tecnologia e da Sa�de, na forma de chamada p�blica, para contrata��o de pesquisas sobre COVID-19 e outras s�ndromes respirat�rias agudas graves.

 

Todos os trabalhos est�o sendo coordenados em universidades e institui��es p�blicas de pesquisa. Ainda de acordo com o relat�rio t�cnico “Monitoramento de vacinas em desenvolvimento contra o Sars-CoV-2”, elaborado pelo Minist�rio da Sa�de, os projetos est�o na fase pr�-cl�nica. Trata-se da etapa em que � identificada uma mol�cula candidata a promover a imuniza��o, antes dos estudos cl�nicos, quando passam a ser feitos os testes em humanos.

 

Logo no in�cio da dissemina��o do coronav�rus, o MCTI criou a RedeV�rus MCTI, f�rum de assessoramento cient�fico, de car�ter consultivo, para auxiliar na defini��o de diretrizes e prioridades no combate � doen�a pela pasta. Foram direcionados investimentos em pesquisas que promoveram o sequenciamento do v�rus, a produ��o de testes diagn�sticos com tecnologia nacional, o reposicionamento de f�rmacos e o desenvolvimento de vacinas contra a infec��o, bem como estudos sobre os impactos econ�micos e sociais da pandemia.

 

O centro de pesquisas em biotecnologia CT Vacinas, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), � uma das institui��es que v�m elaborando estudos nesse sentido. A pesquisa mineira utiliza vetores virais, como o v�rus da influenza, adenov�rus, entre outros, para gerar resposta imunol�gica contra o coronav�rus, sendo capaz de proteger concomitantemente contra mais de um pat�geno. A estrat�gia � semelhante � da vacina de Oxford.

 

“A t�cnica consiste em usar o v�rus da influenza como vetor vacinal. Como se trata de um v�rus que n�o se replica, ele infecta a c�lula hospedeira, mas n�o causa a doen�a. Por�m, continua gerando uma resposta imune e a produ��o de anticorpos. Com esse processo, uma das possibilidades � desenvolver uma vacina bivalente, que possa ser usada contra a influenza e contra o coronav�rus”, explica o pesquisador Ricardo Gazzinelli, coordenador do projeto.

 

Ainda em Minas Gerais, a Universidade Federal de Vi�osa (UFV) est� direcionando esfor�os para a produ��o de tr�s imunizantes. Um deles deve, em breve, entrar na fase de testes, primeiro em animais de laborat�rio. Essa vacina, chamada VLP (virus like particle, na tradu��o do ingl�s) parte do uso de tecnologias de engenharia gen�tica. Embora n�o tenham o genoma viral, essas part�culas s�o capazes de induzir a resposta imune. S�o criadas a partir das prote�nas do v�rus, mas n�o s�o infecciosas, e t�m sido usadas com sucesso em seres humanos h� mais de 40 anos para o desenvolvimento de vacinas.

 

Outras duas vacinas est�o sendo desenvolvidas pela UFV: a vacina atenuada e a de subunidade proteica. A primeira, com base na vacina da febre amarela, na qual a prote�na S (spike) do novo coronav�rus (prote�na usada pelo coronav�rus para penetrar nas c�lulas, alvo dos anticorpos) ser� inserida (em fase de constru��o g�nica), e a segunda que parte da adi��o da prote�na S do Sars-CoV-2 a um fungo (em fase de indu��o desse fungo). Todos esses projetos come�aram no fim de agosto de 2020, quando o MCTI lan�ou os editais para financiamento das pesquisas.

 

Controle e independ�ncia “O dom�nio dessas tecnologias � o pilar para o desenvolvimento cada vez mais r�pido de vacinas, de forma que possamos lidar tanto com muta��es quanto com o aparecimento de novas enfermidades de forma r�pida e segura, podendo produzir uma nova vacina em meses”, afirma S�rgio Oliveira de Paula, coordenador da pesquisa na UFMG.

 

Outra iniciativa, coordenada pelo imunologista Jorge Kalil (Instituto do Cora��o/Incor, da Universidade de S�o Paulo/USP), � tamb�m baseada em prote�nas do Sars-CoV-2, colocando-as em nanopart�culas ou usando uma plataforma VLP. A ideia � desenvolver uma vers�o nasal da vacina, em vez de intramuscular, que seja a definitiva contra a doen�a, pois possibilitar� a produ��o de diferentes anticorpos, com baixa incid�ncia de rea��es adversas em vacinas desse tipo.

 

“Estudamos a resposta de anticorpo e celular de mais de 200 pessoas que tiveram a doen�a e selecionamos os melhores alvos que desencadeiam uma resposta [imune] eficaz contra esses fragmentos virais, que chamamos de pept�deos. H� peda�os da spike tamb�m”, explica Kalil, que chefia o Laborat�rio de Imunologia do Incor/USP e lidera a pesquisa.

 

A Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto da USP tamb�m desenvolve um projeto apoiado pelo MCTI, coordenado pelo professor e especialista em imunobiol�gicos Celio Lopes Silva junto � empresa de biotecnologia Farmacore, ainda em parceria com a PDS Biotechnology Corporation. A vacina utiliza prote�nas do pr�prio coronav�rus que ativam o sistema imunol�gico e funciona em associa��o com um sistema que garante a entrega dos ant�genos �s c�lulas certas. Os resultados dos estudos n�o cl�nicos (toxicidade e imunogenicidade) demonstram qualidade e competitividade para ser um produto importante, nacional e global, no controle da doen�a. A vacina mostrou capacidade de ativar todo o sistema imunol�gico (imunidade humoral, celular e inata), induzir mem�ria imunol�gica e prote��o de longo prazo.

 

Denominada Versamune-CoV-2FC, a vacina acaba de receber o apoio da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) para submeter a documenta��o dos ensaios n�o cl�nicos para an�lise inicial, e posterior submiss�o do protocolo para o ensaio cl�nico. “� responsabilidade da comunidade cient�fica ser flex�vel e garantir que estamos priorizando a vacina com maior potencial cl�nico. Estamos entusiasmados em continuar os estudos  na luta contra essa pandemia”, diz Helena Faccioli, presidente da Farmacore.

 

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

'Os laborat�rios n�o conseguem agir com velocidade sem investimento perene e constante'

Fl�vio da Fonseca, virologista do CT Vacinas

 

Brasil ficou vulner�vel

 

Para o virologista do CT Vacinas Fl�vio da Fonseca, est� clara a import�ncia estrat�gica do desenvolvimento de uma vacina nacionalizada. Em sua avalia��o, o Brasil adotou pol�tica externa que n�o � bem-vista aos olhos dos principais fornecedores de vacinas no mundo, e agora depende de outros pa�ses, como a China e a �ndia, para conseguir insumos. “Nossa campanha de vacina��o acabou de come�ar e corre o risco de ser paralisada porque n�o h� n�mero de doses suficientes. Vamos acabar dependendo de importa��o e isso coloca o Brasil em uma posi��o extremamente vulner�vel. A quest�o da depend�ncia da importa��o ficou muito clara”, diz.

 

O pesquisador lembra que isso aconteceu em 2020 em rela��o a kits de diagn�stico, e agora com as vacinas, em uma escala grave. Outro aspecto levantado pelo virologista, do ponto de vista t�cnico, � que, se surgirem no pa�s novas variantes do v�rus que poderiam n�o ser suscet�veis �s vacinas dos parceiros estrangeiros, a produ��o nacional de componentes contra essas poss�veis variantes ser� ainda mais urgente. Isso porque, se forem vers�es dos v�rus que aparecerem apenas no Brasil, n�o seria de interesse de outras na��es atuar nesse sentido.

 

Esse cen�rio, acrescenta Fl�vio da Fonseca, traz � tona uma discuss�o importante. “Os pa�ses que desenvolveram vacinas est�o com os imunizantes em testes cl�nicos em seres humanos prontas para ser licenciadas t�m tradi��o de investimento em ci�ncia. Por aqui, isso at� aconteceu um pouco no ano passado, mas quando a pandemia j� era severa. N�o adianta s� disponibilizar o dinheiro. Os laborat�rios j� vinham sucateados, pesquisadores desanimados, estudantes indo para o exterior. Os laborat�rios n�o conseguem agir com velocidade se n�o houver um investimento pregresso, perene e constante”, pontua.

 


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