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Estado de Minas DESASTRE DE BRUMADINHO

'Nosso compromisso � jamais esquecer Brumadinho', diz diretor da Vale

No comando das a��es de compensa��o pelo desastre de Brumadinho, Marcelo Klein aposta em entendimento com o Estado e no di�logo com comunidade


24/01/2021 04:00 - atualizado 24/01/2021 07:17

(foto: Alain Dhome/Esp. EM - 17/6/19 )
(foto: Alain Dhome/Esp. EM - 17/6/19 )
J� se passaram dois anos e as chagas est�o abertas: n�o cicatrizou a terra que recebeu a montanha de rejeitos de min�rio, n�o se fecharam as feridas no cora��o de quem perdeu parentes, amigos, colegas de trabalho nem se apagaram as amargas lembran�as na cabe�a dos sobreviventes da trag�dia que se abateu sobre Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, e degradou a bacia do Rio Paraopeba.

V�timas da cat�strofe socioambiental, parentes das v�timas e moradores da regi�o onde a barragem B1 da Mina C�rrego do Feij�o se rompeu em 25 de janeiro de 2019, deixando 270 mortos, exp�em sua preocupa��o quanto a suas vidas e �s diretrizes da Vale, dona do empreendimento, creditando a ang�stia, em grande parte, � falta de transpar�ncia e de informa��es por parte da mineradora. Qual ser� o futuro?

Nesta entrevista, o diretor da Repara��o e Desenvolvimento da empresa, Marcelo Klein, fala sobre as a��es da empresa e diz acreditar que o acordo de compensa��o ao Estado ser� finalizado, resultando “em importantes avan�os n�o apenas em toda a �rea afetada pelo rompimento como em diversas outras regi�es do estado, pelo bem da popula��o mineira”.

 

'Nosso compromisso � jamais esquecer Brumadinho, sermos transparentes e trabalhar constantemente a escuta ativa'

 

 

Passados dois anos do rompimento da barragem B1 da Mina C�rrego do feij�o, em Brumadinho, qual a explica��o, curta e direta, da Vale, aos mineiros?

Abro esta conversa refor�ando que a Vale reconhece, desde o dia do rompimento, nossa responsabilidade pelos danos causados e pela repara��o integral das comunidades atingidas. Ao mesmo tempo em que reitero mais uma vez nosso pesar e pedido p�blico de desculpas, este � um momento oportuno de olhar tanto para tr�s, prestando satisfa��o a toda a sociedade sobre as obriga��es de repara��o e compensa��o que cumprimos, quanto para a frente, apresentando o que faremos pelo resgate da dignidade econ�mica, social e emocional das pessoas e comunidades de alguma forma impactadas.

Como j� disse outras vezes, as a��es de repara��o em Brumadinho t�m nos ensinado muito. S� promoveremos uma repara��o ampla, justa e c�lere, se conseguirmos contemplar os principais anseios das pessoas e das comunidades. Muitas vezes eles s�o difusos e at� conflitantes entre si, mas � nosso dever ouvi-los humildemente e achar as melhores solu��es para todos. Para isso, buscamos atuar com muita empatia, sensibilidade e senso de urg�ncia. Vejo que cada membro da equipe que trabalha comigo carrega isso dentro de si, e � isso me faz acreditar cada dia mais que conseguiremos o quanto antes devolver a paz que as pessoas tanto esperam.

 

Pessoas atingidas e familiares dos que morreram na trag�dia se queixam ainda da falta de informa��es por parte da Vale. Cobram transpar�ncia. Por que isso ainda ocorre? Um manifesto nesse sentido foi entregue � Justi�a.

Durante todo o processo de repara��o, nos mantemos abertos ao di�logo construtivo com as fam�lias impactadas e as comunidades e tamb�m com os �rg�os competentes e poder p�blico para discutir e avaliar permanentemente e em conjunto eventuais impactos e propor solu��es. Em todas as comunidades atingidas temos mais de 400 profissionais que atuam especificamente nesse di�logo, s�o as equipes de Relacionamento com a Comunidade.

Tamb�m temos as equipes com foco no acompanhamento da sa�de dos atingidos, a quem chamamos de Refer�ncia da Fam�lia. Al�m disso, abrimos postos de atendimento � popula��o, que chegaram a ficar abertos 24 horas por dia nos momentos de maior necessidade de informa��o das pessoas. Tamb�m temos espa�os espec�ficos para qualquer pessoa ou fam�lia que se sinta atingida nos procurar junto com seus advogados ou defensores p�blicos para discutirmos com muita franqueza e agilidade suas poss�veis indeniza��es.

H� tamb�m uma plataforma on-line de consulta sobre os pagamentos emergenciais, que hoje abrangem mais de 106 mil pessoas. Disponibilizamos ainda um canal de atendimento telef�nico 0800 sempre dispon�vel para informar e esclarecer d�vidas e realizamos reuni�es peri�dicas com a comunidade para assuntos espec�ficos. No total, j� atendemos mais de 89 mil demandas das pessoas. Por fim, mantemos nossos canais de comunica��o ativos, enviando comunicados e informativos �s pessoas e tamb�m esclarecemos os questionamentos da sociedade pela imprensa. S� para jornalistas respondemos mais de 5 mil questionamentos nestes dois anos.

 

Moradores de �reas devastadas e de outros trechos do Vale do Rio Paraopeba afirmam ser pegos de surpresa, durante a pandemia do novo coronav�rus, com corte no fornecimento de �gua e recebimento de �gua sem qualidade. Queixam ainda que n�o t�m expectativa sobre a continuidade dos aux�lios emergenciais. Qual a resposta da Vale?

N�s lamentamos muito os impactos gerados pela interrup��o da capta��o no rio Paraopeba e n�o medimos esfor�os para garantir que as pessoas impactadas tenham �gua de qualidade sempre � disposi��o e em quantidade suficiente. Realizamos mais de 2 mil visitas e 15 mil atendimentos para identificar o volume necess�rio para atender plena e regularmente cada fam�lia e produtor rural eleg�veis ao longo de 250 quil�metros de extens�o do rio (de Brumadinho a Pomp�u).

Em janeiro de 2021, passamos da marca de 1 bilh�o de litros de �gua distribu�dos para uso dom�stico, irriga��o e dessedenta��o animal. Tamb�m nos certificamos da qualidade da �gua distribu�da. Todos os caminh�es-pipa que fazem a distribui��o s�o higienizados mensalmente por empresas especializadas. A �gua j� � captada tratada pela Copasa em duas esta��es de tratamento, em Juatuba e Curvelo e, antes de cada entrega, adicionalmente fazemos a an�lise do teor de cloro e analisamos tamb�m outros par�metros, como cor, pH e coliformes totais por amostragem em laborat�rios credenciados e independentes. Em casos de viola��es, a �gua � imediatamente descartada e o caminh�o higienizado novamente.

O pagamento emergencial mensal segue a cerca de 106 mil pessoas residentes em Brumadinho e at� um quil�metro do leito do Rio Paraopeba. Os recursos destinados ao aux�lio emergencial ultrapassam R$ 1,7 bilh�o. Conforme acordado com o governo de Minas e as institui��es de Justi�a, o aux�lio vem sendo renovado nos �ltimos meses e a atual renova��o est� v�lida at� 31 de janeiro de 2021.

 

O que a empresa tem feito de concreto para socorrer os atingidos?

Desde as primeiras horas ap�s a ruptura, dois anos atr�s, a empresa tem cuidado das fam�lias e comunidades impactadas, prestando assist�ncia para restaurar sua dignidade, bem-estar e meios de subsist�ncia. Nossos esfor�os de repara��o dos danos causados a partir daquele 25 de janeiro de 2019 s�o incessantes e j� alcan�aram, a nosso ver, importantes avan�os. J� destinamos R$ 10 bilh�es em a��es de reparo que incluem cuidados de sa�de, moradia, obras de revitaliza��o e de infraestrutura, como constru��o de creches e escolas para as crian�as...

Outra etapa chave no processo � a indeniza��o �s pessoas, que permite uma efetiva retomada de suas vidas, com olhar voltado ao futuro. No �mbito trabalhista, que abarca os parentes das v�timas – majoritariamente colegas nossos na empresa –, j� fechamos acordo com praticamente todas as fam�lias. No �mbito c�vel, que abrange demais atingidos, j� indenizamos 8.700 pessoas. Neste bi�nio, tamb�m mantivemos pagamentos emergenciais a mais de 100 mil pessoas como garantia de seguran�a financeira a todos. Fizemos avan�os significativos, n�o medimos esfor�os e temos consci�ncia de que ainda falta muito a fazer para conduzir Brumadinho e outros territ�rios atingidos � condi��o que a sociedade espera de todos n�s.

 

Outra grande preocupa��o das pessoas atingidas se refere �s condi��es de seguran�a das barragens remanescentes, a exemplo de condi��es t�xicas e ecol�gicas do Rio Paraopeba. O que tem sido feito?

A Vale adotou uma s�rie de medidas para melhorar a gest�o de suas barragens. Todas s�o monitoradas permanentemente por dois modernos Centros de Monitoramento Geot�cnicos, al�m de inspe��es em campo, monitoramento por radares, esta��es rob�ticas, c�meras de v�deo com intelig�ncia artificial, drones etc. Ap�s o rompimento da B1, a empresa deu in�cio ao processo de descaracteriza��o de todas as barragens com alteamento a montante, como a de Brumadinho.

Embora seja um processo de engenharia longo e complexo, a Vale est� muito empenhada em agilizar esse trabalho. Das 29 estruturas que mapeamos para serem descaracterizadas, quatro j� foram conclu�das e uma tem conclus�o prevista para os pr�ximos meses. Convido a todos para acompanharem as informa��es sobre o plano de descaracteriza��o em nosso site www.vale.com/esg.

 

Moradores de bairros como o C�rrego do Feij�o dizem que a regi�o se tornou "fantasma ", situa��o agravada com a pandemia do novo coronav�rus. Houve alguma a��o para socorrer as fam�lias residentes?

Uma das principais a��es em C�rrego do Feij�o especificamente � o projeto do Territ�rio-Parque, que tem a premissa de requalificar e deixar um legado para a comunidade. Ele inclui a��es de melhoria da infraestrutura (reforma, pavimenta��o e urbaniza��o de ruas, casas e estruturas), reativa��o econ�mica e desenvolvimento do turismo local, al�m de cuidado com a mem�ria das v�timas do rompimento.

A partir do di�logo constante com os atingidos, avan�amos com as a��es de repara��o n�o s� em C�rrego do Feij�o como tamb�m em outras comunidades. Al�m de investir no bem-estar coletivo das comunidades, com obras voltadas para equipamentos p�blicos e infraestrutura urbana, conduzimos programas como o Projeto de Qualifica��o Profissional, promovido pelo Instituto Yara Tupynamb�, e o Ciclo Sa�de.

 

Em Brumadinho como em S�o Sebasti�o das �guas Claras (Macacos), em Nova Lima, onde centenas de fam�lias tiveram que deixar suas casas, o turismo deixou de ser atividade econ�mica para virar neg�cio de alt�ssimo risco. H� algum est�mulo por parte da empresa?

Uma das primeiras iniciativas da Vale, em Brumadinho, foi o financiamento da campanha publicit�ria “Abrace Brumadinho”, que levava a todo o Estado a mensagem de que o munic�pio continua sendo um dos mais belos de Minas Gerais. Conclu�mos recentemente o Projeto de Fortalecimento da Competitividade do Setor Privado do Turismo, em parceria com o Circuito Veredas, que re�ne cerca de 50 empreendimentos em uma grande cadeia de parceria, na qual foram identificadas importantes oportunidades de crescimento do turismo na cidade.

Em Macacos, tamb�m investimos em campanhas de marketing e no carnaval do ano passado, revitalizamos a tricenten�ria igrejinha de S�o Sebasti�o e agora estamos construindo um caminho alternativo para permitir o acesso seguro � Trilha das Perdidas, uma das principais da Am�rica Latina para mountain bike e motocross, entre outras a��es previstas no Plano de Compensa��o do Territ�rio. Em paralelo a isso, acredito que a atividade tur�stica de ambas as regi�es vai melhorar muito com o fim dos impactos causados pela pandemia do coronav�rus.

 

O com�rcio � outro setor que amarga preju�zos e desespero...

Em parceria com o poder p�blico e com a Federa��o das Ind�strias de Minas Gerais, estamos implementando uma s�rie de programas em Brumadinho a partir das voca��es econ�micas locais. O com�rcio, como todo o setor de servi�os, ser� incentivado. Al�m do emprego, cada posto de trabalho gerado no com�rcio significa outros muitos na cadeia de fornecedores. Trabalhando em parceria com a comunidade e a prefeitura, iremos resgatar e diversificar valores da economia local. Este �, inclusive, um dos pilares do nosso Plano de Repara��o Integral e do acordo que negociamos via Tribunal de Justi�a de Minas Gerais nos �ltimos meses.

 

A sa�de dos moradores � outro ponto de tristeza, nesses dois anos, com muita gente recorrendo a psiquiatras e a rem�dios controlados para seguir em frente. Como tem sido o suporte da Vale?

A aten��o e cuidado com as pessoas � nosso foco mais sens�vel de atua��o em Brumadinho. Ainda em 2019, lan�amos o Programa Refer�ncia da Fam�lia, que conta uma equipe de profissionais para prestar assist�ncia m�dica e psicossocial �s pessoas. Esse acompanhamento pr�ximo tem sido fundamental. Al�m desse cuidado, tamb�m assinamos acordo de coopera��o com a prefeitura de Brumadinho para repasses que j� ultrapassaram R$ 30 milh�es destinados, exclusivamente, � amplia��o da assist�ncia de sa�de e psicossocial no munic�pio. Paralelamente a isso, j� realizamos mais de 64 mil atendimentos m�dicos e psicossociais em Brumadinho e regi�o.

 

Diante de situa��o t�o calamitosa, qual � a mensagem da dire��o da Vale �s fam�lias atingidas?

Nosso compromisso � jamais esquecer Brumadinho, sermos transparentes e trabalhar constantemente a escuta ativa, endere�ando todas as demandas que recebemos. Ao longo destes dois anos, avan�amos no processo de indeniza��o individual e por grupo e em projetos voltados para a sa�de, capacita��o e bem-estar das pessoas. Agora, caminhamos para outro est�gio do nosso desafio. Passamos a trabalhar tamb�m em a��es de longo prazo para solu��o definitiva dos impactos causados e da compensa��o �s pessoas e comunidades. J� temos robustos projetos de recupera��o ambiental de toda a calha do rio Paraopeba que, diga-se, j� come�a a dar importantes sinais de revitaliza��o.

Tamb�m temos um amplo conjunto de iniciativas para fortalecer e diversificar a economia de Brumadinho e regi�o. Junto com outros projetos de infraestrutura e assist�ncia humanit�ria, acreditamos que ajudaremos a melhorar a qualidade de vida e bem-estar das fam�lias. E ainda acreditamos que finalizaremos o acordo de compensa��o ao Estado, que tamb�m resultar� em importantes avan�os n�o apenas em toda a �rea afetada pelo rompimento como em diversas outras regi�es do estado, pelo bem da popula��o mineira.


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