A conclus�o � da Pol�cia Federal, apresentada nesta sexta-feira (26/2), dois anos ap�s o desastre que causou a morte de 270 pessoas e despejou 12,7 milh�es de metros c�bicos de rejeito de minera��o sobre cursos d'�gua e vegeta��o.
Segundo o perito criminal federal Leonardo Mesquita de Souza, o procedimento foi iniciado pela Vale cinco dias antes do estouro com perfuratrizes que operam com inje��o de fluidos. A press�o desses l�quidos causou dissolu��o dos sedimentos estocados e posterior gera��o de ondas, que acabaram por abalar o dique.
A tese da per�cia � diferente daquela sustentada pela Vale at� ent�o, de que o incidente havia sido provocado pelo pr�prio peso do reservat�rio, associado �s chuvas do fim de 2018.
Fragilidade
Conforme o laudo, a escava��o gerou a ruptura do reservat�rio no alteamento de n�mero oito, a 68 metros de profundidade. A camada era formada por um material mais fino, com pouca capacidade de suportar press�o.
O delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira explicou que as perfura��es n�o amea�ariam a barragem caso ela apresentasse condi��es m�nimas de estabilidade. Esta, no entanto, n�o seria a situa��o da estrutura em 2019.
“O motivo foi a perfura��o de uma sonda mista que chegou em uma sess�o da barragem que estava muito sens�vel ao processo de liquefa��o. A liquefa��o funciona como ondas de �gua que se propagam para a pr�xima sess�o da barragem, causando um efeito domin�, que � muito r�pido. O colapsamento da barragem durou 30 segundos, desde a primeira sess�o que come�ou a se liquefazer”, detalhou o policial.
A per�cia diz que a Vale abriu os orif�cios a fim de estudar a composi��o das camadas que compunham o dique, al�m de instalar equipamentos que monitoram a press�o de l�quidos - os chamados piez�metros.
Meses antes - entre outubro e novembro de 2018 -, a mineradora havia contratado uma empresa e especializada em investiga��o geot�cnica para verificar as condi��es de resist�ncia das diferentes se��es da barragem.
O relat�rio contendo a localiza��o dos pontos fr�geis do reservat�rio teria sido entregue � Vale, mas, segundo a PF, a companhia procedeu com as perfura��es verticais antes de analisar o documento.
O relat�rio contendo a localiza��o dos pontos fr�geis do reservat�rio teria sido entregue � Vale, mas, segundo a PF, a companhia procedeu com as perfura��es verticais antes de analisar o documento.
"� como se a pessoa fosse fazer um exame de imagem e n�o entregasse o resultado ao m�dico para an�lise", comparou o delegado Nogueira.
Hip�teses afastadas
A investiga��o das causas do rompimento da barragem de Brumadinho trabalhou com outras cinco hip�tese al�m das perfura��es em pontos fr�geis.
Uma delas � a defendida pela Vale. Uma empresa de geotecnia contratada pela empresa concluiu que o desastre foi provocado pelo pr�prio peso da estrutura, em condi��o n�o drenada. Este quadro teria gerado deformidades que, combinadas com as fortes chuvas de janeiro, teria ocasionado o estouro.
Exames de piezometria, no entanto, revelaram que a condi��o da barragem era drenada.
"Identificamos tamb�m que, anos antes, as chuvas foram bem mais severas, n�o houve essa condi��o extraordin�ria de chuvas em 2018", argumentou o perito Leonardo Mesquita de Souza.
As demais hip�teses descartadas pela PF foram:
- Eleva��o da press�o d’�gua interna;
- Carregamento de rejeitos provocado por detona��es em mina pr�xima;
- Carreamento de rejeitos por Dreno Horizontal Profundo (DHP) com possibilidade de eros�o interna progressiva;
- Incidente de ruptura hidr�ulica durante instala��o de DHP em 11/06/2018;
Inqu�rito continua
O delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira esclareceu que as conclus�es da per�cia n�o encerram o inqu�rito. Numa pr�xima etapa, a PF diz que pretende realizar novas dilig�ncias e deve indiciar outros envolvidos.
Procurada pela reportagem, a Vale informou que tomou conhecimento do laudo nesta sexta-feira (26/2) e pretende avaliar "o inteiro teor do documento" antes de se manifestar.
Confira a nota da empresa da �ntegra:
"A Vale informa que tomou conhecimento nesta sexta-feira (26) da expedi��o do laudo da per�cia t�cnica da Pol�cia Federal sobre as poss�veis causas do rompimento da Barragem I, da Mina C�rrego do Feij�o, em Brumadinho (MG). A empresa avaliar� o inteiro teor do laudo e oportunamente se manifestar� nos autos por interm�dio de seu advogado David Rechulski."