Hospitais preveem falta de medicamentos essenciais para intuba��o
Com avan�o da COVID-19, escassez de rem�dios como sedativos j� � considerada cr�tica e Minist�rio da Sa�de requisita estoques da ind�stria para suprir o SUS
Associa��o Central dos Hospitais reclama que v�rios insumos para intubar pacientes entraram em lista de espera e de pre�os altos dos fornecedores (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 5/3/21
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A crise de falta de leitos hospitalares em todo pa�s, diante da piora dos indicadores da COVID-19, se agrava devido a um novo obst�culo criado pela escassez de medicamentos b�sicos para intuba��o de pacientes contaminados pelo v�rus em estado grave. Com a explos�o de interna��es, entidades representantivas do setor de Sa�de temem o desabastecimento de insumos e rem�dios essenciais. Ontem, o Minist�rio da Sa�de requisitou os estoques da ind�stria de medicamentos que comp�em o chamado “kit intuba��o”, incluindo anest�sicos e bloqueadores musculares, para abastecer a rede do Sistema �nico da Sa�de (SUS) por 15 dias. Em Minas Gerais, o n�mero de diagn�sticos da doen�a respirat�ria alcan�ou, ontem, 1.003.104 e os �bitos somam 21.303 desde o in�cio da pandemia.
Profissionais da sa�de e gestores hospitalares reclamam da falta de medicamentos b�sicos para intuba��o, como Midazolan, Fentanil, Rocur�nio e Propofol, entre outros. A queixa � que, al�m dos pre�os altos, a demanda elevada pressiona o fornecimento. “Estamos vendo insumos que j� est�o sendo colocados em lista de espera, indicando que h� um risco de come�ar a faltar. Aliado a isso houve aumento de at� 700% dos pre�os de alguns dos itens como o Midazolam”, afirma Wesley Marques, superintendente da Associa��o e Sindicato dos Hospitais, Cl�nicas e Casas de Sa�de de Minas Gerais (conhecida como Central dos Hospitais).
Hospitais da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte consultados pela reportagem do Estado de Minas informaram que, no momento, o estoque tem sido suficiente. Por�m, m�dicos afirmam que todos os tipos de sedativos e bloqueadores neuromusculares – necess�rios para os procedimentos em terapia intensiva – correm o risco de faltar a curto prazo. � o que diz Rog�rio Sad, m�dico intensivista e coordenador do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Vera Cruz. “Alguns sedativos vem faltando. N�o sei at� quando isso vai durar n�o”, comenta.
Rog�rio Sad explica que a escassez n�o � um problema localizado e pode se tornar mais grave, repetindo o que ocorreu no ano passado, no in�cio da pandemia do novo coronav�rus. “Na verdade, isso est� acontecendo em todo o mercado. A ind�stria aumentou os pre�os dos insumos em geral, assim como das luvas e m�scaras. Isso levar� a uma nova crise de desabastecimento como na primeira onda de COVID-19”, prev� o m�dico.
No Hospital Vera Cruz, n�o h� mais vagas para pacientes com COVID-19 em leitos de CT (Centro de Terapia Intensiva). A lota��o evidencia a necessidade de utiliza��o dos insumos. “� preocupante para os dois lados da doen�a: para os profissionais de sa�de e para os pacientes. Se faltar luva, capote, e outros EPIs (equipamentos de prote��o individual), coloca muito em risco a sa�de das pessoas que cuidam dos pacientes. Faltando medica��o, seda��o, tudo influencia no melhor tratamento poss�vel desses doentes. Isso nos preocupa muito”, diz o coordenador do CTI do Vera Cruz.
Em seu limite de atendimento, ap�s expans�o, Hospital Vera Cruz, de Belo Horizonte, v� dificuldade de encontrar sedativos (foto: Hospital Vera Cruz/Divulga��o - 7/5/19)
O m�dico intensivista observa que mesmo ap�s amplia��o do atendimento, o sistema hospitalar em geral enfrenta uma situa��o de limite de capacidade. “No caso de COVID que os pacientes precisam muito de ventilador, sem sedativo � quase imposs�vel ser feito. Precisamos ter muito cuidado nesse momento. Todo o sistema est� no limite, no Vera Cruz ampliamos em quase 30% e mesmo assim estamos completamente lotados.”
A Central de Hospitais informou ainda que cobra posicionamento da ind�stria farmac�utica em rela��o � disparada de pre�os dos medicamentos e insumos, pois ainda n�o ficou claro se faltam os produtos ou se h� abuso na cobran�a. “Essa � uma resposta que a ind�stria precisa nos dar. S�o grandes empresas produtoras envolvidas que certamente tiveram tempo de identificar este aumento e adaptar a sua cadeia produtiva, haja vista que n�o se tem expectativa de a COVID desaparecer do nosso meio t�o cedo”, afirma o superintendente da associa��o, Wesley Marques. Uma preocupa��o � que a intuba��o necessita de sedativos.
Reutiliza��o
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que as unidades hospitalares geridas pela Secretaria Municipal de Sa�de n�o sofreram desabastecimento e que o monitoramento dos estoques � realizado diariamente. A pasta n�o informou se tem encontrado dificuldade ao adquirir os insumos. Em entrevista ao EM na �ltima ter�a-feira, o secret�rio de Sa�de da capital, Jackson Machado, revelou que o munic�pio tenta obster autoriza��o para reutilizar um material fundamental nas salas de terapia intensiva, os tubos endotraqueais, que servem para intubar os pacientes.
A Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG) admitiu que houve aumento do consumo de medicamentos usados em terapia intensiva, o chamado “kit intuba��o”, “mais especificamente de itens necess�rios � intuba��o de pacientes, indicando um cen�rio cr�tico de escassez”, diz a nota enviada � reportagem. “Ainda nesse contexto, a SES-MG efetuou planejamento extraordin�rio para aquisi��o de itens de uso hospitalar no contexto da terapia intensiva e est� em contato constante com o Minist�rio da Sa�de, o qual tamb�m est� fazendo aquisi��o desses medicamentos e distribuindo aos estados”, completa o texto.
Importa��o negociada Ontem, a Associa��o Brasileira de Planos de Sa�de (Abramge) se reuniu com a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), que sinalizou a libera��o de importa��o dos insumos, facilitando processos como medida emergencial. “Estamos passando por um segundo problema: al�m de n�o ter leito, vai ter mortes por falta de medicamentos. A Anvisa foi h�bil nesse planejamento. N�o � s� quest�o de medicamentos, s�o todos os produtos, como filtros para respiradores, por exemplo”, afirmou o presidente da Abramge, Reinaldo Scheibe, em entrevista � imprensa.
Na mesma reuni�o com a Anvisa, a Associa��o Nacional de Hospitais Privados (Anahp) entregou documento com a lista de medicamentos essenciais para o tratamento de pacientes acometidos pela COVID-19. A entidade pesquisou os rem�dios junto a seus associados – 40 responderam � consulta. Para alguns medicamentos h� reserva suficiente para apenas cinco dias, em m�dia, como � o caso do propofol e cisatrac�rio.
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Estimativa de estoques nos hospitais � cr�tica
» Previs�o para uso em cinco dias: Propofol, Cisatracurio e Atrac�rio
Fonte: Associa��o Nacional de Hospitais Privados
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.