
Al�m das filas de parentes nas recep��es dos hospitais em busca de not�cias sobre m�es, pais, filhos, companheiros e amigos internados no isolamento imposto pela enfermidade, outra fileira, menos interativa com o atendimento dos hospitais, tamb�m � comum em todas as institui��es.
� uma fileira acomodada nos fundos dos pr�dios para libera��o dos corpos das pessoas que perderam a batalha para o v�rus pand�mico. “Minha sogra morreu e a gente n�o sabe onde ela pegou a doen�a. Ela n�o sa�a para nada. Mas era muito religiosa. No culto ela ia. Pode ser que tenha pegado quando estava justamente rezando por n�s”, conta a assistente de servi�os gerais Jose Lima de Souza, de 22 anos. A sogra dela, Maria Aparecida Souza Silva, de 55, ficou 15 dias internada na Santa Casa de Miseric�rdia de BH ao lado do marido, Galdino Silva, de 66, que ainda est� em estado grave.

“Foi um sofrimento do�do e uma demora demais para a cabe�a do meu marido e da nossa fam�lia. A gente chegou a ver um v�deo dela que os enfermeiros mostraram, intubada e sedada. Disseram que teve uma melhora, a gente at� comemorou. Est�vamos rezando em casa, sempre na sua inten��o. Mas depois que os rins pararam, ela teve infec��o generalizada. E a� o Senhor a chamou para junto dele”, lamenta a auxiliar. “Meu marido est� desorientado, porque vai ter de enterrar a m�e, mas n�o se pode esquecer do pai, que ainda pode ser salvo. Essa doen�a est� em todas as casas. N�o nos d� sossego nem para chorar as pessoas que se foram”, desabafa Jose.
Longe de casa
Ao redor das unidades de sa�de da regi�o hospitalar, o medo de quem n�o tem um parente doente, mas que faz parte do movimento estrutural da regi�o ou precisa de atendimentos paralelos, tamb�m � evidente. Na Pra�a Doutor Lucas Machado, que � cont�gua ao passeio da Santa Casa, entre a Avenida Brasil e a Avenida Francisco Sales, cada canteiro de palmeiras e suculentas se tornou um banco para espera ao ar livre de pacientes de outras especialidades que temem se aglomerar no atendimento interno dos hospitais, um ambiente prop�cio � contamina��o pelo novo coronav�rus. A maioria deles vem do interior e n�o pode interromper seu tratamento.
“Na nossa cidade, Par� de Minas, h� muitos doentes nos hospitais Nossa Senhora da Concei��o e Padre Lib�rio. Est� uma tristeza s� por l� tamb�m. Ent�o, quando venho para o meu tratamento de leucemia, que fa�o desde 2018, o que mais d� � medo. Ainda mais sabendo que tem mais doentes na Santa Casa do que lugar para eles ficarem”, desabafa a aposentada Severina Francisca Alves de Souza, de 46.
Corajosa, a acompanhante dela, a professora Elv�nia Vit�ria de Souza, de 50, afirma que n�o vai deixar a amiga sozinha nesse momento. “Ela precisa de tratamento e precisa de algu�m com ela. Com o coronav�rus ou sem, eu vou sempre ficar ao lado dela. A gente se protege, usa a m�scara, tem �lcool em gel. L� dentro eles me disseram que tem isolamento, mas n�o posso entrar”, disse.
Na fila dos t�xis que servem a quem chega e sai da regi�o hospitalar, o taxista Claudison Jos� da Silva, de 47, se viu preso � regi�o e faz de tudo para n�o ser contaminado. “Meu ponto tem de ser esse, porque a minha mulher faz tratamento de c�ncer na Santa Casa. Por isso, s� me resta mesmo rezar e higienizar tudo do carro, das ma�anetas aos bancos, usar m�scaras e luva. Sei que j� transportei uma esposa de um doente de COVID-19 e outros parentes. Deu medo. N�o sei se uma pessoa contaminada veio dentro do meu t�xi, pode acontecer e eu nem ficar sabendo. Por isso tenho de tomar cuidado e conviver com esse medo”, disse.