
Saudade, sofrimento, perda, recorda��es. Em cada fam�lia enlutada de Aracitaba, na Zona da Mata mineira, as palavras saem do cora��o e ecoam pela terra que, em l�ngua ind�gena, significa “morada da lua”. Com cerca de 2 mil habitantes, o munic�pio fica a 100 quil�me- tros de Juiz de Fora e a 39 de Santos Dumont. E � para esses duas cidades que s�o levados os pacientes que precisam de cuidados intensivos.
Segundo a Secretaria de Estado de Sa�de, no munic�pio, sete pessoas morreram (todas idosas) em decorr�ncia da COVID-19, uma v�tima a mais do que os dados computados pela Secretaria Municipal de Sa�de.
O total parece modesto, mas em um c�lculo que projeta esses dados para um grupo de 100 mil habitantes, a cidade aparece com a maior taxa em todo o estado de Minas Gerais: 367. Significa que, considerada a propor��o de mortos em rela��o � popula��o, se tivesse 100 mil moradores, Aracitaba teria perdido 367 vidas para o coronav�rus. Mas � no depoimento dos familiares que as hist�rias ganham vida sobre a frieza dos n�meros.
“A morte do meu pai deixou minha fam�lia sem ch�o”

“O ano passado foi muito dif�cil, triste, marcante mesmo para nossa fam�lia. Minha m�e morreu em junho, e cinco meses depois, em 17 de novembro, meu pai, Vicente Elias, foi embora v�tima da COVID-19. Faltavam apenas 11 dias para ele fazer 73 anos.
S� posso dizer que eu, meus tr�s irm�os e demais familiares ficamos sem ch�o. O cora��o da gente ficou muito machucado, a saudade � grande. Ele trabalhou na prefeitura, estava aposentado, era ministro da eucaristia e tinha muita f� em nosso padroeiro, Senhor do Bonfim. Pena que o fim n�o foi um bom fim...
Com a morte da minha m�e, Maria Geralda, meu pai ficou ‘apaixonado’ de tristeza. Tenho muitas lembran�as dele. Como cultivava sua horta aqui do lado de casa, sempre de manh� eu lhe servia um caf�. Todo mundo chorou no enterro, at� o padre Jo�o, nosso p�roco, chorou naquele dia.
O pior dessa doen�a � que a despedida fica mais dolorosa ainda. � tudo r�pido, o caix�o fechado, a gente nem pode chegar perto.”
“Ficam para n�s os frutos e as sementes deixados por meu pai”

“Se existisse uma vacina contra a COVID-19 h� mais tempo, e protocolos r�gidos a serem seguidos desde o in�cio da pandemia, tenho certeza de que meu pai, Geraldo Gon�alves Vieira, estaria hoje aqui, entre n�s. Era um homem que gostava da vida, tinha muita disposi��o, adorava dan�ar. Infelizmente, n�o chegou a ser imunizado contra o coronav�rus.
Meu pai sempre teve muito medo dessa doen�a. Cuidava da sa�de, ia ao m�dico, mas era avesso a hospital, consult�rios, esses ambientes. Morreu em 8 de dezembro. Mais um pouco completaria 80 anos, no dia 27 daquele m�s.
Para n�s – seus cinco filhos, netos e minha m�e, Maria de Lourdes –, tudo � muito sofrido, a saudade � grande, ele faz falta demais. Procuramos nos apegar �s boas lembran�as, �s hist�rias, aos 60 anos de uni�o dos meus pais, ao exemplo de vida.
Triste foi v�-lo passar 33 dias internado no hospital. Quando minha madrinha morreu, tamb�m v�tima de COVID-19, eu, que moro em Juiz de Fora, fui a Aracitaba para o enterro. Naquele dia, achei meu pai um pouco abatido, mas n�o imaginei que ele j� estivesse com a doen�a. Dias depois, testou positivo. Espero que, com a vacina��o, muitas vidas sejam poupadas.
Sempre trabalhando em fazenda, ele tinha paix�o pelo quintal da sua casa, em Aracitaba, onde plantava e colhia caf�. Ficam, ent�o, para todos n�s, os frutos e as sementes de amor, trabalho e dignidade.”

“Esse v�rus � uma praga, mas vamos ter for�a para vencer”
Isabel Melqu�ades, dona de casa, vi�va de Ant�nio Figueiredo, que morreu aos 79 anos
“A COVID-19 � um fardo muito pesado, forte, triste. O pior de tudo � saber que a pandemia n�o acabou, que ainda vamos passar um per�odo longo nesse sofrimento.
Perdi meu marido, Ant�nio Figueiredo, em 13 de dezembro. Tudo ainda est� muito recente, � doloroso at� de lembrar. Ele come�ou a passar mal, foi levado para um hospital em Santos Dumont (a 39 quil�metros de Aracitaba) e ficou quatro dias internado. Felizmente, n�o foi muito tempo l�...
A maior parte da vida, Ant�nio trabalhou na ro�a. Eu estava sempre junto, ajudando. �s vezes, � noite, acordo pensando no Ant�nio. A saudade � grande. Sou evang�lica, tenho dois filhos, quatro netos, e atualmente moro sozinha aqui em Aracitaba. Meu filho tamb�m teve COVID-19, mas est� bem, tem um filho pequeno.
S� tenho a agradecer a Deus e a Jesus por tudo na vida. Esse v�rus � uma praga, n�o tenho d�vida, mas vamos ter for�a para vencer.”

“Ningu�m est� imune. Temos que nos proteger da melhor forma”
Maria Erlene da Silva Barbosa, filha de Amazildes Soares da Silva, que morreu aos 82 anos
“Perder a m�e � um dos maiores sofrimentos para o ser humano, ainda mais quando � v�tima da COVID-19, uma doen�a que assusta a humanidade, chega sem avisar, causa falta de ar e deixa enorme dor no cora��o da gente.
Minha m�e, Amazildes Soares da Silva, tinha 82 anos. Foi internada em 18 de outubro e morreu em 4 de novembro, em um hospital de Santos Dumont, na Zona da Mata. Passou por todo aquele calv�rio hospitalar, incluindo intuba��o. Desde 2009, apresentava alguns problemas respirat�rios, mas estava em tratamento e vinha respondendo positivamente. O v�rus foi fatal para a sa�de dela.
Para nossa fam�lia – seis irm�os, 11 netos e dois bisnetos – foi ainda mais dif�cil. Nosso cora��o ficou dilacerado, pois, 10 dias antes da morte da minha m�e, perdemos nosso pai, Valter Bonif�cio da Silva, ent�o com 95 anos. O caso n�o foi COVID-19. Mas ficou a saudade em dose dupla!
Estamos sentindo muita falta dos dois. Meu pai j� era de idade, e minha m�e era uma pessoa alegre, que gostava de cozinhar, cuidar da casa, din�mica mesmo. Acredita que peguei COVID porque comi um restinho de banana com canela do prato dela, com o mesmo garfo? Ainda n�o sab�amos do v�rus. Felizmente, n�o tive nada grave.
Ningu�m est� imune a essa doen�a. Temos que nos cuidar e proteger da melhor forma.”
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia
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