O empecilho para adaptar o hospital para receber pacientes infectados pelo novo coronav�rus seria a Certid�o Negativa de D�bito (CND). Sem ela, n�o h� como o hospital receber repasses do governo estadual.
O diretor-administrativo da unidade de sa�de Ant�nio Afonso Bernardo Junior, confirmou que a Santa Casa tem d�bitos que somam R$ 1,5 milh�o de gest�es passadas. “Nosso escrit�rio de advocacia est� tentando ver o que � poss�vel fazer. Estamos falando de d�bitos de gest�es anteriores de 20 anos”, explicou. A partir de repasses do estado, seria poss�vel a unidade equipar-se para receber pacientes de baixa complexidade.
“Poder�amos atender pacientes n�o COVID, pois a gente consegue fazer isso sem montar CTI, equipes com infectologistas (...) Esses pacientes poderiam ser trazidos para c� e desafogaria os demais hospitais para atender COVID”, afirmou Bernardo Junior.
O diretor descartou qualquer possibilidade de integrar o plano de conting�ncia do estado. Disse que a estrutura f�sica e pessoal n�o � suficiente para a complexidade dos casos do novo coronav�rus. Entretanto, os primeiros atendimentos dos pacientes s�o feitos na unidade. Quando necess�rio, a central de regula��o � acionada para transfer�ncia.
Transmiss�o ao vivo
Vereador de Divin�polis, na mesma regi�o, Diego Espino (PSL) fez uma transmiss�o ao vivo direto da unidade questionando a ociosidade enquanto cidades vizinhas amargam a superlota��o.
Na live feita no final da noite desse domingo (28/3), Espino mostrou o hospital com as portas fechadas. Ao chamar, foi atendido por uma das funcion�rias que confirmou a informa��o de que n�o havia nenhum paciente internado ou aguardando qualquer atendimento. “Olha o tamanho desse lugar e n�o tem nenhuma pessoa aqui, ningu�m”, enfatizou.
Ele percorreu os corredores, entrou em algumas salas mostrando equipamentos parados, dentre eles um utilizado para intubar pacientes e tamb�m um desfibrilador. A unidade conta ainda com uma sala de Raio X e um necrot�rio.
“L�, em Divin�polis, estamos montando um hospital de campanha, mas fiquei sabendo que aqui a gente poderia estudar a forma de trazer para c�. O pessoal est� precisando de ser atendido com urg�ncia”, afirmou na live.
Prefeitos da regi�o est�o articulando junto ao estado a abertura de uma ala mais avan�ada do hospital regional – com obras paradas –, em Divin�polis, para receber pacientes diagnosticados com a COVID-19. “Ao inv�s de pegar um hospital que j� est� pronto aqui”, criticou Espino.
A constru��o levaria cerca de 30 dias ap�s a libera��o do recurso pelo estado. S�o necess�rios R$ 3,6 milh�es para estrutura e cerca de R$ 950 mil por m�s para custear.
Nesta segunda-feira (29/3), o vereador se reuniu com a provedora da Santa Casa de Carmo da Mata e voltou a dizer que a unidade comportaria leitos de enfermaria.
Sem estrutura f�sica
“Algumas informa��es que o vereador passou n�o condizem com a realidade. Ele mostrou cilindros de oxig�nio vazios. O que ele colocou: 'por que os pacientes de COVID n�o v�m para c�?'. Como que traz para um hospital que n�o tem estrutura para que ele sobreviva?”, disparou o diretor-administrativo da unidade de sa�de Ant�nio Bernardo Junior.
O hospital tem 24 leitos cl�nicos pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS) e recebe o teto m�nimo do governo federal, R$ 4 mil por m�s. Do munic�pio, recebe por produ��o para urg�ncia e emerg�ncia e a m�dia de valor � sazonal.
A Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG) e a Prefeitura de Carmo da Mata confimam que o hospital n�o tem estrutura f�sica para receber pacientes diagnosticado com a COVID-19. Esse seria o principal motivo para deix�-lo de fora do plano de conting�ncia.
“N�o possui aparelhagem, tampouco conta com quadro de profissionais suficientes para fazer atendimento de interna��o”, explicou a prefeitura em nota.
Para abertura de leitos COVID s�o necess�rios respiradores e um m�dico horizontal – dispon�vel para acompanhar pacientes intubados. A Santa Casa n�o possui ar comprimido e oxig�nio em rede. As balas de oxig�nio que aparecem no v�deo do vereador, segundo o munic�pio, n�o suportam os respiradores.
“Diante da situa��o atual do hospital e da gravidade do que est� acontecendo em nosso pa�s, n�o h� como manter um paciente com coronav�rus apenas com o oxig�nio de bala”, declarou a nota.
Ainda segundo a nota da prefeitura, se houvesse a possibilidade de internar pacientes com COVID a prioridade seria para os moradores locais. “O que n�o � poss�vel e pode ser observado quando Carmo da Mata possui pacientes internados em outras cidades”, informou.
Carmo da Mata foi alocado pelo governo do estado, no in�cio da pandemia, na microrregi�o de Oliveira que, al�m dos dois munic�pios j� citados, constam S�o Francisco de Paula, Santo Ant�nio do Amparo, Carm�polis de Minas e Passa Tempo.
Para ajudar, o munic�pio emprestou � Oliveira dois respiradores. “Carmo da Mata consegue atender e estabilizar os pacientes, s� n�o consegue manter interna��o”, explicou. A taxa de ocupa��o hospitalar bateu 100% no munic�pio vizinho.
Requisitos t�cnicos
A SES-MG alega que a unidade “tem perfil de atendimento de baixa complexidade hospitalar” e por isso n�o integra o plano de conting�ncia.
Al�m disso, ela n�o conta com rede de g�s medicinal hospitalar (que possibilita a chegada de oxig�nio a pacientes, por exemplo), respiradores e monitores em quantidade suficiente. A unidade tamb�m n�o disp�e de equipes m�dicas para atendimento 24 horas.
“A disponibilidade de um leito hospitalar, seja cl�nico ou de terapia intensiva, especialmente para tratamento de pacientes com COVID-19, requer o cumprimento de normas t�cnicas e equipamentos espec�ficos, que n�o s�o oferecidos pelo Hospital Olinto Ferreira”, informou a SES-MG.
Ainda segundo a secretaria, apenas na macrorregi�o Oeste, da qual faz parte Carmo da Mata foram abertos 153 leitos de UTI desde o in�cio da pandemia, passando de 109 para 262 leitos.
*Amanda Quintiliano especial para o EM
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