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Crise provoca venda de espa�o lend�rio em BH, a quadra do Vilarinho

Lend�rio espa�o que ganhou fama por ser frequentado por "um capeta", na regi�o de Venda Nova, em BH, n�o resiste � crise no setor de eventos


15/05/2021 04:00 - atualizado 15/05/2021 07:36

Ginásio recebeu show e até hoje tem partidas de futebol, mas atividade não cobre custos e por isso proprietário decidiu repassar a área
Gin�sio recebeu show e at� hoje tem partidas de futebol, mas atividade n�o cobre custos e por isso propriet�rio decidiu repassar a �rea (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press 1/5/21)

Uma refer�ncia cultural e esportiva de Belo Horizonte, a quadra do Vilarinho, palco de in�meros eventos e que teria sido frequentada at� por "um capeta", est� � venda. Foram 41 anos levando entretenimento e divers�o, principalmente a um p�blico jovem e de periferia, em tempos de poucos espa�os de divers�o para essa parcela da popula��o.

Calcula-se que, nessas quatro d�cadas, mais de 5 milh�es de pessoas passaram pelos 3.200 metros quadrados de uma das principais casas de eventos da cidade, na regi�o de Venda Nova. "Nos tempos de bailes funk, aos domingos, receb�amos entre 2.500 e 3 mil jovens", conta Francisco Filizzola Lima, propriet�rio do espa�o.

Com uma forte gargalhada, ao ser perguntado se quem comprar as quadras vai levar junto o capeta, Francisco Filizzola conta sobre o "sucesso da jogada de marketing", que teria surgido por acaso. "Entrou na m�dia espontaneamente." Segundo o propriet�rio, uma noite, um dos vigilantes das quadras, "que gostava de uma birita", ligou dizendo que tinha "dois capetas" na quadra. Filizzola, em tom de brincadeira, disse para chamar a pol�cia. O rapaz levou a s�rio e acabou registrando um boletim de ocorr�ncia.

Nos anos 1980, havia um programa de reportagem policial muito ouvido em toda cidade, e a radialista Gl�ria Lopes comprou a ideia e jogou a hist�ria no ar. "Foi uma jogada de sorte", reconhece Filizola. O caso foi repassado por outros ve�culos e tomou grandes propor��es. Passou a fazer parte da vida dos frequentadores. "Tinha um dan�arino amigo nosso, que era muito bom, gostava de contar que fez aulas com o capeta."

O produtor e criador da revista em quadrinhos Celton, personagem muito conhecido nas ruas da cidade, onde vendia suas obras em sem�foros, fez duas edi��es: a primeira, “O capeta do Vilarinho”, foi a mais vendida. Posteriormente, criou outra hist�ria de que o capeta engravidara uma frequentadora das quadras e foi em busca do filho. "Mas n�o teve sucesso na emboscada."

O padre Matias, p�roco de uma igreja cat�lica de Venda Nova, tentou exorcizar a “entidade". “Ele chegou todo paramentado, com os instrumentos de exorcismo e me pediu permiss�o para a cerim�nia”, conta Francisco Filizzola. “Deixei que entrasse e fizesse o servi�o, � claro.” A hist�ria rendeu at� uma nota no New York Times, guardada com cuidado pelo dono das quadras.

Depois de se tornar o assunto "da hora na boca do povo", a casa promoveu um evento, o Baile Ca�a Fantasma. Quem conseguisse capturar o suposto "capeta" receberia um pr�mio em dinheiro. Uma emissora de r�dio resolveu encampar a ideia, mas o diretor exigiu que Filizzola depositasse uma quantia em dinheiro. “Vai que algu�m acha um capiroto e o prende.”

Francisco Filizzola fez o dep�sito em cheque "sem fundo", admite. A quantia era muito alta, conta entre risos. Mas os "bicho" n�o foi ao baile e continuou solto. "Tudo na vida tem come�o, meio e fim. O mais gratificante de tudo � que, no fim, com tantas alegrias e algumas tristezas, principalmente pelo preconceito, encerro uma etapa da vida com a felicidade de que foi um espa�o t�o querido da cidade.”

"O mais gratificante de tudo � que, no fim, com tantas alegrias e algumas tristezas, principalmente pelo preconceito, encerro uma etapa da vida com a felicidade de que foi um espa�o t�o querido da cidade"

Francisco Filizzola, propriet�rio do espa�o em Venda Nova



“Semente” 

"Vida que segue." Com muito bom humor e tranquilidade, Filizzola considera que “a semente foi plantada e muitas quadras Vilarinho se espalhar�o pela cidade. N�o guardo rancores e nem culpo ningu�m". A pandemia foi o tiro certeiro para a decis�o de colocar o im�vel � venda. O setor de eventos � o que mais sentiu a crise, com suspens�o das atividades desde os primeiros momentos, em mar�o de 2020. E sem previs�o de voltar a atuar.

"Tenho um espa�o que n�o posso explorar em sua total potencialidade. Apesar do nome, n�o era apenas quadra, t�nhamos v�rios eventos. Nesses anos todos, trouxemos os artistas top do samba nacional, promovemos os primeiros bailes funk da capital. Aqui realizamos formaturas, ordena��o de padres e festivais evang�licos. Nos tornamos uma refer�ncia para a cidade."

As pr�ticas esportivas, tendo como principal atividade o futebol de sal�o, continuam funcionando, mas n�o cobrem os custos. "N�o acredito que os eventos voltem antes de dezembro de 2022, e, caso aconte�a, vir�o com muitos protocolos." Antes da pandemia, eram 71 funcion�rios, hoje s�o quatro.  Foi refer�ncia a uma popula��o economicamente vulner�vel, com poucas op��es de lazer, que trouxe "in�meras gratifica��es", lembra com carinho o propriet�rio. Foram muitas as tentativas de fazer com que esse espa�o abrigasse pol�ticas p�blicas. "Enviamos in�meros projetos a todas as inst�ncias municipais, estaduais e federais. Mas n�o obtivemos resposta", lamenta.


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