
Pensando nisso, um grupo de estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lan�a a campanha #PorTodasBH com o objetivo de mapear os casos de viol�ncia contra a mulher na cidade, tanto os que chegam � Delegacia da Mulher (Deam), quanto os n�o notificados, a fim de torn�-los p�blicos.
Nesta ter�a-feira (1/6), ocorrer� o evento de inaugura��o da campanha que contar� com um debate aberto para tratar da import�ncia do tema e da necessidade de um mapeamento como esse.
"O objetivo � combater a viol�ncia de g�nero pela conscientiza��o social, procurando romper com os padr�es culturais que contribuem para a perpetua��o desse problema, por meio do acesso � informa��o qualificada e escuta humanizada", disse a idealizadora do projeto, Luiza Martins, de 21 anos, que cursa o 7º per�odo da faculdade de Direito.
A estudante contou que com o avan�o do movimento 'exposed' em Belo Horizonte, al�m de v�rios outros projetos que procuravam dar voz � mulher v�tima de viol�ncia, ela percebeu a import�ncia da cria��o de uma plataforma que, independentemente da den�ncia, permitisse que as mulheres contassem sua hist�ria.
"Em junho de 2020, comecei a organizar as ideias e propostas, de forma que, aos poucos, fui delimitando, apoiada pela equipe do CRIM/UFMG, um projeto que conseguisse ter real impacto social. Decidi come�ar por Belo Horizonte, at� para observar as implica��es e resultados, e, a partir da�, inspirar outros jovens estudantes a replicar a��es semelhantes em suas cidades", contou a jovem.
A ideia surgiu a partir do per�odo de est�gio na Delegacia da Mulher (Deam) quando teve contato com os boletins de ocorr�ncia. "Gra�as dra. Isabella Oliveira - delegada titular da Divis�o Especializada em Atendimento � Mulher, ao Idoso, � Pessoa com Defici�ncia e V�timas de Intoler�ncia -, pude ter acesso a esses dados e integr�-los � plataforma, criando um banco de dados mais completo, rico e confi�vel", explica Luiza.
A plataforma contar� com um formul�rio para que mulheres no geral possam relatar seu caso de forma an�nima e sem se vincular � den�ncia.
A equipe do projeto � formada por 37 pessoas - entre professores orientadores, alunos de gradua��o e p�s-gradua��o dos cursos de direito, psicologia, medicina, antropologia e ci�ncias sociais.
A ideia foi colocada em pr�tica a partir do patroc�nio de professores, colaboradores e de uma Vakinha on-line. Assim, o grupo contratou profissionais especializados em programa��o e publicidade e propaganda para a cria��o de material de qualidade.
No site, haver� um sistema de gr�ficos interativo, no qual o usu�rio selecionar� a fonte dos dados que pretende analisar, podendo escolher entre Boletins de Ocorr�ncia ou formul�rios do pr�prio site - aberto para qualquer mulher relatar algum caso de viol�ncia de forma an�nima e sem se vincular � den�ncia. A partir disso, ele poder� determinar as vari�veis para compor o eixo X e Y do gr�fico.
No caso do formul�rio presente no pr�prio site, as vari�veis estar�o de acordo com as perguntas do Formul�rio Nacional de Avalia��o de Risco de Viol�ncia Dom�stica e Familiar contra a Mulher e os questionamentos do pr�prio Boletim de Ocorr�ncia, de forma que as perguntas v�o desde informa��es sobre o perfil da mulher e do agressor - etnia, religi�o, escolaridade, entre outras -, a din�mica da viol�ncia - local, data, rela��o com o agressor - , a din�mica do relacionamento da v�tima com o agressor no caso de se enquadrar em viol�ncia dom�stica e familiar, e as sobre a den�ncia - se foi feita ou n�o, e, no caso de subnotifica��o, os motivos.
"Queremos gerar material de qualidade suficiente para permitir um melhor entendimento do perfil da mulher v�tima de viol�ncia e da din�mica dessa viol�ncia", explicou a idealizadora.
Logo, ela acredita, a academia, as organiza��es da sociedade civil e as pr�prias entidades governamentais conseguir�o estud�-los, estabelecendo medidas mais assertivas e eficientes.
Problema estrutural
A viol�ncia contra a mulher � um problema estrutural e, para combat�-lo, � imprescind�vel entend�-lo para que haja uma atua��o articulada e conjunta dos centros acad�micos, �rg�os oficiais e organiza��es da sociedade civil.
"Para que esse trabalho seja efetivo, � essencial um conhecimento consistente dessa viol�ncia: quem s�o as v�timas, os agressores, a rela��o entre eles e a din�mica da viol�ncia, em ambiente dom�stico e familiar e fora dele", complementa Luiza.
A campanha, ent�o, pretende demonstrar atrav�s de um banco de dados acess�vel, transparente, atualizado e confi�vel a realidade violenta, na qual v�rias mulheres resides em Minas Gerais est�o inseridas.
"Dessa maneira, espera-se influenciar pol�ticas p�blicas que consigam desenvolver de maneira mais efetiva e incisiva a��es, pesquisas e projetos pela igualdade de g�nero", acrescenta a jovem.
Aumento na pandemia
Em rela��o aos dados dos Boletins de Ocorr�ncia, Luiza Martins conta que chamou a aten��o o crescimento de mais de 7% nos casos de viol�ncia dom�stica e familiar entre 2018 e 2020.
"A partir dessa informa��o, � poss�vel investigar diferentes hip�teses, como um poss�vel aumento dos casos de viol�ncia ou mesmo um maior n�mero de mulheres denunciando. Por�m, deve-se levar em conta que no ano de 2020, com a pandemia do COVID-19, intensificaram-se fatores agravantes da viol�ncia dom�stica e familiar, como o desemprego, maior tempo de conv�vio com o agressor, entre outros. Assim, j� era de se esperar um aumento nesses n�meros. A quest�o � que esse aumento pode ter sido bem maior que 7%, afinal os mesmos fatores agravantes s�o os que aumentam os casos de subnotifica��o", complementou.
Lan�amento do projeto
O evento de lan�amento ser� nesta ter�a-feira �s 19h pelo Youtube do CRIM/UFMG, neste link. Ele ser� aberto ao p�blico, gratuito e n�o necessita de inscri��o pr�via.
Nesse evento, o grupo vai debater “a import�ncia do trabalho em conjunto dos �rg�os oficiais, academia e organiza��es da sociedade civil no mapeamento, preven��o e combate � viol�ncia contra a mulher”, tendo uma representante de cada uma dessas esferas.