
Poderia ser um t�pico dia de festa de anivers�rio, mas � muito mais que isso. O motivo da comemora��o � t�o especial quanto nascer de novo. Aos 105 anos, dona Nely Dias venceu a COVID-19 e o tratamento de hemodi�lise depois de ficar internada por 11 longos dias no Hospital de Carangola, na Zona da Mata mineira. Nesta quinta-feira (5/8), para a alegria dos filhos e netos, ela voltou para sua casa, na pequena cidade de Tombos, de 10 mil habitantes.
“Eu vi a morte dentro dos olhos. Gra�as a Deus, at� agora, estou bem. Eu achava que n�o voltaria viva para casa”, relata a centen�ria, que come�ou a sentir forte dor nos rins e pediu aux�lio m�dico.
“Tenho muita f� com Jesus. E eu consegui me salvar. Por isso, sou muito feliz. Os doutores e as enfermeiras gostaram muito de mim”, complementa.
A filha Lucia Dias, de 55 anos, que ficou com a tarefa de cuidar da m�e desde que ela come�ou a perder a vis�o, h� seis anos, acompanhou boa parte desse drama. Nos dias em que dona Nely esteve internada, os familiares fizeram in�meras ora��es, e n�o conseguiram mais v�-la depois que ela foi para o centro de terapia intensiva. “Ela morreu e voltou � vida”, conta a filha.
“Ela foi praticamente sem vida para o pronto-socorro de Tombos no s�bado (24/7). De l�, seguimos para Carangola no domingo (25/7), onde novamente ela paralisou. Ficou praticamente sem vida. A m�dica mandou chamar os filhos e netos, porque achava que ela n�o passaria daquela noite. Mas passou. Na segunda-feira, a neta dela que veio de Vit�ria ficou para acompanh�-la, mas ela foi para o CTI, onde ficou at� hoje”, diz L�cia.

O retorno para o lar foi num clima enorme de felicidade: "Aqui em casa, estava apenas a neta dela. Eu fui buscar ela no hospital e voltamos na ambul�ncia, pois minha m�e teve de fazer oxig�nio. Os vizinhos todos ficaram muito felizes", conta L�cia
COVID
O coronav�rus foi um problema a mais que acabou fragilizando dona Nely. Ela acabou adquirindo a doen�a no per�odo em que esteve internada: “Eles fizeram o teste e afirmaram que ela teve COVID-19. Ela tamb�m nunca havia feito hemodi�lise. Foi a primeira vez. Doeu muito”.
Quando chegou em casa, a primeira coisa que a idosa pediu foi uma tigela de comida da pr�pria casa. “Fiquei seis dias comendo mingau. Comia somente tr�s colheres pela manh� e tr�s � tarde. Estou acostumada a almo�ar e jantar todo dia”, diz dona Nely, em tom bem humorado.
Anivers�rio
A perda da vis�o ocorreu nos �ltimos dois anos. Em seu anivers�rio de 104 anos, em 2019, ela foi vista dan�ando forr� ao lado de parentes, num clima muito agrad�vel.
Em 15 de outubro, caso a pandemia da COVID-19 estiver controlada, parentes e amigos prometem se reunir na casa dela para comemorar novamente mais um ano de vida. “Vai ser em casa mesmo. Eu n�o ando e n�o enxergo mais. Mas tenho duas vidas”.