
O trabalho – que foi lan�ado na vers�o on-line da publica��o alem�, refer�ncia internacional em ecologia – recebeu financiamento da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
A pesquisa tamb�m fez parte do mestrado do estudante no Programa de P�s-Gradua��o em Ecologia Aplicada da UFLA.
O estudo analisou a resposta de diferentes animais que produzem ou n�o o pr�prio calor – classificados como endot�rmicos e ectot�rmicos, respectivamente – � varia��o da temperatura e de produtividade (das plantas) ao longo de um gradiente altitudinal, que variou de 600 a 2.500 metros de altitude no Parque Nacional do Itatiaia, localizado na Serra da Mantiqueira.
Intitulado Temperature and productivity distinctly affect the species richness of ectothermic and endothermic multitrophic guilds along a tropical elevational gradient, o artigo analisou 307 esp�cies, sendo 286 de invertebrados ectot�rmicos e outras 21 de grandes mam�feros endot�rmicos.
O pesquisador Chaim Lasmar explica que foram usadas 400 armadilhas para capturar os invertebrados ectot�rmicos. “As armadilhas ficaram em campo por 48 horas. N�s voltamos em todos os pontos e recolhemos todo o material. No laborat�rio, a gente identificou e separou as formigas, os besouros, os opili�es e as aranhas e depois mandamos para os taxonomistas, coautores do trabalho”, explica.
Em rela��o aos mam�feros, Chaim conta que foram instaladas 14 c�meras ao longo da montanha com o objetivo de fotograf�-los e, posteriormente, catalog�-los. Mais de 20 pessoas – entre pesquisadores e professores da UFLA e contratados do parque – auxiliaram neste trabalho de campo realizado entre 2014 e 2015.
Os dados de temperatura e produtividade das plantas foram coletados com o aux�lio de sat�lites da Nasa.
Resultados da pesquisa publicados no artigo
O estudo apontou que os animais ectot�rmicos e endot�rmicos, de diferentes n�veis tr�ficos, responderam de forma diferente � varia��o de temperatura e produtividade. Esta �ltima, para efeitos ecol�gicos, refere-se ao quanto de energia as plantas produzem para os animais consumirem.
Numa cadeia alimentar tr�fica h� os produtores (geralmente plantas), os herb�voros e on�voros (n�vel tr�fico intermedi�rio que pode assumir dietas herb�voras e de predadores) e os predadores.
“Para ectot�rmicos, quanto maior o n�vel tr�fico dentro da cadeia alimentar, como os predadores que est�o no topo, maior � a dificuldade para conseguir consumir a energia liberada pelas plantas no ecossistema”, aponta Chaim Lasmar durante entrevista ao Estado de Minas.
“Logo, o n�mero de esp�cies de predadores ectot�rmicos foi melhor explicado pela produtividade das plantas do que pelas mudan�as na temperatura”, conclui.
J� para os endot�rmicos, o estudo revela que apesar da produtividade ter influenciado positivamente o n�mero de esp�cies de herb�voros, tal influ�ncia n�o se acumulou nos n�veis tr�ficos maiores, como on�voros e predadores, assim como aconteceu com os animais ectot�rmicos.
“Ao contr�rio do esperado, a temperatura influenciou mais o n�mero de esp�cies de endot�rmicos herb�voros e on�voros do que mudan�as na produtividade. Nenhum dos fatores ecol�gicos em quest�o influenciou o n�mero de esp�cies de predadores endot�rmicos”, complementa.
“Isso pode ter acontecido devido ao fato de que mam�feros herb�voros e on�voros encontram sua alimenta��o nas plantas (folhas e frutos) e em insetos e todos s�o fortemente afetados pela temperatura”, pondera Chaim.
Como conclus�o, o trabalho demonstrou que as diferen�as do papel da temperatura e produtividade ao influenciar o n�mero de esp�cies tamb�m se aplicam quando s�o comparados invertebrados ectot�rmicos e vertebrados endot�rmicos.
“Por fim, baseando-se nesses resultados, alertamos que a mudan�a da temperatura global, al�m de afetar fortemente os animais ectot�rmicos, tamb�m impactar� os animais endot�rmicos, j� que muitas das suas intera��es s�o com animais e plantas sens�veis � temperatura”, finaliza.
Coautores do artigo
Al�m do pesquisador Chaim Lasmar, que conduziu os trabalhos, a pesquisa tamb�m contou com a participa��o dos docentes da UFLA Carla Ribas, J�lio Louzada e Marcelo Passamani, professores no Departamento de Ecologia, e Let�cia Vieira, do Departamento de Ci�ncias Florestais.
Al�m disso, o trabalho contou com parcerias de pesquisadores e professores de outras institui��es. Nesse sentido, tamb�m s�o coautores do trabalho Clarissa Rosa, pesquisadora no Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz�nia, Rodrigo Feitosa, professor na Universidade Federal do Paran�, e Ant�nio Brescovit, pesquisador no Instituto Butantan.