F�ssil de crocodilo que viveu h� 80 milh�es de anos � achado em Uberaba

Uma descoberta importante em Uberaba, na Regi�o do Tri�ngulo, em Minas Gerais, valoriza ainda mais as pesquisas cient�ficas e mostra que, al�m de refer�ncia em gado zebu, o munic�pio � a “Terra dos Dinossauros”, com reconhecimento internacional.

Os pesquisadores Thiago Marinho, paleont�logo, e Luiz Carlos Borges Ribeiro, ge�logo, da Universidade Federal do Tri�ngulo Mineiro (UFTM), identificaram um novo g�nero e esp�cie de um pequeno crocodiliforme do per�odo cret�ceo superior  – aproximadamente 80 milh�es de anos. “Trata-se da primeira esp�cie f�ssil descrita para a unidade geol�gica denominada Forma��o Uberaba, cuja ocorr�ncia se d� principalmente abaixo da malha urbana desse munic�pio”, explica Thiago Marinho.

Batizado Eptalofosuchus viridi, o crocodilo originalmente com 40 cent�metros e on�voro (alimentava-se de pequenos animais e plantas) j� ganhou o mundo nas p�ginas da publica��o cient�fica Cretaceous Research, uma das mais importantes na �rea de geoci�ncias.

Fizeram tamb�m parte do trabalho os pesquisadores Agust�n Martinelli, do Museo Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia” (Buenos Aires, Argentina), Fabiano Iori, do Museu de Paleontologia “Pedro Candolo” em Uch�a (SP); Giorgio Basilici e Marcus Vin�cius Soares, da Unicamp e Andr� Marconato, da Universidade de S�o Paulo.

Segundo o professor Luiz Carlos, que atua no Museu do Dinossauro  da UFTM, em Peir�polis, bairro rural de Uberaba, o animal com cerca 40 cent�metros de comprimento conviveu com dinossauros herb�voros gigantes, como os titanossauros, grandes dinossauros predadores como os megaraptores e pelo menos outras duas esp�cies de crocodilos, de h�bitos carn�voros. O nome Eptalofosuchus viridi faz alus�o ao apelido de Uberaba, “a cidade das sete colinas”, e a t�pica colora��o esverdeada da Forma��o Uberaba.

Descoberta

A identifica��o do crocodilo � recente, mas o achado tem uma longa trajet�ria. O f�ssil foi encontrado em 1966 na escava��o de um po�o em um posto de gasolina na zona sul da cidade, �s margens da rodovia BR-050. Na sequ�ncia, o material foi entregue � equipe do ent�o Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM), aatualmente Ag�ncia Nacional de Minera��o).

No mesmo ano, o paleont�logo do DNPM, Llewellyn Ivor Price, recebeu o f�ssil, que, a partir da�, foi integrdo ao acervo do Museu de Ci�ncias da Terra (MCT), no Rio de Janeiro (RJ).

Em 2016, os paleont�logos Thiago Marinho, do Centro de Pesquisas Paleontol�gicas “Llewellyn Ivor Price” da UFTM e Agust�n Martinelli, do Museo Argentino de Ciencias Naturales “Bernardino Rivadavia” (Buenos Aires, Argentina), em visita ao MCT, identificaram o pequeno bloco de rocha esverdeada contendo o f�ssil.

Sob empr�stimo, o material foi levado a Uberaba e, em seguida, preparado pelo paleont�logo Fabiano Iori, do Museu de Paleontologia “Pedro Candolo” em Uch�a (SP). Nessa etapa, conta Marinho, verificou-se que o material se tratava de um fragmento de mand�bula de um pequeno crocodilo com alguns dentes preservados, que ainda n�o tinha registro nesta forma��o geol�gica. 

 

O destino do f�ssil, segundo Thiago Marinho, ser� o MCT. “Adoraria que ele ficasse em Uberaba, mas n�o pertence � universidade. Nosso objetivo � fazer uma r�plica, em resina, al�m de uma tomografia, para que todos possam ver de perto no museu”. Vale lembrar que o Museu do Dinossauro est� fechado �s visita��o p�blica desde mar�o de 2020 devido � pandemina.

 

 Apesar de f�sseis da Forma��o Uberaba serem conhecidos h� mais de 70 anos, esta � a primeira vez que uma nova esp�cie pode ser descrita para essa unidade geol�gica. Um dos fatores que dificultam a coleta de f�sseis nessas rochas se deve ao fato de que a �rea principal de ocorr�ncia est� exatamente abaixo da malha urbana da cidade.

Uberaba disp�e de uma legisla��o municipal que protege o patrim�nio paleontol�gico e n�o � raro, segundo os pesquisadores, que escava��es para a constru��o civil e aberturas de po�os se deparem com f�sseis, como foi o caso dessa descoberta. Segundo Thiago Marinho, a divulga��o dos resultados � fundamental para o futuro das pesquisas paleontol�gicas em Uberaba: “Quando a popula��o toma ci�ncia das ocorr�ncias de f�sseis, certamente os olhares para as rochas estar�o mais atentos e � a� que novas descobertas v�o surgir”.