
Ouro Preto
- As �guas do Rio das Velhas, por aquelas bandas ainda transparentes, espelham o orgulho dos moradores, refletem belezas naturais e conduzem a outros tempos. Nas margens, h� trilhas e praias que levam o visitante a mergulhar nas profundezas do distrito de S�o Bartolomeu, um dos primeiros de Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas. Famosa pelos doces artesanais, reconhecidos como patrim�nio imaterial do munic�pio, e com delicado patrim�nio cultural e ambiental, a localidade � daquele tipo mineiro – “f�cil de chegar, dif�cil de sair”. Fica sempre o gosto de deixar para tr�s uma pequena por��o do para�so.
Os motivos para concorrer ao selo da OMT, com resultado esperado para o m�s que vem, s�o v�rios, a come�ar pela hospitalidade e pelo “jeito bom do pessoal do lugar”, como se diz bem � mineira. Guiada por Marco Aur�lio Junqueira Mota, o Chumbinho, ambientalista apaixonado pela regi�o e atuante no ecoturismo, a equipe do
Estado de Minas
viu de perto alguns tesouros desconhecidos de brasileiros e estrangeiros e outros largamente admirados. “Esse patrim�nio se mant�m com suas caracter�sticas originais, e a� est� o diferencial”, ressalta o presidente da Associa��o Comunit�ria de Desenvolvimento Social de S�o Bartolomeu, S�rgio Murilo de Oliveira.

No trecho de terra, h� uma profus�o de samambaia�us, quaresmeiras, cip�s, jacarand�s, emba�bas, ip�s e outras �rvores da mata atl�ntica. “Temos 43 cachoeiras no distrito, com 20 abertas � visita��o”, conta Chumbinho. Al�m da caminhada, o visitante pode curtir as trilhas de bicicleta e a cavalo, a fim de descobrir as travessias entre S�o Bartolomeu, Glaura e Ant�nio Pereira. No entorno, como se abra�asse a comunidade, est� a Floresta Estadual Uaimi�, unidade de conserva��o administrada pelo Instituto Estadual de Florestas.
RIO DE SURPRESAS
Quem j� se acostumou com as �guas sempre polu�das, barrentas e sem vida do Rio das Velhas, quando corta a Regi�o Metropolitana de BH, vai se surpreender ao v�-lo em S�o Bartolomeu. L�, o afluente do Rio S�o Francisco esbanja for�a juvenil, oferecendo-se, em longo trecho, ao banho da crian�ada, assim como dos pais e av�s. “A meninada vai nadar quase todos os dias”, conta, sem preocupa��o e ao lado de um p� de manac� florido, Claudilene Aparecida da Silva, m�e de Henrique, de 8 e Alice, e 7. No passeio, Chumbinho vai mostrando as praias alcan�adas sem pressa, a cerca de 800 metros do centro.
Se a vontade n�o for de entrar na �gua, o turista pode ficar na contempla��o, debaixo de uma �rvore. Movidos pela beleza da paisagem, casais at� esquecem as selfies para aproveitar melhor o tempo e o espa�o.
Primeiro distrito por onde o Rio das Velhas passa depois das nascentes na Cachoeira das Andorinhas, na sede de Ouro Preto, e depois da comunidade de Catarina Mendes, S�o Bartolomeu disp�e, desde a d�cada de 1990, de uma Esta��o de Tratamento de Esgoto (ETE) para garantir a manuten��o da limpeza das �guas.
VIAGEM NO TEMPO
Sabe aquela hist�ria de que um lugar parece parado no tempo? Os moradores de S�o Bartolomeu aceitam o coment�rio de bom grado, pois sabem que a compara��o significa preservar tradi��es, manter as caracter�sticas originais, permitir a conviv�ncia das fam�lias com seguran�a e afastar problemas urbanos de dif�cil solu��o. Sustentabilidade ao p� da letra, de forma volunt�ria.

Tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) desde 1960 e interditada desde fevereiro de 2019 por oferecer riscos � seguran�a, a Matriz S�o Bartolomeu n�o s� representa um espa�o sagrado para os moradores como � atrativo tur�stico e local de reuni�es da comunidade de maioria cat�lica. Um dos s�mbolos importantes est� no sino de madeira, que, conforme a tradi��o oral, teria, nos prim�rdios, um badalo de prata. No campan�rio, de onde se tem linda vista, uma placa indica que o sino de madeira foi restaurado em 1997, pela Funda��o Gorceix.
O giro por S�o Bartolomeu permite encontrar um grupo de moradores conversando no in�cio da tarde, admirar os orat�rios dedicados aos santos no alto das casas, se deliciar com os doces da venda de Vicente Quirino Fortes, de 86 anos, principalmente o “tijolo” de goiabada casc�o, visitar o alto da Igreja das Merc�s, do s�culo 18 e, claro, degustar queijos, mel e pinga da boa. Bom de papo, “seu” Vicente sempre tem tempo para contar “causos” e celebrar a vida.
HORA DO ALMO�O

No dia da visita da equipe do EM, quem “salvou a p�tria” foi a presidente da Associa��o dos Doceiros e Agricultores Familiares de S�o Bartolomeu, Pia M�rcia Chaves Carvalho Guerra, � frente dos Doces Vov� Pia. Chegada da escola onde leciona, ela correu para o fog�o, fez um mexid�o caprichado, buscou verduras na horta para a salada e fritou ovos rec�m-colhidos. De sobremesa, goiabada feita no tacho e queijo-minas. Enquanto isso, Chumbinho, que “� de casa” providenciou o refresco com lim�es do quintal.
Entre uma garfada e outra, Pia conta que a produ��o local de doces tem registro de pelo menos dois s�culos. H� relatos de viajantes, no in�cio do s�culo 19, sobre os costumes alimentares na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, e arredores. Ao passar por Cachoeira do Campo, o austr�aco John Pohl escreveu que recebera, de um “bom velho, uma caixa de doces do arraial vizinho de S�o Bartolomeu”.
Com o selo garantido pela conquista, do t�tulo de Patrim�nio Imaterial de Ouro Preto, em 2008, as del�cias artesanais feitas com goiaba, jabuticaba, p�ssego, figo, lim�o, cidra, laranja, mexerica, entre outras frutas, fazem a festa � mesa. J� s�o um convite � visita��o. Mas h� muito mais.
DEZ MOTIVOS PARA VISITAR
1 ) Experimentar os doces artesanais de frutas da regi�o, especialmente a goiabada casc�o
2) Andar pelas ruas contemplando o casario e muros em ru�nas cobertos de buganv�lias
3) Admirar a fachada da Matriz de S�o Bartolomeu, com o sino de madeira, tombada pelo Iphan em 1960, mas interditada desde fevereiro de 2019
4) Provar do queijo, do mel e da cacha�a dos produtores locais
5) Sentar no adro da matriz e depois puxar conversa com os moradores. A hospitalidade merece aplausos
6) Percorrer as trilhas a p�, de bicicleta ou a cavalo
7) Conhecer as cachoeiras, a exemplo da S�o Bartolomeu ou Norata, a 5 quil�metros do Centro
8) Tomar um banho de rio... no caso, o Rio das Velhas, que nasce na Cachoeira das Andorinhas, em Ouro Preto
9) Conhecer o alto da Igreja das Merc�s, de onde se tem uma bela vista do distrito. �timo lugar para fotos
10) Admirar os orat�rios de madeira que ficam no alto de algumas casas da Rua do Carmo
Servi�o
Receptivo S�o Bartolomeu - Turismo Ecol�gico(31) 99890-2890 e 99945-3294