Pol�mica: cresce press�o por vacinas em adolescentes em Belo Horizonte e MG

O fato de o Minist�rio da Sa�de recuar e n�o indicar, na �ltima quinta-feira (16/9), a vacina��o contra a COVID-19 em adolescentes gerou discuss�o em todo o Brasil. Em Belo Horizonte, m�es se mobilizaram pela imuniza��o das pessoas abaixo dos 18 anos. O movimento segue mesmo com os an�ncios da Prefeitura de BH e do governo do estado de que seguir�o vacinando os jovens, ao contr�rio do agora defendido pelo governo federal.

A decis�o do Minist�rio da Sa�de de recomendar a suspens�o da vacina��o de adolescentes pegou participantes da C�mara T�cnica Assessora de Imuniza��es (CTAI) da pasta de surpresa. Os t�cnicos n�o foram consultados sobre a medida e amea�am deixar a comiss�o caso o ministro Marcelo Queiroga n�o volte atr�s.

"O mais grave e que mais surpreendeu os presentes foi a postura dos representantes do Minist�rio da Sa�de durante a citada entrevista coletiva, in�dita em 48 anos de exist�ncia do Programa Nacional de Imuniza��es, trazendo a p�blico d�vidas sobre a vacina��o. Chamou a aten��o orienta��o do Sr. Ministro aos pais para n�o levar seus filhos aos postos de vacina��o contra a COVID-19. Isso pode gerar um dano dif�cil de ser reparado n�o s� nesta campanha, mas a todas as vacinas, especialmente em um grupo onde a ades�o � mais dif�cil, como os adolescentes", diz a nota de resumo da reuni�o feita pelo Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass).

Em Belo Horizonte, a mobiliza��o pela vacina��o de adolescentes at� 17 anos come�ou em um grupo de m�es de estudantes do Col�gio Loyola, escola particular de classe m�dia alta situada no Bairro Cidade Jardim, Regi�o Centro-Sul, mas j� conta com m�es e pais de escolas p�blicas e at� de escolas de ocupa��es, segundo Stella de Ara�jo, de 58 anos. Ela, que � m�dica cl�nica e sanitarista, � uma das mulheres que comp�em o grupo ligado inicialmente ao Loyola e faz coro na press�o para que a imuniza��o aos adolescentes aconte�a.

"Resolvemos fazer uma carta para as m�es e os pais que queiram assinar, para ajudar a pressionar. Minas e BH j� falaram que v�o vacinar se tiver vacina, e vamos pressionar para ter vacina tamb�m, pois S�o Paulo e Rio de Janeiro nem colocaram esse por�m, s� continuaram ignorando o informe federal", disse ao Estado de Minas.

O manifesto, chamado "M�es mineiras pela vacina��o dos adolescentes" tamb�m busca o apoio das autoridades. "Vamos tentar falar com parlamentares para que esse aporte chegue, a gente n�o defende a vacina��o ou de adolescente ou de idosos. Queremos somar as doses suficientes para terceira dose e para adolescentes, vamos monitorar isso. Na pr�xima semana, vamos marcar uma conversa com autoridades e ficar em cima at� o �ltimo adolescente ser vacinado em BH e, porque n�o, em Minas", completou Stella.

EM CORO

Marta Maia tem uma filha que estuda na Escola Estadual Leopoldo de Miranda, no Bairro Santo Ant�nio, tamb�m na Regi�o Centro-Sul da capital mineira, e � outra a participar do coro pela vacina��o dos adolescentes. A professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) relembra que a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) recomendou, no dia seguinte � posi��o do Minist�rio da Sa�de, a manuten��o da imuniza��o das pessoas com menos de 18 anos.

"O Brasil precisa continuar essa vacina��o para poder reduzir os �ndices; BH, inclusive, voltou a crescer. Se a Anvisa autorizou, n�o tem porqu� o ministro da Sa�de, a partir de um presidente que n�o segue recomenda��es pelo fato de n�o usar m�scara, aglomerar e criticar vacinas, n�o seguir a orienta��o da Anvisa. N�o sou m�dica, e mesmo que fosse, quem define isso s�o os �rg�os reguladores. A vacina��o tem que continuar, esses boatos que surgem de mortes de adolescentes j� foram comprovados que n�o t�m rela��o com a vacina, e isso s� prejudica", diz Marta.

Outra m�e na corrente pela vacina��o dos adolescentes � a professora Mariana Dias, de 38, que tem duas crian�as no Centro M�ltiplo de Intera��o e Cultura. "Queremos recuperar o direito � escola, e estamos conversando para criar o ambiente ideal. A vacina��o dos adolescentes, ainda mais agora com as variantes Delta e Mu, � algo que precisa acontecer. As infraestruturas de escola infantil p�blica s�o favor�veis, mas alguns col�gios do fundamental s�o mais prec�rios, tanto da prefeitura quanto do estado. A vacina��o de adolescentes j� avan�ou em alguns lugares e j� debatem at� sobre imuniza��o de crian�as. Como isso, h� tamb�m o direito do adolescente, para que ele volte a frequentar e utilizar seus espa�os".

Minas Gerais informou na sexta-feira (17/8), ap�s o comunicado da Anvisa, que continuaria com a imuniza��o dos adolescentes entre 12 e 17 anos. A decis�o se baseou justamente no an�ncio da ag�ncia reguladora, que vai contra o estabelecido pelo minist�rio – em setembro, a pasta tinha autorizado a imuniza��o, mas voltou atr�s porque a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) n�o deixa claramente definida esta imuniza��o, mas n�o a pro�be.

"A Anvisa afirmou que n�o existe nenhuma restri��o t�cnica da vacina para este grupo. Diante disso, Minas est� liberando pela delibera��o que j� existia, a vacina��o de todos os adolescentes, com ou sem comorbidades", disse o secret�rio de Sa�de de Minas, F�bio Baccheretti.

Jackson Machado, secret�rio de sa�de belo-horizontino, tamb�m se manifestou ap�s informar que a capital seguiria as normas da Anvisa. "A nossa ideia � imunizar pessoas ainda mais jovens, porque sabemos que vacinar este p�blico � extremamente importante para poder controlar a transmiss�o, pois tamb�m circulam pela cidade, e s�o pessoas importantes a serem vacinadas."

Contra a determina��o do governo federal

Ao menos 18 estados e o Distrito Federal se posicionaram favor�veis � vacina��o contra COVID-19 de adolescentes de 12 a 17 anos. Os estados de Minas Gerais, S�o Paulo, Santa Catarina, Piau�, Amap�, Amazonas, Esp�rito Santo, Distrito Federal, Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Cear�, Par�, Rio Grande do Norte, Bahia, Roraima e Acre, al�m do Distrito Federal, planejam manter a vacina��o. As faixas et�rias variam conforme a localiza��o, e a aplica��o depende do estoque de doses dispon�veis. A vacina��o dos jovens de Salvador, Porto Velho e Manaus retornou ontem ap�s interrup��o. 

A Secretaria de Estado da Sa�de de S�o Paulo informou na sexta-feira (17) que as an�lises t�cnicas indicaram que “n�o � a vacina a causa prov�vel do �bito” de adolescente de 16 anos sete dias depois de ter sido vacinada contra COVID-19, em S�o Bernardo do Campo (SP). 

A morte da adolescente foi divulgada ontem pelo Minist�rio da Sa�de em coletiva de imprensa. A secretaria de Sa�de de SP informou que os resultados da an�lise ser�o submetidos � Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa). A jovem morreu no �ltimo dia 2 e havia sido imunizada sete dias antes com a vacina da Pfizer, a �nica que tem autoriza��o da Anvisa para jovens de 12 a 17 anos.Os outros estados n�o se pronunciaram, preferiram seguir a orienta��o do Minist�rio da Sa�de ou n�o iniciaram a vacina��o desta faixa et�ria.

Para os representantes da C�mara T�cnica, os motivos elencados n�o justificam a suspens�o, pois um �nico caso de evento adverso grave n�o justificaria a interrup��o de uma campanha de vacina��o, considerando os 3,5 milh�es de doses j� aplicadas na faixa et�ria.

"Os representantes do Conass e Conasems refor�aram as quest�es j� colocadas, destacando que o Minist�rio da Sa�de n�o s� n�o levou em conta as orienta��es da CTAI, mas tamb�m tomou a decis�o de forma unilateral, sem qualquer consulta ou pactua��o com as demais inst�ncias de gest�o do SUS. As cr�ticas relacionadas a supostos erros de vacina��o, que na verdade representam 0,75% das 3,5 milh�es de doses aplicadas nos adolescentes, desconsideraram o enorme esfor�o de milhares de trabalhadores do Sistema �nico de Sa�de, que h� quase nove meses v�m trabalhando diariamente na vacina��o contra a COVID-19", completa a nota.

Confira o cronograma para os pr�ximos dias

» Hoje: n�o haver� vacina��o

» Amanh�: segunda dose para pessoas de 53 anos, vacinadas com a AstraZeneca. S� poder�o tomar a segunda dose no dia 20 as pessoas de 53 anos cuja data do cart�o de vacina esteja marcada para at� 27 de setembro.

Hor�rio e local

. O hor�rio de funcionamento dos locais de vacina��o em dias �teis � das 8h �s 17h para pontos fixos e extras, e das 8h �s 16h30 para pontos de drive-thru. J� aos s�bados, os postos fixos e extras funcionam das 7h30 �s 14h, e os pontos drive-thru das 8h �s 14h.

. As pessoas convocadas devem se vacinar nos locais listados para cada grupo e sempre checar os endere�os, disponibilizados no portal da Prefeitura (www.prefeitura.pbh.gov.br), antes de se deslocar aos pontos de imuniza��o. A Secretaria Municipal de Sa�de orienta que o usu�rio se vacine no dia da convoca��o.

. Segundo a pasta, caso a pessoa se dirija �s unidades em data posterior, est� sujeita a enfrentar filas, j� que os pontos de repescagem est�o distribu�dos em uma unidade por regional e por tipo de vacina.

"Que al�vio! Demorou, mas chegou. Sou diretora de uma escola e estava apreensiva. Agora, � esperar os 14 dias para me sentir imunizada e muito feliz"

M�rcia Cristina Laurico, pedagoga

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) aplicou ontem a segunda dose para pessoas de 54 anos, vacinadas com a AstraZeneca. S� tomaram o imunizante aqueles cuja data do cart�o de vacina esteja marcada para at� 25 de setembro.

A pedagoga M�rcia Cristina Laurico foi uma das moradores que n�o deixou de comparecer � unidade de sa�de mais pr�xima de sua casa para garantir sua imuniza��o. ''Que al�vio! Demorou, mas chegou. Sou diretora de uma escola e estava apreensiva. Agora, � esperar os 14 dias para me sentir imunizada e muito feliz'', disse.

A advogada Ana Maria de Melo Pinheiro compartilhou da mesma emo��o ao sair do posto de sa�de Centro Nossa Senhora de F�tima, no Bairro Serra, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, no fim da manh� de ontem. ''Estou feliz da vida. � uma sensa��o de tranquilidade mas com certeza vou continuar com os cuidados'', afirmou. Ela ainda agradeceu e elogiou os profissionais de sa�de que a atenderam no posto.

Parte das cidades de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Maranh�o, Pernambuco e at� mesmo Minas Gerais estavam sem o imunizante para aplicar a segunda dose. Isso porque a Fiocruz informou um atraso na entrega do componente utilizado para a produ��o dos imunizantes, chamado de Ingrediente Farmac�utico Ativo (IFA), que vem da China, que complicou toda a log�stica de entrega ao Minist�rio da Sa�de, e, por consequ�ncia, aos estados e munic�pios. Mas, em Belo Horizonte, n�o faltou imunizante para a faixa et�ria.

O consultor de neg�cios internacionais Leonardo �vila contou que estava contando os dias para a 2ª dose. ''A prefeitura demorou a soltar e, pelo cart�o de vacinas, a imuniza��o ocorreria na sexta. Ent�o, fiquei um pouco preocupado. Mas, agora, superaliviado. A AstraZeneca � uma vacina com �tima cobertura. Agora, vou continuar me cuidado, usando m�scara, porque a pandemia n�o acabou'', relatou.

Minas Gerais registrou 52 mortes e 2.406 novos casos de COVID-19, no per�odo de 24 horas. Os dados s�o do boletim epidemiol�gico da Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG), divulgado ontem. Desde o in�cio da pandemia, o estado j� acumulou 2.110.768 casos confirmados e 54.023 mortes pelo v�rus. Al�m disso, os casos em acompanhamento s�o 32.316. Essa classifica��o se refere a pessoas que ainda est�o em tratamento e tamb�m a registros que precisam de atualiza��o por parte das secretarias municipais de sa�de. J� o n�mero total de recuperados � de 2.024.429.