Setembro j� concentra um quarto das ocorr�ncias de inc�ndio de 2021
Minas enfrenta uma temporada hist�rica de inc�ndios florestais. Setembro j� � o que registra mais focos ativos em uma d�cada. Chuva � esperan�a
No dia 17, bombeiros combatiam inc�ndio em uma �rea da Serra do Curral, na Regi�o Centro-Sul de BH, perto da Rua Patag�nia (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
O fato de Minas Gerais arder em chamas em setembro, historicamente, j� � conhecido pela popula��o e pelas autoridades. O problema � que, neste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) computa o m�s com mais focos ativos no estado desde 2011: 4.919. Em m�dia, o Inpe registra um foco ativo em Minas a cada seis minutos neste m�s. Como ele ainda n�o terminou, portanto, pode ser superado o total contabilizado em 2011 (5.930), ou at� mesmo o recorde de 7.489, registrado em 2003.
Para efeito de compara��o, a m�dia hist�rica de setembro, iniciada em 1998, � de 3.301 focos ativos. Em resumo, agora est� 49% acima desse n�vel, de acordo com o instituto. Esses dados s�o apurados via sat�lite. O Corpo de Bombeiros usa uma metodologia diferente. A contabiliza��o ocorre por meio do sistema do n�mero de ocorr�ncias. A corpora��o tamb�m computa uma alta hist�rica.
“Nos nossos atendimentos, a gente j� atingiu, s� at� setembro, o que a gente atendeu no ano passado inteiro, que j� foi o patamar recorde dos �ltimos 10 anos. A m�dia hist�rica fica em torno dos 16 mil chamados via 193. Neste ano, at� setembro, s�o cerca de 20 mil. S� neste m�s, concentramos um quarto das ocorr�ncias de 2021”, afirma o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG).
Como sempre, grande parte desses epis�dios est� ligada � a��o humana. Segundo os bombeiros, a maior parcela dos inc�ndios de setembro se deu em per�metros urbanos, sobretudo na Grande BH. Outra situa��o comum, segundo Pedro Aihara, � na zona rural, onde agricultores colocam fogo em vegeta��o na tentativa de realizar a limpeza de determinadas �reas. A situa��o muitas vezes sai do controle.
De acordo com Aihara, a condi��o cr�tica j� era esperada pela corpora��o no in�cio do ano. Por volta de fevereiro, os bombeiros projetavam per�odo de estiagem maior. Para isso, o CBMMG tentou se antecipar para evitar trag�dias. “Desde o in�cio de fevereiro, a gente est� com a Opera��o Alerta Verde. O objetivo � mapear quais s�o os pontos mais cr�ticos no estado, e o desenvolvimento de a��es preventivas. Nos parques estaduais, por exemplo, fizemos aceiros, treinamento de brigadas e qualifica��o dos �rg�os parceiros", detalha o tenente.
"Existe uma previs�o de chuvas, embora seja uma previs�o t�mida. Muito longe de resolver o problema. Mas, chovendo, pelo menos a gente consegue ter uma umidade maior. Uma vegeta��o um pouco menos seca"
Tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG)
Al�m disso, segundo ele, houve um trabalho dos bombeiros junto �s prefeituras. "A ideia era monitorar aqueles lotes que n�o est�o em condi��es adequadas de manuten��o. Manter os lotes capinados � uma obriga��o dos propriet�rios, conforme o C�digo de Posturas. Ent�o, fazemos um monitoramento de perto de todas as grandes ocorr�ncias”, diz o militar.
Esperan�a
Com a chegada da primavera ontem, as chuvas devem finalmente cair em Minas Gerais em breve. Com elas, a umidade relativa do ar sobe um pouco e diminui a seca, o que torna a vegeta��o ligeiramente menos vulner�vel. Ainda assim, a pluviosidade deve ficar aqu�m do esperado nessas primeiras semanas do per�odo chuvoso. “Existe uma previs�o de chuvas, embora seja uma previs�o t�mida. Muito longe de resolver o problema. Mas, chovendo, pelo menos a gente consegue ter uma umidade maior. Uma vegeta��o um pouco menos seca”, avalia o militar.
M�dia acima de 57% nas �reas florestais
Na ter�a-feira, as labaredas amea�aram resid�ncias no Jardim Taquaril, Zona Leste da cidade (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Respons�vel pelo combate de inc�ndios em unidades de conserva��o, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), ligado � Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), tamb�m contabiliza alto n�mero de ocorr�ncias neste ano. A m�dia hist�rica entre 2013 e 2020 � de 428 registros. Em 2021, at� a segunda-feira, foram 674 – uma diferen�a 57,4% superior.
Quanto � �rea atingida, os dados tamb�m assustam. A m�dia hist�rica � de 8.793,59 hectares (ha) – 24ha por dia – consumidos nas partes internas das unidades de conserva��o. At� 15 de setembro, 2021 indica 6.330,62ha queimados (24,6ha/dia). Na mesma toada, no entorno dessas reservas florestais, a �rea destru�da pelo fogo neste ano j� superou a mediana: 8.242,4 hectares, contra 6.937,15ha.
No balan�o m�s a m�s deste ano, setembro registra o recorde de ocorr�ncias: 199 at� o dia 20. Em �rea queimada, no entanto, julho tem a triste lideran�a: 5.445,32ha de reservas florestais que desapareceram queimados.
De pequenos registros a mata devorada
Dia 9, as chamas tomaram parte do Parque Estadual Serra Verde, na Regi�o Norte de Belo Horizonte (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Num dos tantos epis�dios mais recentes, na ter�a-feira, os bombeiros combateram um inc�ndio no Bairro Cidade Jardim Taquaril, no Leste de Belo Horizonte. As chamas persistiram at� por volta das 20h10. At� mesmo um helic�ptero foi deslocado ao local. O fogo ficou concentrado na Avenida Country Clube de Belo Horizonte, nas proximidades dos bairros Castanheiras e Pirineus. As chamas se alastraram rapidamente pela vegeta��o e chegaram perto de quatro casas.
Cinco viaturas foram enviadas ao local. Moradores tiveram de deixar suas resid�ncias para evitar o risco de queimaduras. Como em outras situa��es, a corpora��o ficou em alerta para o risco de uma poss�vel reativa��o dos focos.
Tamb�m houve registro de ocorr�ncias em outras regi�es de Minas Gerais. No Parque Estadual Pico do Itamb�, entre as cidades de Serro e Santo Ant�nio do Itamb�, na parte Central do estado, um inc�ndio persiste h� tr�s dias. Bombeiros e brigadistas estavam ainda ontem no local.
No Km 233 da BR-462, em Santa Juliana, no Alto Parana�ba, os bombeiros de Arax� apagaram um inc�ndio que consumiu cerca de 300 hectares de vegeta��o. O combate durou cerca de 3h30min e somou esfor�os de funcion�rios de uma fazenda, al�m do apoio de uma aeronave agr�cola.
J� em Manhua�u, na Zona da Mata, os militares apagaram diversos focos isolados durante toda a madrugada de ontem. Nenhuma casa foi danificada, mas os moradores foram orientados a acionar os bombeiros em caso de novos inc�ndios.