Promessas de revitaliza��o da Lagoa da Pampulha seguem sem ser cumpridas

Um cart�o-postal amado pelos belo-horizontinos e amplamente agraciado pelos visitantes, mas que virou s�mbolo de promessas descabidas e casos curiosos ao longo dos anos. Mais que um tradicional ponto tur�stico, a Lagoa da Pampulha se tornou um grande problema para a capital mineira no decorrer das d�cadas, em virtude da sujeira, do descarte de esgoto e da triste polui��o. Desde ent�o, diversas promessas para revitaliza��o do espa�o n�o foram cumpridas.

 

 

O assunto novamente vem � tona depois que as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem e a Companhia de Saneamento B�sico de Minas Gerais (Copasa) se reuniram para identificar medidas precisam ser trabalhadas para chegar em uma solu��o definitiva para a limpeza do ponto tur�stico de Belo Horizonte. O local corre o risco de perder o t�tulo de Patrim�nio Cultural da Humanidade. Hoje, h� pelo menos 9,8 mil im�veis sem liga��o com a rede de esgoto – 79% deles ficam na cidade da Grande BH, e outros 21% na capital - que despejam os desejos no local. 

Entre promessas e hist�rias inusitadas, a lagoa entrou definitivamente para o folclore da capital mineira. Em 1962, por exemplo, o advogado e radialista Nelson Thibau  tornou-se conhecido em todo o Brasil por prometer levar o mar para os belo-horizontinos. “A gente constr�i um aqueduto para trazer a �gua de Angra dos Reis para Belo Horizonte, retira a �gua que se encontra represada na Lagoa da Pampulha e faz uma chapada de brita com piche para proteger”, idealizou, em sua campanha � prefeitura.

Caso vencesse a elei��o, ele tamb�m disse que colocaria um navio na lagoa. Em suas campanhas, ele levou um barco para o centro da capital para “simbolizar a chegada do mar”. 

Nos anos 2000, durante o mandato de C�lio de Castro, foi novamente feito o compromisso de que a Lagoa da Pampulha seria usada para nado em 10 anos. Nessa �poca, a prefeitura criou o Programa de Recupera��o e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da Pampulha (Propam), mas os planos n�o sa�ram do papel. 

Anos mais tarde, a ideia seria transformar a lagoa em espa�o para pr�tica de remo, com instala��es de arenas de esportes pr�ximo � Igreja da Pampulha. Mais uma vez, o projeto ficou pelo caminho.

Marcio Lacerda, prefeito de BH entre 2009 e 2017, tamb�m usou a Lagoa da Pampulha para fazer promessa. Na Copa do Mundo de 2014, a promessa � de que a lagoa ficaria limpa para a aprecia��o dos turistas. Em seguida, a prefeitura implantaria t�xis aqu�ticos para levar os visitantes aos principais pontos da regi�o, como o Museu Arquitet�nico, a Igreja de S�o Francisco e a Casa do Baile. 

Depois, Lacerda prometeu transform�-la em espelho d´ï¿½gua para a pr�tica de esportes n�uticos. O ent�o prefeito disse que queria velejar na Pampulha. “H� avan�os para torn�-la 'Classe 3'. Daremos a ela um aspecto muito mais bonito, sem os odores desagrad�veis, podendo ser usada para esportes. Eu, inclusive, pretendo j� no pr�ximo ano praticar esportes n�uticos", afirmou Lacerda, em 2016. 

Em 1954, 11 anos depois de a lagoa ser constru�da, uma barragem se rompeu, causando inunda��o de casas e da pista do aeroporto da Pampulha. Uma semana antes do incidente, uma fenda na barragem, acima da pista do terminal da Pampulha, tinha sido detectada, mas nenhuma provid�ncia foi tomada.

 

Professora de educa��o f�sica e ex-atleta, Helo�sa Pinheiro Miraglia ganhou notoriedade na capital por caminhar pelo lago seco do complexo, que nessa �poca era refer�ncia no lazer da capital. 

“A gente acompanhava todo o desenrolar da trag�dia do rompimento. Um dia, quando eu participava de um retiro em uma casa em frente � Casa do Baile, tivemos uma pausa e resolvemos ir at� o Iate (T�nis Clube). Para isso, tivemos a ideia de atravessar pelo leito seco. A lagoa n�o � funda. Para surpresa nossa, devia ter, no m�ximo, um metro e meio. Fomos e voltamos pelo mesmo caminho”, contou ao Estado de Minas em 2019.