
Trinta e sete munic�pios mineiros ficaram sem registros oficiais de casos da COVID-19 durante dois meses, entre 24 de julho e 24 de setembro. No mesmo per�odo, em 420 das 853 cidades do estado n�o ocorreram mortes provocados pelo coronav�rus. As informa��es constam em levantamento feito pela Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG).
Segundo a pasta, as 37 cidades que tiveram “zero COVID-19” nesse per�odo pesquisado s�o munic�pios de baixa popula��o, espalhados por 10 regi�es do estado, sendo o maior deles Rio Pomba, de 18.007 habitantes, na Zona da Mata.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Est�v�o Urbano, afirma que, junto com o “efeito rebanho que a vacina��o em massa come�a atingir”, o baixo contingente populacional contribuiu para que essas cidades conseguissem �xito no combate � pandemia.
Ele alerta, por�m, que o fato de as cidades permanecerem dois meses sem notifica��es da doen�a n�o significa que n�o ter�o mais casos de contamina��o do v�rus, que pode ser “reintroduzido” nos referidos munic�pios, inclusive com a contamina��o de moradores que viajarem para outros lugares, seja a trabalho ou a passeio.
E adverte que as autoridades sanit�rias e a popula��o de munic�pios que conseguiram zerar locais devem manter as medidas preventivas contra transmiss�o da COVID-19, como o isolamento social e o uso de m�scaras, pois o relaxamento dos cuidados poder� permitir o retorno do coronav�rus e o surgimento, ou at� o aumento, de novos casos.
Um exemplo foi Piracema, no Centro Oeste de Minas. O munic�pio de 6.386 habitantes conforme o IBGE estava na lista de “COVID-19 zero” . Por�m, um surto recente de casos obrigou a prefeitura inclusive a suspender as aulas presenciais por 14 dias. Segundo moradores, uma festa particular que reuniu centenas de pessoas, inclusive moradores de outras cidades, seria o prov�vel foco de dissemina��o do v�rus.
Aten��o constante
“A vacina gera uma imunidade, gera uma barreira, mas sabemos que a vacina n�o protege 100% (das pessoas) contra a infec��o. Ent�o, do mesmo jeito que est� tudo bem agora, se houver um relaxamento, uma sensa��o de que a pandemia acabou, pode piorar novamente. Exemplo disso s�o os Estados Unidos, onde foram registrados dois mil mortos (da COVID-19) nos �ltimos dias”, afirma Urbano.A Secretaria Estadual de Sa�de, que divulgou os n�meros sexta-feira (24/09), informou que o levantamento foi feito com base no seu sistema de dados (Sivep), cujo preenchimento � de responsabilidade dos munic�pios. A pasta considera que foi “um conjunto de fatores contribuiu para a diminui��o dr�stica dos casos e �bitos em diversos munic�pios nesses �ltimos meses”.
Lembra que mais de 47% da popula��o mineira acima de 18 anos de idade j� completou o esquema de vacina��o contra o coronav�rus, sendo que o percentual de aplica��o da primeira dose atingiu 93% entre os adultos no estado. “Com isso, a taxa de incid�ncia da doen�a em Minas caiu 14% nos �ltimos sete dias e as solicita��es de interna��es tiveram queda de 34,6% em quatro semanas”, informou a SES-MG.
Preven��o n�o pode ser ignorada
As a��es preventivas e as restri��es � circula��o de pessoas, que envolveram a suspens�o das atividades presenciais no com�rcio e servi�os p�blicos foram determinantes para a redu��o dos casos da COVID-19 nos pequenos munic�pios de regi�es de baixa renda. A opini�o � do professor Gustavo Henrique Cepolini Ferreira, do Departamento de Geoci�ncias da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).“As medidas preventivas foram essenciais nos pequenos munic�pios, tendo o em vista a infraestrutura da rede de sa�de p�blica, conforme apontamos nos primeiros levantamentos realizados”, afirma Cepolini. Ele coordenou o estudo “A espacializa��o da COVID-19 na mesorregi�o do Norte de Minas Gerais: breve an�lise epidemiol�gica e geogr�fica”, no �mbito do projeto Geografia em Sa�de, do Departamento de Geoci�ncias da Unimontes.
"Cuidados devem seguir em fun��o da segunda e at� mesmo da terceira dose da vacina contra a COVID-19"
Gustavo Henrique Cepolini Ferreira, professor e pesquisador da Unimontes
“Em fun��o das medidas preventivas, os n�meros de vidas ceifadas e de casos de coronav�rus n�o foram ainda maiores no estado de Minas Gerais, e tamb�m no Brasil”, acredita o professor da Unimontes. “Tais cuidados devem seguir em fun��o da segunda e at� mesmo da terceira dose da vacina contra a COVID-19, j� aplicada para determinados grupos e faixas et�rias”, recomenda Gustavo Cepoline.
Conscientiza��o
O aperto da fiscaliza��o do cumprimento das restri��es por parte de comerciantes e dos moradores e palestras junto aos moradores para mostrar os verdadeiros riscos da COVID-19, combatendo o negacionismo, est�o entre as medidas adotadas nos munic�pios do Norte de Minas que conseguiram atingir o �ndice zero de casos de coronav�rus.
A coordenadora do departamento de Sa�de da Associa��o dos Munic�pios da �rea Mineira da Sudene (Amams), Dayane Ferreira, afirma que a redu��o de casos e mortes pela COVID-19 nos pequenos munic�pios da regi�o resulta de estrat�gias de informa��o e conscientiza��o da popula��o sobre as medidas de higieniza��o e distanciamento social e dos decretos municipais com as medidas restritivas, al�m do avan�o da vacina��o em massa.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Est�v�o Urbano, afirma que o avan�o da vacina��o em massa da popula��o e o fato de os lugares terem popula��es menores foram determinantes para redu��o da transmiss�o da doen�a nas 37 cidades que, de acordo com a SES-MG permaneceram 60 dias sem registrar novos casos da COVID-19. Por�m, chama aten��o para a import�ncia da manuten��o das medidas restritivas e do cumprimento dos protocolos preventivos.
“� muito bom que tenha acontecido isso (sem registro de novos casos em dois meses). � um �timo sinal, mas n�o � sinal para flexibiliza��o de quaisquer restri��es, principalmente, daquelas mais importantes, como o distanciamento, uso de m�scaras e higieniza��o das m�os”, pondera. “N�o podemos relaxar. As pessoas ainda podem se contaminar quando saem e voltam para a cidade, quando v�o sair da cidade para trabalhar ou mesmo para alguma viagem de turismo. Esse v�rus pode se reintroduzir na cidade novamente”, observa o infectologista.
Norte de Minas
O aperto da fiscaliza��o do cumprimento das restri��es por parte de comerciantes e dos moradores, e palestras junto aos moradores para mostrar os verdadeiros riscos da COVID-19, combatendo o negacionismo, est�o entre as medidas adotadas nos munic�pios do Norte de Minas que conseguiram atingir o �ndice zero de casos do novo coronav�rus nos �ltimos dois meses.
“Apertei a fiscaliza��o (do cumprimento das medidas restritivas). Conseguimos avan�ar bem na vacina��o. Al�m disso, coloquei uma equipe para ir de comunidade em comunidade, mostrando a realidade da doen�a com a realiza��o de palestras explicativas”, relata o prefeito de Pedras de Maria da Cruz, Rodrigo Alexandre Fernandes (PP).
“Enquanto outras cidades entraram na onda verde, eu mantive as medidas de acordo com a onda amarela. Fiquei na onda verde apenas uma semana”, afirma Fernandes, se referindo as restri��es do Programa Minas Consciente, do Governo do estado.
O prefeito de Santa Cruz de Salinas, Jos� Saraiva Gomes (PSL), tamb�m afirma que conseguiu a condi��o de n�o ter mais nenhum caso de coronav�rus nos �ltimos dois meses na cidade com o refor�o da fiscaliza��o, al�m da melhoria assist�ncia � popula��o. “Montamos dois centros de atendimento da COVID-19. Colocamos fiscais sanit�rios nas ruas, al�m de carros de som para orientar a popula��o”, afirma o prefeito, conhecido como “Z� de Bil�”.