
Ouro Preto –
As sucessivas paralisa��es na obra de restauro do Solar Pedrosa, no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas, decepcionaram moradores e defensores do conjunto arquitet�nico da cidade reconhecida como Patrim�nio Mundial. Prometido para as comemora��es dos 300 anos da Capitania de Minas, em 2020, o servi�o ficou em compasso de espera e agora recome�a, trazendo al�vio para moradores, pois j� tem previs�o de t�rmino.
Para envolver a comunidade na obra, disse a secret�ria, os tapumes que protegem a constru��o v�o receber interven��es a cargo dos artistas locais. Uma parte dessa prote��o que havia tombado, conforme foi apurado por servidores municipais, ocorreu ap�s um homem b�bado se desequilibrar e cair sobre algumas placas de madeira.
�cone do distrito
O casar�o com dois andares ocupa lugar de destaque na paisagem de Cachoeira do Campo, ficando bem perto da Matriz de Nossa Senhora de Nazar�, que foi cen�rio de momentos �picos como a Guerra dos Emboabas (1707-1709). Nos �ltimos anos, o Estado de Minas vem registrando o “pare e siga” do restauro, iniciado h� exatos tr�s anos, do Solar Pedrosa, alvo de recursos de financiamento da Prefeitura de Ouro Preto no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), no valor de R$ 1 milh�o e contrapartida do munic�pio de R$ 200 mil.
Houve motivos diversos para a interrup��o da obra. Em 19 de janeiro de 2019, a prefeitura informou que a situa��o se devia ao per�odo eleitoral, o que ocasionava o atraso no repasse dos recursos por parte do banco. Na �poca, 20% dos servi�os foram conclu�dos e o pr�dio trazia a placa, j� retirada, com os dados t�cnicos sobre a obra. “A gente passa aqui na frente e fica preocupada, pois uma hora tem gente trabalhando, outra hora est� vazio. � um patrim�nio da cidade, n�o pode ficar sem defini��o. Tomara que terminem logo”, disse uma moradora orgulhosa da hist�ria de Cachoeira do Campo, um dos distritos mais antigos de Ouro Preto.
Conforme estudos, havia no distrito 230 im�veis hist�ricos, metade sobrados, metade casar�es, restando apenas, na Pra�a Felipe dos Santos ou da Matriz, o Solar Pedrosa, nome de uma fam�lia que ali residiu. Dos casar�es, h� um de pedra perto da igreja que atrai a aten��o dos visitantes.
Servi�os

Iniciada em setembro de 2018, a obra no sobrado tinha, na �poca, estimativa de ser conclu�da em sete meses. O primeiro e segundo andares do pr�dio do fim do s�culo 18 e come�o do 19 ainda se encontram “jur�dica e oficialmente sem defini��o”, mas, segundo a secret�ria Margareth Monteiro, ser�o espa�os culturais, com oficinas e outras atividades. O im�vel foi inventariado pela Prefeitura de Ouro Preto em 2007 e desapropriado tr�s anos depois.
A decad�ncia do pr�dio levou, em 2015, o Minist�rio P�blico Minas Gerais (MPMG), por meio dos promotores de Justi�a, Marcos Paulo de Souza Miranda, ex-coordenador das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC), e o da comarca, Domingos Ventura de Miranda J�nior, a intervir e pedir o escoramento, feito com pe�as de madeira e metal. Na �poca, as autoridades municipais descartaram o desabamento e esclareceram que, “ao assumir a pasta e por conhecer a import�ncia da edifica��o, foi colocada toda a equipe para fazer projeto e buscar as parcerias institucionais para o restauro”.
Hist�ria
Embora n�o seja uma edifica��o da �poca da Sedi��o de Vila Rica ou Sedi��o de Filipe dos Santos (1720), o Solar Pedrosa � um monumento importante do distrito e de Ouro Preto, localizado bem ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora de Nazar�. Vale destacar que, dentro do templo barroco, ainda em constru��o em 1708, o portugu�s Manuel Nunes Viana se sagrou, por aclama��o popular, primeiro governador das Gerais. Eram tempos da Guerra dos Emboabas e o distrito distante 22 quil�metros da sede municipal foi campo da batalha mais sangrenta na disputa pelo ouro.