
Horas depois da greve anunciada pelos trabalhadores do transporte p�blico de Belo Horizonte, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte P�blico de Belo Horizonte (Setra-BH), Raul Leite, afirmou que o reajuste dos sal�rios e a negocia��o de outros benef�cios s�o invi�veis diante dos altos custos que a opera��o exigiria.
Em entrevista na tarde desta segunda-feira, ele afirmou que o sistema passa por colapso nos gastos, o que tornaria invi�vel uma negocia��o com os funcion�rios do setor.
“Entendemos o m�rito do pedido dos empregados, sabemos que nossa for�a de trabalho � dedicada e competente, trabalhando com gana nessa pandemia. Eles merecem um aumento. Mas se aument�ssemos 10% em cima de R$ 35 milh�es, que � a folha de pagamento, ir�amos para R$ 38,5 milh�es ou R$ 39 milh�es. N�o fecharia a conta. Entrar�amos em modo de auto-destrui��o”.
“O sistema arrecada R$ 60 milh�es por m�s, mas gasta R$ 100 milh�es. Estamos sempre no negativo”, acrescentou.
Ele v� necessidade de reajustar o valor das passagens de �nibus da capital, que custam R$ 4,50. Desde 2019, o valor n�o sofre mudan�as. Na semana passada, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) afirmou que a tarifa n�o teria aumento em 2021.
Para Raul Leite, uma op��o seria buscar rendas extras para financiar o transporte da capital. “Precisamos buscar novas receitas extra tarif�rias, que poderiam ser de publicidade, estacionamento rotativo, multas de tr�nsito, a cria��o de uma taxa de mobilidade cobrada sobre os im�veis que tenham vagas de garagem, tudo isso em benef�cio dos mais pobres que hoje pagam R$ 4,50. Se isso pudesse ser implementado, como em outras cidades, a tarifa poderia ser reduzida ou mesmo se manteria”, sugere Leite.
D�ficit
O Setra-BH alega d�ficit operacional. Segundo c�lculos da entidade, com base em outubro deste ano, com o transporte de 20 milh�es de passageiros, com tarifa m�dia de R$ 3,20, a arrecada��o � de R$ 64 mil. Desse total, R$ 27 milh�es foram para o diesel. Contando com a folha de pagamento, de R$ 35 milh�es por m�s, sobram, segundo o Setra-BH, R$ 2 milh�es para impostos e outras obriga��es, que v�o da manuten��o dos �nibus �s garagens.
Greve continua
Nesta segunda-feira, o Sindicato dos Trabalhadores Rodovi�rios de Belo Horizonte (STTRBH) optou pela manuten��o do movimento grevista, o que pode afetar ainda mais a vida da popula��o.
Uma tentativa de concilia��o entre trabalhadores e empresas foi feita em reuni�o � tarde na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), mas as negocia��es fracassaram.
Os trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 9% (INPC mais as perdas dos �ltimos anos), t�quete-alimenta��o de R$ 800, o pagamento do t�quete no atestado, remo��o do banco de horas e o abono salarial de 2019 e 2020.
A retirada da limita��o do passe livre, manuten��o do passe livre para o afastado e melhorias no plano de sa�de tamb�m fazem parte da negocia��o.
Na sexta-feira, o desembargador Fernando Luiz Gon�alves Rios Neto, 1º Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3ª Regi�o, determinou que pelo menos 60% da frota circulasse em BH, com multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento da norma.
Por�m, muitas linhas rodaram sem o m�nimo exigido. A maioria das esta��es da capital contou com poucos �nibus e muita gente na fila. (Colaborou Cristiane Silva)