
“Toda essa discuss�o busca, fundamentalmente, antecipar os investimentos com rela��o � necessidade de atender as demandas regionais e locais em rela��o ao conflito da ferrovia com a municipalidade, bem como adicionar cargas e demandas que existam na regi�o no sentido de ampliar a oferta do transporte ferrovi�rio e migrar cargas de rodovia para ferrovia”, explica o coordenador de transporte ferrovi�rio da Ag�ncia Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), Jean Mafra.
S� neste ano o governo federal planejava conceder mais de 50 ativos � iniciativa privada, por meio de concess�es, privatiza��es e renova��es, em todos os modais. Isso inclui aeroportos, portos, rodovias e ferrovias, com foco neste �ltimo.
A ideia � tornar as ferrovias uma alternativa log�stica com maior potencial para o escoamento da produ��o brasileira. S� em Minas a FCA, sob concess�o da VLI at� o in�cio de 2027, corta cerca de 100 munic�pios.
A prorroga��o da concess�o para mais 30 anos est� condicionada � aprova��o do plano de trabalho que deve contemplar as demandas. Os investimentos que dever�o ser aprovados pelo Minist�rio da Infraestrutura ser�o executados at� o in�cio de 2027, no t�rmino do contrato. Para isso, a renova��o deve ocorrer nos pr�ximos dois anos.
Demandas
Estudo realizado pela Secretaria Municipal de Tr�nsito e Transporte (Settrans) de Divin�polis, polo do Centro-Oeste, aponta pontos cr�ticos nas travessias centrais. “Quando as composi��es passam por esses locais gera uma grande fila, reten��o de ve�culos e atrasa as pessoas dificultando a mobilidade, principalmente de transporte coletivo por travar e atrasar o cumprimento de hor�rios”, explica o secret�rio de tr�nsito, Lucas Estevam.
Dentre as sugest�es est� a constru��o de contorno vi�rio ou de viadutos e passarelas, por exemplo, no cruzamento das ruas Ant�nio Ol�mpio de Morais e Sergipe/Av. do Contorno. Outra possibilidade debatida h� anos - e menos prov�vel - � a transposi��o dos trilhos para a �rea rural. Entretanto, essa alternativa demandaria tempo e dinheiro.

Cr�tico ao atual contrato, o deputado federal Domingos S�vio (PSDB) – autor do pedido para a audi�ncia - afirmou que o novo contrato deve contemplar os munic�pios na propor��o dos transtornos. “A concess�o deve atender ao interesse p�blico e n�o ao de uma empresa. Ela passa por todas as cidades e precisa beneficia-las. Hoje, ficamos com o barulho do trem”, comenta.
As reuni�es devem se repetir em outras regi�es como Vale do A�o.

Economia
Empres�rios e prefeitos veem na renova��o da concess�o a possibilidade de fomentar a economia. “Qualquer contrapartida que reverte para os munic�pios atinge o desenvolvimento, atinge a ind�stria, o com�rcio, o servi�o. A gente espera que seja uma concess�o equilibrada”, afirma o presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) regional Centro-Oeste, Eduardo Soares.
A constru��o do porto seco � um dos projetos sonhados. Projetado no Complexo da Ferradura, entre Divin�polis e Carmo do Cajuru, ele seria alternativa para o escoamento de produtos. “Hoje a VLI utiliza o sistema ferrovi�rio como ponta de passagem em nossa regi�o. Isso tem dificultado muito a quest�o do desenvolvimento, da exporta��o dos nossos produtos, como chegada de mat�ria prima”, destaca o prefeito de Carmo do Cajuru, Edson Vilela (PSL).
Como exemplo, ele cita a demanda da Gerdau, tamb�m em Divin�polis e umas das maiores empregadoras. “Ela consome mais de 60 mil toneladas de min�rio por m�s e, no entanto, esse transporte tem sido feito apenas rodovi�rio”, explica.
Com foco em commodities, hoje, a VLI n�o atua com o transporte de min�rio, entretanto haveria, por meio de autoriza��o, como permitir que outras empresas utilizassem a ferrovia sob a concess�o dela.
“A pr�pria VLI tem terrenos naquele espa�o (Complexo da Ferradura) que vislumbrava naquela �poca essa log�stica para transporte intermodal, conectar a ferrovia ao sistema de diferentes modais para a nossa regi�o”, explica o secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico de Divin�polis, Luiz �ngelo Gon�alves.
Oficina
A linha f�rrea que percorre o Centro-Oeste integra o Corredor Centro-Leste da Ferrovia Centro-Atl�ntica. O ramal possui um fluxo log�stico com voca��o para o mercado sider�rgico e de gr�os.
Tamb�m fica em Divin�polis a Oficina de Manuten��o de Material Rodante. Trata-se de locomotivas e vag�es da Am�rica Latina. S�o quase 700 profissionais atuando na unidade.
“A unidade de Divin�polis tamb�m funciona como um celeiro de forma��o de m�o de obra, valorizando os programas de porta de entrada, como o Jovem Aprendiz e o est�gio”, afirma a VLI, que se manifestou apenas por meio de nota.
A empresa destacou os projetos de educa��o e est�mulo � conscientiza��o e ao comportamento seguro de moradores, motoristas, ciclistas e motociclistas. Por fim, afirmou que considera a audi�ncia e o envolvimento da sociedade “um passo importante no processo de renova��o”.
Entretanto, atribuiu � ANTT a responsabilidade de aloca��o de recursos para investimentos.
*Amanda Quintiliano especial para o EM