O ministro da Sa�de, Marcelo Queiroga, informou, na noite de ontem, que o governo federal vai recomendar autoriza��o da vacina��o contra a COVID-19 de crian�as de 5 a 11 anos de idade com a vacina da Pfizer desde que estas tenham prescri��o m�dica para tomar o imunizante. A novidade veio no mesmo dia em que a pasta abriu uma consulta p�blica para avaliar a inclus�o do grupo pedi�trico na campanha de vacina��o contra o novo coronav�rus.
“O documento que vai ao ar (na consulta p�blica) � um documento que recomenda o uso da vacina da Pfizer nessa vers�o aprovada pela Anvisa. A nossa recomenda��o � que essa vacina n�o seja aplicada de forma compuls�ria. Ou seja, depende da vontade dos pais. Os pais s�o livres para levar os seus filhos para receber essa vacina. E essa vacina estar� vinculada a prescri��o m�dica, e a recomenda��o obedece todas as orienta��es da Anvisa”, disse Queiroga.
Segundo Queiroga, este � o documento que ser� colocado para consulta p�blica para que a sociedade civil possa opinar sobre a recomenda��o. Depois que a recomenda��o passar pela consulta e audi�ncias p�blicas, o ministro diz que pode iniciar a campanha de vacina��o da faixa et�ria “em curto prazo”. “Esperamos as contribui��es da sociedade, mas de antem�o quero deixar todos tranquilos que uma vez decidido pela aprova��o dessa regra, que o grupo da Secovid trabalhou, n�s j� temos condi��es de come�ar essa vacina��o dentro de um prazo bastante curto”, disse, sem indicar quando prev� o in�cio da aplica��o para esse grupo.
A postura do ministro mais cedo, no entanto, era diferente. Ao conversar com os jornalistas, Queiroga indicou, mais uma vez, n�o ter pressa para come�ar a vacina��o infantil, j� que "os �bitos em crian�as est�o absolutamente dentro de um patamar que n�o implica em decis�es emergenciais”. A fala foi duramente criticada por governadores e parlamentares.
O pa�s registrou 301 mortes pela COVID-19 de crian�as entre 5 e 11 anos desde o in�cio da pandemia at� 6 de dezembro, e o ministro da Sa�de n�o parece ser impactado pelo n�mero de fam�lias que perderam filhos, sobrinhos e netos em decorr�ncia da infec��o pelo novo coronav�rus. A condi��o, segundo ele, de os �bitos estarem dentro em um patamar “favorece que o minist�rio possa tomar uma decis�o baseada na evid�ncia cient�fica de qualidade, na quest�o da seguran�a, na quest�o da efic�cia e da efetividade”, disse o ministro. A qualidade, seguran�a, efic�cia e efetividade da vacina contra a COVID-19 da Pfizer para crian�as de 5 a 11 anos, contudo, j� foi atestada pela Anvisa, em 16 de dezembro.
A consulta p�blica que deveria ter sido aberta ontem no site do Minist�rio da Sa�de, no entanto, n�o estava dispon�vel para acesso at� o fechamento desta edi��o. As contribui��es apresentadas pela sociedade civil na consulta, aberta at� 2 de janeiro, ser�o objeto de uma audi�ncia p�blica, que ser� realizada em 4 de janeiro. S� no dia seguinte, em 5 de janeiro, o Minist�rio da Sa�de vai dar o parecer final sobre a vacina��o.
Ainda que opte por vacinar as crian�as de 5 a 11 anos, a pasta ainda ter� que negociar novas vacinas da Pfizer, porque, por ser diferente do imunizante da farmac�utica j� comprado e aplicado no Brasil em pessoas a partir de 12 anos, � necess�rio que uma nova remessa chegue ao pa�s para que seja iniciada a imuniza��o de crian�as.
Cr�ticas
Diante da resist�ncia do governo federal na vacina��o de crian�as de 5 a 11 anos, especialistas e sociedade m�dicas brasileiras t�m se manifestado diariamente para alertar sobre os riscos que a demora na inclus�o do p�blico pedi�trico na campanha da imuniza��o podem trazer ao pa�s. Ontem, um grupo composto por mais de 70 especialistas de diferentes �reas assinou um documento que mostra refer�ncias e dados que destacam a import�ncia e pressa em vacinar as crian�as.
“N�o h� controv�rsias na comunidade cient�fica sobre a seguran�a e a efic�cia desta vacina para a faixa et�ria estipulada”, afirma o posicionamento exposto no site “Todos pelas vacinas”. Para os especialistas, a abertura de uma consulta p�blica � desnecess�ria e “abre caminho para o aumento da hesita��o vacinal na popula��o e para o fortalecimento do movimento antivacina no pa�s”.
Para a infectologista Nanci Silva, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a vacina��o das crian�as de 5 a 11 anos � urgente e segura. “Os fatos mostram que n�o h� riscos na vacina��o desta faixa et�ria. Em alguns outros pa�ses, como no Canad�, Estados Unidos e Israel, � poss�vel observar que a vacina��o dessa faixa et�ria tem sido segura e com menor risco de doen�as do que a exposi��o natural � COVID-19”, disse. Segundo a Anvisa, at� o momento, oito ag�ncias reguladoras de todo mundo j� autorizaram a vacina da Pfizer para crian�as de 5 a 11 anos.