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Estado de Minas TRADI��O DE NATAL

Papais No�is da Grande BH ganham at� R$ 8 mil s� no dia 24 de dezembro

De volta aos eventos, bom velhinho est� com agenda cheia neste fim de ano, mas vida de Papai Noel n�o � f�cil: jornadas chegam a 12 horas, de segunda a segunda


24/12/2021 04:00 - atualizado 24/12/2021 08:05

José Eustáquio Starling vestido de Papai Noel durante trabalho em um shopping do Centro de Belo Horizonte
Jos� Eust�quio Starling trabalha como Papai Noel em um shopping do Centro de Belo Horizonte (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
"Ho, ho, ho! Um feliz Natal a todos!", deseja Jos� Eust�quio Starling, que encarna o Papai Noel em um shopping no Centro da capital mineira. A gargalhada nunca foi t�o genu�na. Ap�s 20 meses de isolamento, o profissional est� de volta aos eventos natalinos, com agenda lotada desde o in�cio de novembro at� as 23h de hoje. "O encantamento de uma crian�a diante da gente � algo indescrit�vel, n�o tem dinheiro que pague", comenta o aposentado, que interpreta o personagem h� 9 anos.

Os ganhos proporcionados pela atividade, contudo, sem d�vida, animam os bons velhinhos de BH e regi�o, que cobram at� R$ 2 mil por meia hora de entretenimento no dia 24, data em que s�o mais requisitados. Em pouco mais de 40 dias de trabalho, alguns chegam a embolsar R$ 20 mil.

O dinheiro � certamente "suado". Nos tronos dos shoppings, carros de desfile e festas diversas, Papais No�is encaram jornadas de at� 12 horas, sete dias por semana. Al�m disso, sacrificam a ceia de Natal com a pr�pria fam�lia.

"Garanto que vale muito a pena. E n�o � pelo dinheiro que, claro, � muito bem-vindo. N�o conhe�o um �nico Papai Noel que n�o goste do que faz. Grande parte, inclusive, come�a atuando voluntariamente. � muito gratificante", ressalta Starling, de 74 anos. "Mas � uma maratona e tanto, a gente tem que se preparar", completa o idoso, que atua no shopping do centro desde 7 de novembro, das 9h �s 21h, incluindo s�bados, domingos e feriados.

O contrato vai at� as 16h de hoje. Pouco depois de sair do estabelecimento, ele conta que atender� a mais cinco clientes. S�o fam�lias que o procuraram para a entrega de presentes � crian�ada. As visitas foram marcadas entre 19 e 23h, com dura��o m�dia de 30 minutos.

"Chego em casa bem cansado. S� vou curtir o Natal com os filhos e netos no dia 25, quando fazemos um almo�o", diz o int�rprete, que faz mist�rio sobre os valores negociados em suas apresenta��es. 

Marcos Gomes, vestido de Papai Noel, ao lado da mulher, Glória Maria, que está vestida de Mamãe Noel
Marcos Gomes, de 76 anos, encarna o Papai Noel h� 11. Agora, ele ganhou a companhia da mulher, Gl�ria Maria, de 67, como Mam�e Noel (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A Associa��o dos Papais No�is (Aspanoeis), no entanto, estima que, em 24 de dezembro, um encontro de meia hora com o velhinho varia de R$ 600 a R$ 2 mil, dependendo do hor�rio. Quanto mais pr�xima do hor�rio tradicional da ceia, ou seja, da meia-noite, mais cara a experi�ncia. Quatro encontros como os agendados por Jos� Eust�quio, portanto, podem render at� R$ 8 mil. J� nos shoppings, a remunera��o pela temporada de cerca de 45 dias vai de R$ 6 mil a R$ 20 mil.

"Os valores cobrados aqui em Minas ainda est�o bem abaixo do mercado de S�o Paulo. Por l�, um encontro de meia hora com o Papai Noel no dia 24 n�o sai por menos de R$ 2,4 mil", compara Marcos Henrique Gomes, presidente da Aspanoeis.

Ele comemora o retorno das atividades l�dicas do Natal, vetadas em 2020 em fun��o da pandemia. "Este ano foi melhor para n�s. Ano passado, s� pod�amos trabalhar por videochamada, o que deixa a experi�ncia bastante limitada. O contato presencial com as crian�as, ainda que com normas de seguran�a e distanciamento, � muito mais rica", avalia Gomes, de 76 anos e que performa o �cone da Lap�nia h� 11 anos.

Para minimizar o risco de transmiss�o do novo coronav�rus, na maioria dos estabelecimentos a tradicional fotografia das crian�as no colo do Papai Noel foi substitu�da por "tchauzinho" a 1,5 metro de dist�ncia, com uso obrigat�rio de m�scaras. Medida necess�ria, j� que os profissionais s�o idosos - portanto fazem parte do grupo de risco para a doen�a - e lidam com o p�blico infantil, que ainda n�o foi imunizado.

Encontro com as crian�as

Adalberto Ferreira, de 56, foi a Monte Verde a convite de uma agência trabalhar como Papai Noel
Adalberto Ferreira, de 56, foi a Monte Verde a convite de uma ag�ncia trabalhar como Papai Noel. Ele diz que ganhou 3 vezes o valor que, normalmente, ganharia atuando em shoppings (foto: Tom Araujo/Divulga��o)
As restri��es n�o parecem ter abalado o encantamento das crian�as pelo astro natalino. Que o diga Adalberto Ferreira, que mora em BH e foi a Monte Verde representar o lend�rio personagem, a convite de uma ag�ncia da cidade.

"N�o posso abra�ar as crian�as, nem chegar muito perto delas, mas o brilho no olho � o mesmo. Muitas, inclusive, me contaram hist�rias que me emocionaram. Uma menina, por exemplo, quando eu perguntei o que ela gostaria de ganhar do Papai Noel, respondeu: 'N�o quero nada, eu estava doente e sarei, j� ganhei meu presente'. Os pais dela depois me explicaram que ela havia superado um c�ncer", relata o profissional de 56 anos, no ramo h� cinco. 

Outros tr�s "velhinhos", contratados pela mesma ag�ncia, circulam pelo munic�pio - um investimento consider�vel. S� Adalberto ganhou R$ 20 mil pelo servi�o, que inclui jornadas de 13h �s 19h na Casa do Papai Noel, de sexta a domingo.

"Aqui mesmo consegui um outro trabalho para cobrir minha hospedagem. A empresa paga as di�rias do hotel em que estou instalado de sexta a domingo. Para cobrir os demais dias, acertei com o hoteleiro um 'caf� com o Noel' pela manh�, al�m de uma apresenta��o na ceia que ele deve oferecer no dia 24", diz Ferreira.

O médico veterinário Helvécio Gama, que atua como Papai Noel
O m�dico veterin�rio Helv�cio Gama est� no ramo dos Papais Noeis desde 2019. (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)
Fora dos recessos de fim de ano, o profissional trabalha como atendente de farm�cia. Segundo o profissional, a prepara��o para viver o bom velhinho come�a ainda no primeiro semestre do ano. A barba deixa de ser aparada a partir de maio. "J� a barriga do Papai Noel, eu cultivo h� muitos anos. Peso 115 quilos!", brinca.

Novato da seara barba branca, Helv�cio Gama Filho, de 58 anos, precisou investir em uma "pan�a" posti�a. M�dico Veterin�rio, ele tenta emplacar um nicho espec�fico de atua��o - o de fotos com pets.

"O servi�o ainda n�o tem muita procura, mas acredito que pode se tornar popular", aposta o profissional. Nesta noite de Natal, ele projeta ganhos mais modestos que os colegas veteranos. "Acredito que uns R$ 3,8 mil. Ainda estou acertando visitas", estima.

Mam�e Noel tamb�m tem espa�o

Outro nicho que vem ganhando espa�o � o das Mam�es Noeis ou Noeletes. O presidente da Aspanoeis, Marcos Gomes, diz que, h� pouco tempo, elas quase n�o eram requisitadas e, quando trabalhavam, costumavam faz�-lo de forma volunt�ria.

"Hoje, a procura aumentou bastante. As pr�prias crian�as sentem falta delas", afirma o dirigente, que estuda modificar o estatuto da associa��o para incluir as personagens femininas.

Ele mesmo atua ao lado de uma. Gl�ria Maria � sua mulher e companheira de trabalho. "Este ano, fomos contratados em dupla pela Prefeitura de Contagem. Ano que vem, j� sondaram para eu voltar. Aos poucos, vamos conquistando espa�o. Os tempos mudaram, e as crian�as t�m buscado representatividade feminina", reflete a aposentada.


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