
V�rias Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte amanheceram, nesta segunda-feira (27/12), lotadas de pessoas � espera de consultas. Grande parte dos pacientes estavam com sintomas gripais.
Contrariando as orienta��o da prefeitura, que sugeriu que os pacientes se dirigessem aos Centros de Sa�de de seus bairros, para diminuir a demanda no Pronto Atendimento. Alguns postos de sa�de tamb�m apresentavam filas.
A PBH, em nota, reconheceu um aumento na procura por atendimento, especialmente de pacientes com sintomas respirat�rios e casos cr�nicos agudizados, e que mant�m ativo um banco de curr�culos para contrata��o imediata de m�dicos. Os interessados devem acessar o site da Prefeitura de Belo Horizonte para realiza��o do cadastro.
O comunicado esclarece que os usu�rios com sintomas gripais, atendidos nos Centros de Sa�de e nas UPAs, fazem teste r�pido de ant�geno para COVID-19 na pr�pria unidade, o que auxilia no diagn�stico diferencial.
Na UPA do Barreiro, que se encontrava lotada, por volta do meio-dia de hoje, a maior parte das pessoas j� estavam com pulseiras laranja e verde (suspeita de COVID, segundo os pr�prios pacientes) e aguardavam nos jardins e �reas externas. A cabeleireira Isabel Cristina Ribeiro, 35 anos, acompanhava a mec�nica Ana Carolina Oliveira Lira, de 24. Com febre, dores pelo corpo e mal estar, Lira estava deitada no gramado na entrada da unidade, "por n�o conseguir ficar de p�." Elas chegaram � UPA Barreiro �s 6h da manh�, �s 7h j� haviam passado pela triagem mas, at� as 12h40, ainda n�o tinham sido atendida pelo servi�o m�dico.

O tempo de espera n�o foi problema para o professor Gabriel Martins, 27 anos, que acessou a UPA Centro-Sul, na regi�o hospitalar, depois de muita febre durante a noite, tosse, peito cheio. "Chegamos aqui as 8h e 10h30 j� fiz todos os exames e recebi alta para me tratar em casa. Segundo o m�dico, trata-se de uma virose", explicou.
Porteiro e mec�nico, Ernani Neves J�nior, 41 anos, aguardava atendimento na porta da UPA Leste. Morador do bairro S�o Geraldo, contou que passou o domingo (26/12) com muitas dores, congestionamentos, mas estava no trabalho e n�o procurou equipes de sa�de. Durante a noite, passou muito mal, com febre intensa. Chegou �s 8h e em 15 minutos passou pela triagem e aguardava por duas horas e meia o devido atendimento.

A situa��o em alguns centros de sa�de era menos sofrida. No CS Alcides Lu�s, no bairro Conc�rdia, a fila era mesmo para tomar vacina contra COVID-19. Na ala de consultas, a maioria das pessoas que esperavam era para atendimento pr�-agendado. Alguns poucos com sintomas gripais leves. Uma mulher que pediu para n�o se identificar, chegou ao posto �s 10h30 e foi orientada a retornar �s 13h. "Como fica pr�ximo, vou pra casa e volto no hor�rio marcado."
No CS Cachoeirinha, regi�o Nordeste, Mariana de Souza Br�s, 46 anos, cozinheira e P�mela da Cruz Mac�do, de 33, t�cnica em enfermagem, aguardavam atendimento, por estarem com dores de cabe�a e pelo corpo, e febre. Maria disse que recorreu � UPA do Odilon Beherens no s�bado (25/12) mas desistiu, "porque estava lotado". Como piorou, seguiu a orienta��o da prefeitura e foi ao Centro de Sa�de, onde j� tem cadastro. J� P�mela, que disse ter tomado as doses da vacina de COVID-19, queixava de dor no peito, ouvido, costas e garganta e resolveu ir direto ao CS.
Para o metal�rgico aposentado Jos� Fel�cio de Souza, 72 anos, o atendimento priorit�rio n�o foi prejudicado pela superlota��o na UPA Noroeste II (Odilon Bherens), na Lagoinha. Acompanhado do filho, o pedreiro Jos� Carlos Fel�cio, de 51, disse que chegou por volta das 7h, com dores no peito, foi prontamente atendido e �s 10he30 j� tinha feito os exames, medicado e j� retornava para sua casa no bairro Let�cia, Regi�o de Venda Nova. "Preferimos nos deslocar pra c� porque achamos o atendimento aqui mais r�pido e melhor", contou o filho de Jos� Fel�cio.
Posi��o da PBH
A prefeitura de BH disse que as Unidades de Pronto Atendimento contam com �rea espec�fica para pacientes com sintomas respirat�rios. Assim que o paciente chega na unidade, ele passa por uma classifica��o e, caso apresente sintoma respirat�rio, � encaminhado para �rea separada. "A Secretaria Municipal de Sa�de (SMSA) ir� refor�ar junto �s equipes as orienta��es que devem ser repassadas aos usu�rios."
Segundo a PBH, atualmente 2.801 m�dicos integram a rede de sa�de do munic�pio. "Destes, 831 atuam nas unidades da rede de urg�ncia. � importante esclarecer que os dados n�o contemplam os m�dicos que atuam nos dois hospitais de gest�o municipal e que as contrata��es s�o din�micas e ocorrem regularmente."
O Sindicato dos M�dicos de Minas Gerais (Sinmed), em nota, disse que recebe constantes queixas, "principalmente em rela��o a falta de pediatras como j� aconteceu recentemente nas UPAs Pampulha, Barreiro, Norte e Venda Nova, e que gerou sobrecarga de demanda �s demais unidades."
Segundo a entidade "a prefeitura n�o autoriza aumento do n�mero de plantonistas: esse � um fato que n�o se pode negar e tem acontecido h� duas d�cadas. O Sinmed-MG destaca que equipe incompleta � a pior condi��o de trabalho na sa�de e gera graves consequ�ncias: os m�dicos ficam sobrecarregados, o atendimento demora, a popula��o fica revoltada e o caos se instala."
E que "se n�o tem m�dicos cadastrados no banco de curr�culos, certamente existem motivos reais como sal�rios menores em rela��o aos outros munic�pios, v�nculos prec�rios que acabam afastando os profissionais da sa�de e a constante viol�ncia, atrasos e faltas constantes de pagamento de plant�es extras e erros de adicionais."
No Estado
As infec��es confirmadas pela Secretria de Estado de Sa�de (SES) s�o de 147, baseadas em amostras coletadas at� quinta-feira (23/12), pela Funda��o Ezequiel Dias. Nenhum �bito foi associado a estes casos. A detec��o at� o momento foi do subtipo A/H3N2 e nenhum outro subtipo de influenza foi identificado em 2021 no Estado, conforme a SES.
A macrorregi�o Centro tem o maior percentual de infectados, com 44,9% (66/147), seguida da Macrorregi�o de Sa�de Sudeste, com 26,53% (39/147), Centro Sul com 11,56% (17/147), Sul com 4,08% (6/147) e Leste com 3,40% (5/147). As macrorregi�es de Sa�de do Vale do A�o, Oeste, Jequitinhonha, Leste do Sul Norte e Nordeste detectaram a presen�a do Influenza A/H3N2 em 01 ou 03 amostras cada, e demais macrorregi�es n�o tiveram a detec��o de nenhum v�rus da influenza em 2021. A Funed detectou, no ano passado, 489 amostras cl�nicas para o v�rus influenza e 21 �bitos associados a influenza de todos os subtipos.
De acordo com a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), s�o conhecidos tr�s tipos de v�rus Influenza: A, B e C. Os dois primeiros s�o mais prop�cios a provocar epidemias sazonais em diversas localidades do mundo, enquanto o �ltimo costuma provocar alguns casos mais leves.
"O tipo A da Influenza � classificado em subtipos, como o A(H1N1) e o A(H3N2). J� o tipo B � dividido em duas linhagens: Victoria e Yamagata. Embora possuam diferen�as gen�ticas, todos os tipos podem provocar sintomas parecidos, como febre alta, tosse, garganta inflamada, dores de cabe�a, no corpo e nas articula��es, calafrios e fadigas", conforme a funda��o.
A cepa Darwin (rec�m-descoberta na Austr�lia) faz parte do tipo A (H3N2), tem contribuido para aumento de casos de gripe em um per�odo at�pico no Brasil - que, assim como os pa�ses do hemisf�rio sul, possui uma circula��o maior do v�rus Influenza no inverno, entre julho e setembro.
Sintomas
Alguns sintomas do H3N2 podem ser confundidos com uma gripe comum. Alguns pacientes relatam que tiveram rea��es piores quando contra�ram a COVID-19, como espirros, tosse, coriza, calafrio, cansa�o excessivo, n�useas e v�mitos, diarreia (mais frequente em crian�as) e moleza.
O per�odo de incuba��o do v�rus � de tr�s a cinco dias, quando come�a a manifesta��o dos sintomas. Durante o per�odo de incuba��o ou em casos de infec��es assintom�ticas, o paciente tamb�m pode transmitir a doen�a.