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Estado de Minas �REA DE RISCO

''Morro, mas n�o saio daqui'', diz moradora do Beco dos Fagundes, em Betim

Por ordem judicial, 27 fam�lias foram despejadas, e casas do Beco dos Fagundes ser�o derrubadas nesta quarta-feira (5/1). Moradores entram em desespero


03/01/2022 14:08 - atualizado 03/01/2022 14:28

Zélia Rodrigues da Silva no alto da sua casa. Ao fundo, o barranco com lonas é o local que a Defesa Civil atestou risco geológico
Z�lia Rodrigues da Silva � moradora do Beco dos Fagundes e diz resistir ao despejo previsto para esta ter�a-feira (4/1). Ao fundo, o barranco com lonas � o local que a Defesa Civil atestou risco geol�gico (foto: Leandro Couri/EM/D.A. Press)
“Morro, mas n�o saio daqui. Estou preparada para bala e para caminh�o passar por cima de mim”, afirma, aos prantos, Z�lia Rodrigues da Silva, de 42 anos. Ela � uma das moradoras do Beco dos Fagundes, no Bairro Jardim Teres�polis, em Betim, que recebeu ordem de despejo da Justi�a. A a��o, movida pela prefeitura levou em considera��o um laudo da Defesa Civil que atestou que 27 casas est�o em �rea de risco de deslizamento.
 
As fam�lias receberam a ordem para sair de suas casas at� esta ter�a-feira (4/1), pois a demoli��o dos im�veis est� marcada para a quarta-feira (5/1).

Z�lia mora no local desde que nasceu. Ela e outros moradores do Beco dos Fagundes dizem que v�o resistir e n�o sair�o de seus im�veis. Sua casa tem dois andares, com tr�s quartos, sala, cozinha, banheiro e estava planejando erguer um terra�o.

“� uma casa muito boa. Est� sendo muito do�do. Minha m�e tem 75 anos e mora ao lado. N�o existe estudo, Lei, n�o existe nada. Isso est� tirando a nossa dignidade. E se � para perder a minha dignidade eu vou perder a minha vida. Vai vir, vai derrubar, mas se eu tiver que morrer eu vou morrer. N�o tenho medo. Eu quero que fa�a o certo para o povo”, diz Z�lia, sem conseguir segurar as l�grimas.
 
A decis�o de despejo foi baseada em laudos da Defesa Civil que classificou o local como sendo de alto risco de deslizamentos de terra. Em janeiro de 2020, em um barranco pr�ximo a esta �rea, houve um deslizamento que soterrou e matou duas pessoas. Segundo os moradores, na �poca, foi prometido pela prefeitura a constru��o de um muro de arrimo na localidade, o que n�o foi feito.
 
Os moradores alegam que as 27 moradias est�o afastadas do barranco que deslizou em 2020 cerca de 200 a 300 metros e as constru��es est�o em �rea plana, o que n�o coloca as casas em risco.
 
Segundo o advogado popular que est� defendendo os interesses dos moradores, Edson Rodrigues Sor�, um documento ser� protocolado na tarde desta segunda-feira (3/1) para tentar rever a decis�o de despejo e demoli��o.

Al�m de contestar o laudo, o advogado pontua que o valor do Aluguel Social, oferecido pela Prefeitura, � insuficiente para as fam�lias pagarem um outro im�vel compat�vel. Al�m disso, as fam�lias n�o querem ir para as casas populares, fornecidas pelo munic�pio, no bairro Citrol�ndia, pois s�o resid�ncias muito menores (36m²) e incompat�veis com o n�mero de residentes em cada fam�lia.
 
Alguns moradores, no entanto, j� come�aram a demolir alguns barracos para salvar o que ainda puder reaproveitar. 
 

Prefeitura diz que local oferece muito alto risco geol�gico

 
Em nota, a Prefeitura de Betim informou que, "cumprindo determina��o da Justi�a" vai demolir uma �rea constru�da, popularmente conhecida como Beco Fagundes. Segundo a nota, o local, que possui extens�o de cerca de 14.200 metros quadrados, "foi caracterizado pelo Servi�o Geol�gico do Brasil (CPRM) como de muito alto risco geol�gico. O laudo foi constatado pela Defesa Civil do munic�pio".
 
A nota diz ainda que, em janeiro de 2020, um expressivo volume de chuvas atingiu a cidade, provocando danos como um grave deslizamento de terra na regi�o que culminou na morte de seis moradores - dois deles do Beco Fagundes - e no colapso de diversas edifica��es da �rea.
 
"Desde ent�o, v�rias pastas da administra��o municipal, como Assist�ncia Social, Defesa Civil, Habita��o, dentre outras, se mobilizaram para acompanhar de perto os moradores do local e realizar as a��es necess�rias. Com isso, a prefeitura realocou as fam�lias moradoras da �rea, por�m muitas delas retornaram ao Beco, o que agrava a situa��o diante da possibilidade de novos acidentes", diz a prefeitura no comunicado.
 
"Agora, para descaracteriza��o total da �rea de risco e preserva��o da vida da popula��o local, 75 casas - 27 delas ainda ocupadas - e dois pr�dios ser�o demolidos. Para essas fam�lias que ainda vivem no local, a prefeitura oferece duas possibilidades: a inclus�o no programa Aluguel Social ou a mudan�a imediata para casas populares constru�das pela gest�o municipal", informa o texto.


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