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Estado de Minas TURISMO E ECONOMIA

Capit�lio sofre os efeitos do desastre e tenta se reerguer

Abalada pela trag�dia que matou 10 pessoas no Lago de Furnas, cidade sofre com o medo dos turistas e espera solu��o das autoridades para reaquecer a economia


17/01/2022 04:00 - atualizado 17/01/2022 07:49

Vista do lago com barcos ao fundo
A regi�o � procurada por turistas do Brasil inteiro por suas belezas naturais e a maior parte da economia de Capit�lio depende do turismo (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A. PRESS )

CAPIT�LIO – Um lugar conhecido como “a cidade rainha dos lagos”, com localiza��o privilegiada no Sudoeste de Minas e de hist�ria recente. No auge da ascens�o de Capit�lio, uma trag�dia que matou 10 pessoas p�e em risco a continuidade da sobreviv�ncia do turismo. Hot�is, pousadas, restaurantes e donos de lanchas j� sentem o preju�zo no setor desde s�bado passado, quando um bloco de pedra se desprendeu de um c�nion no Lago de Furnas e tombou em cima de uma lancha. Trabalhadores do ramo esperam, otimistas, por investiga��es que permitam um retorno seguro dos turistas ao para�so a m�dio prazo.



A cidade, dona de uma cronologia tur�stica ainda em constru��o, come�ou timidamente a aproveitar as �guas da Usina Hidrel�trica de Furnas, que formam belas paisagens com c�nions, cachoeiras, e ainda op��es de pesca, esportes aqu�ticos e ecoturismo. Moradores locais contam que o movimento externo come�ou h� pouco mais de 20 anos. Por ainda estar na ponta da Serra da Canastra, muitas pessoas passaram a escolher o lugar para descansar e explorar trilhas e passeios pelo lago.

Nos �ltimos 10 anos, com a ampla divulga��o nas redes sociais de visitantes, o lugar passou a ser cada vez mais visado, tornando- se um desejo de turistas de todo Brasil. A cidade j� estava acostumada a viver lotada, principalmente no ver�o. Gente por todo lado, fotos e selfies, carros, filas para as atra��es. Cen�rio que mudou completamente desde o acidente.

“O ver�o acabou aqui. Foi desastroso”, alerta o gar�om de um restaurante na MG-050, no trecho que contorna o Lago de Furnas. Ele preferiu n�o se identificar para n�o correr o risco de sofrer retalia��es na regi�o. “Antes, tinha fila grande aqui. Neste hor�rio (por volta das 14h), voc� n�o conseguiria mesa”, conta, lembrando que no dia do acidente muitos funcion�rios ficaram abalados, pois a maioria tem parentes que trabalham nas embarca��es. “Meus colegas ficaram chorando. Todo mundo aqui tem familiar que trabalha no lago. O neg�cio foi tenso.”

Ênio José Ferreira Júnior
�nio Jos� Ferreira J�nior, marinheiro: "Tomara que d� tudo certo porque a cidade depende muito [do turismo]" (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A. PRESS)


Lago interditado

Assim que ocorreu o desastre, os passeios de lancha foram proibidos pela Pol�cia Civil e Marinha do Brasil. A permiss�o s� retornou na quinta-feira (13/1), quando o dia foi dedicado � homenagem �s v�timas. A atividade voltou, de verdade, na sexta-feira (14/1), com um movimento bem abaixo do esperado para o m�s de janeiro. In�meras lanchas ficaram no cais e as poucas que sa�ram n�o puderam chegar aos c�nions – atra��o que antes era imperd�vel. � que o local vai permanecer interditado enquanto ocorrem as investiga��es que buscam entender o que teria causado o desmoronamento da pedra.

“Se eu tivesse atrasado dois minutos eu estava debaixo da pedra”, pressup�e o marinheiro �nio Jos� Ferreira J�nior. Ele lembra que no momento do acidente, havia passado pelas rochas h� pouco tempo em um passeio com turistas. “Eu estava fazendo a curva para sair da �rea dos c�nions quando o rapaz do jet ski avisou que as pedras estavam caindo. Eu j� n�o estava mais na �rea em que a pedra caiu, ent�o n�o vi nem ouvi o que aconteceu, mas, de repente, as lanchas ‘vieram no pau’ e eu pensei que eles estavam fazendo gracinha ou estavam levando algu�m de socorro mesmo. Quando cheguei aqui no cais, vi ambul�ncia, o desespero das pessoas e fiquei sabendo que caiu a parede”, relembra.

O momento dram�tico vivido pelo barqueiro � tido com muita tristeza e, ao mesmo tempo, preocupa��o com o que vai ser do seu trabalho e de sua fam�lia, que tem o sustento garantido no neg�cio das lanchas. “Em dezembro e janeiro normalmente aqui tem bastante gente. Depois da trag�dia de s�bado, a gente ficou receoso. Muitos barcos nem vieram por causa do luto �s v�timas”, conta, refor�ando seu estado de alerta. “Tomara que d� tudo certo porque a cidade depende muito, o turismo influencia muito na economia da comunidade. Sabemos que vai impactar (a trag�dia), mas tamb�m vamos ficar mais espertos daqui pra frente.”

Outro atrativo no lago � o passeio de chalana. O gerente da embarca��o, Eduardo Macedo, diz que o barco come�ou a ser procurado para o lazer h� 23 anos, antes mesmo das lanchas habitarem o lago. Com o aumento da procura ao longo dos anos, essa passou a ser sua principal fonte de renda, que agora � colocada em xeque com a pausa de turistas em Capit�lio. “T�nhamos passeios agendados que j� foram cancelados, mas acho que no decorrer do tempo vai ter meios de seguran�a no lago que podem at� melhorar nossa atividade. Esses pontinhos que ningu�m enxergava, se tiver condi��o de ter mais precau��o, vai ser melhor pra todos n�s”, afirma, otimista do futuro. “O turismo n�o vai acabar, vai melhorar. Se acaba, imagina quantas pessoas hoje dependem disso daqui?” indaga.

Pessoas em lanchas
Na entrada dos c�nions, Marinha fiscaliza todas as embarca��es (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A. PRESS)

Boa parte da economia � baseada no turismo


Nos hot�is e pousadas, ningu�m entra e ningu�m sai. No Centro da cidade, a reportagem encontrou uma estadia completamente fechada. Segundo o propriet�rio, 70% das reservas foram canceladas e outras 30% tiveram a data de visita alterada. “Deve demorar um tempo agora para voltar o que era antes. O pessoal est� com muito medo. E a gente sente mesmo, n�?”, diz Jos� Celestino Ferreira. Ele conta que antes da trag�dia, seu hotel n�o tinha nenhuma vaga para janeiro. “N�o ficou nenhuma reserva. E o m�s vinha �timo, estava lotado. A trag�dia atrapalhou tudo, at� porque daqui a pouco termina o per�odo de f�rias e depois o frio”, lamenta.

"N�o ficou nenhuma reserva. E o m�s vinha �timo, estava lotado"

Jos� Celestino Ferreira, propriet�rio de pousada



Principal fonte de renda na cidade – direta ou indiretamente –, o turismo vai precisar se reinventar daqui pra frente. Segundo Lucas Arantes, secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico Sustent�vel de Capit�lio, mais de 350 empresas do munic�pio est�o ligadas a passeio n�utico e hospedagem. “� uma quantidade muito grande. E da mesma forma que temos essas empresas, temos outras que dependem diretamente dessas, como padaria, lavanderia e mercadinhos, que fazem atendimento aos hot�is e restaurantes”, comenta. “A gente n�o tem uma informa��o 100% matem�tica, mas cerca de 80% da economia aqui � presta��o de servi�o e, dentro disso, a grande parte � no entorno do turismo”, explica.

A agente de turismo Sandra Maia, � prova disso. “Muitas pessoas cancelaram passeios porque alguns est�o traumatizados, abalados mesmo”, conta. Por enquanto o sentimento � normal, afinal, a trag�dia tamb�m sensibilizou os colegas. “Estou t�o chocada. Quando a gente soube o que tinha acontecido, nem acreditei no dia. Foi com amigos nossos que aconteceu a trag�dia. Aquilo chocou a popula��o de Capit�lio e do Brasil inteiro. Nesse dia, todos os guias de turismo, familiares, amigos, entraram em contato preocupados”, lembra.

Embora o ver�o de janeiro tenha ido por �gua abaixo, os passeios para o carnaval, em fevereiro, continuam com procura. “Aqui todo mundo depende do turismo”, refor�a a agente. “Tenho d� dos colegas de lancha… Vamos torcer para superar isso tudo. Se Deus quiser, Capit�lio vai voltar a ser como era antes. Isso que aconteceu n�o foi provocado por n�s. � coisa da natureza e que precisa ser investigada. Quanto tempo que a gente trabalha aqui com chuva e isso nunca aconteceu?”, destaca.

O Governo de Minas e a Prefeitura de Capit�lio n�o responderam aos questionamentos da reportagem sobre como as autoridades v�o fazer para interceder pela atividade tur�stica no Lago de Furnas e oferecer algum tipo de suporte aos trabalhadores do setor.


Chalana em Capitólio
Gerente da chalana diz que os passeios no lago que estavam agendados foram todos desmarcados (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A. PRESS)


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