
Ouro Preto ainda esconde um passado em seu subterr�neo que foi revelado no s�bado (5/2), ap�s a abertura de uma cratera em frente a uma casa no Bairro Alto da Cruz. Uma mina de 14 metros de comprimento, 150cm de largura e 6m de altura foi descoberta e revela que o desmoronamento refor�a a preocupa��o com outras casas, que foram constru�das por cima de minas exploradas no Ciclo do Ouro, no s�culo 18.
O professor do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Hernani Mota, esteve no local acompanhado da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros e, ap�s uma an�lise preliminar, concluiu que a casa est� constru�da por cima de uma rocha mais resistente do que a que desabou, e n�o corre risco de cair.
Segundo a prefeitura de Ouro Preto, a orienta��o dada pela Defesa Civil � de que a cavidade aberta seja preenchida com rochas depois do per�odo chuvoso e que outras obras sejam executadas para garantir a seguran�a dos moradores. Enquanto isso, a prefeitura ressalta que o local ficar� em permanente monitoramento da Defesa Civil.
Segundo o engenheiro especialista em mapeamento de minas subterr�neas, a mina est� localizada em uma propriedade particular e os moradores v�o tentar desobstruir a boca da mina, local original de entrada. Mesmo com um sal�o considerado pequeno, a nova mina poder� ser pensada como ponto tur�stico para quem quer conhecer o circuito de minas da cidade, mas isso vai depender de uma autoriza��o da Defesa Civil.
Cat�logo com mais de 170 minas
O engenheiro conta que a mina ainda n�o tem nome de batismo, mas ser� a nova integrante do cat�logo criado para preservar na mem�ria todos os vest�gios do per�odo hist�rico que deixou marcas n�o s� na arquitetura. Ao todo, o professor da Ufop j� mapeou outras 170 minas subterr�neas na cidade, muitas delas localizadas na Serra de Ouro Preto.
“O cat�logo � um projeto de pesquisa da Ufop e pretende colaborar com a mem�ria das minas antigas de Ouro Preto, que, atualmente, fazem parte da cidade e dos prim�rdios da hist�ria da minera��o brasileira.”
O cat�logo aponta que a 500 metros da recente mina da Rua Maestro Joaquim Aniceto h� uma outra mina localizada na Rua XV de Agosto que est� em desuso e em alto n�vel de desabamento.
Muitas dessa minas j� fazem parte da explora��o cient�fica e tur�stica da cidade. Uma delas � a Mina Felipe dos Santos, que funcionou para visita��o at� 2019 e foi desativada ap�s uma movimenta��o de tetos e paredes dentro da mina.
Nem todas as minas catalogadas oferecem risco de desabamento. Uma delas, tamb�m pr�xima � nova mina, a Jos� Augusto, serve para capta��o de �gua e n�o h� hist�rico de desmoronamentos internos ou acidentes.
A mina de Chico Rei � considerada como a mais visitada por turistas e guarda uma hist�ria contada por gera��es sobre resist�ncia, f� e liberta��o. No per�odo colonial, era conhecida com Mina da Encardideira. Depois, segundo relatos da tradi��o oral, ela foi adquirida por Chico Rei ainda no per�odo do Ciclo do Ouro. Ao ser redescoberta, nos anos de 1950, foi rebatizada com esse nome em homenagem ao homem escravizado que comprou a pr�pria liberdade e de seus familiares com o dinheiro da extra��o do ouro.
