
Em fun��o das chuvas e do solo encharcado na cidade, parte de uma resid�ncia desabou durante a madrugada de ontem no Bairro Aparecida. Uma moradora foi resgatada sem ferimento. No m�s passado, nove pessoas perderam a vida em decorr�ncia das tempestades em toda a Grande BH, segundo balan�o da Defesa Civil estadual.
Em apenas 11 dias, v�rias regi�es da capital superaram o volume de chuva previsto em todo o m�s. No �ltimo boletim divulgado pelo munic�pio, apenas o Barreiro n�o havia superado essa marca at� a noite de ontem. O total para fevereiro � de 181,4mm, mas o �ltimo levantamento j� apontava um volume de 172,4mm (95% do previsto para todo o m�s). Para hoje, a expectativa � de que haja novos temporais, com rajadas de ventos e risco de granizo.
Venda Nova continua sendo a regional com o maior volume de chuva nos �ltimos dias, com 330,8mm (182,4% da m�dia do m�s), seguida pela Regional Centro-Sul, com 247,8mm (136,6%); Norte, com 241,4mm (133,1%); Pampulha, com 234,6mm (129,3%); Noroeste, com 223,2mm (123,0%); Oeste, com 215,2mm (118,6%); Nordeste, com 211,4mm (116,5%); e Leste, com 200,4mm (110,5%).
De acordo com Leandro Azevedo, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador da p�s-gradua��o em geotecnia do Instituto Minere, a capital j� tem caracter�sticas peculiares que levam ao aumento da probabilidade de desmoronamentos. “Pela pr�pria morfologia da regi�o, o risco de acidentes em Belo Horizonte aumenta muito, sobretudo em �reas de encostas. Muitas vezes, o surgimento de trincas ou uma drenagem malfeita podem contribuir com desmoronamentos. E esse problema � agravado com o aumento das chuvas. Em �reas mais montanhosas, com taludes mais �ngremes, isso tende a ocorrer com frequ�ncia”.
A orienta��o das autoridades � que os moradores redobrem a aten��o durante as chuvas, evitando �reas de inunda��o, e n�o trafeguem em ruas sujeitas a alagamentos ou perto de c�rregos e ribeir�es nos momentos de forte chuva. Outra recomenda��o � que pedestres n�o atravessem ruas alagadas nem crian�as brinquem nas enxurradas e pr�ximo a c�rregos.
Leandro Azevedo afirma que n�o � poss�vel identificar se o atual risco geol�gico � pior do que o que a capital presenciou nas primeiras semanas do m�s anterior: “Tivemos chuvas at�picas em BH em janeiro, que deixaram o solo saturado. Ainda estamos no per�odo chuvoso, em fevereiro, e � at� dif�cil mensurar as �reas mais afetadas. Enquanto h� regi�es de Belo Horizonte em situa��es mais cr�ticas, com risco maior, pode ter regi�es com risco menor. Depende muito dos trabalhos que s�o feitos e das drenagens executadas”.

MAPEAMENTO A Prefeitura de Belo Horizonte mapeou mais de 60 pontos em toda a cidade que representam riscos de inunda��es ou desabamentos. As �reas incluem tradicionais locais de alagamentos – como as avenidas Tereza Cristina, Bernardo Vasconcelos e Vilarinho, trecho entre as avenidas Silva Lobo e Bar�o Homem de Melo – ou mesmo regi�es dos c�rregos Olhos D'�gua, Ressaca, Bra�nas, Floresta, Cap�o, Ponte Queimada, Embiras, Bonsucesso, Olaria e T�nel.

MEDO POR TODA PARTE O restante do estado tamb�m sofre com as chuvas. Nas demais regi�es de Minas Gerais, os temporais j� provocaram a morte de 16 pessoas desde o in�cio do per�odo chuvoso. At� o momento, 420 munic�pios j� decretaram situa��o de emerg�ncia. A Defesa Civil estadual contabiliza mais de 8,4 mil desabrigados e quase 50 mil desalojados em fun��o das chuvas.
"S� rezando e pedindo ajuda a Deus", diz o ajudante de pedreiro Rodrigo dos Santos, morador de Mariana, na Regi�o Central de Minas, diante da chegada de novos temporais. Embora nunca tenha sofrido com perda de casa ou inunda��o, Rodrigo, com o guarda-chuva em punho, diz que as chuvas t�m vindo mais fortes ultimamente. "Se vem mais �gua a�, precisamos de prote��o", avisa.
"Tenho medo dessas chuvas de agora. H� muita gente morando em �reas de risco, e a� vem o sofrimento para as fam�lias", afirma o restaurador, com especializa��o em telhados, Evandro Assun��o, tamb�m morador de Mariana. A regi�o, no in�cio do ano, sofre com deslizamento de encostas, conforme se v� ao longo da estrada que liga Belo Horizonte � primeira capital de Minas.
Ao lado, o professor Cristiano Casimiro observa: "O grande problema, hoje, � que n�o temos uma previs�o do tempo confi�vel. Sempre nos orientamos pela tradicional Folhinha Mariana, que n�o erra", diz o professor. E cita alguns ensinamentos que passaram de gera��o a gera��o: os meses de chuva s�o aqueles que t�m a letra R na palavra (setembro a abril). J� os sem R s�o os bons para a poda das �rvores. Em resumo, a tecnologia ajuda, mas a sabedoria popular tem seu valor.