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Estado de Minas RUMO �S PRAIAS

Com pistas destru�das, BRs 262 e 381 devem ir a leil�o no dia 25

Degrada��o cresceu ap�s as chuvas nas duas estradas, usadas por caminh�es e carros levando mineiros a destinos no litoral da Bahia e Esp�rito Santo


15/02/2022 06:00 - atualizado 15/02/2022 11:52

Vista da BR-381
Encostas desmoronam e pisos s�o projetados, lan�ando pedras e lama sobre trechos da BR-381 entre BH e a Bahia, passando por Governador Valadares, �s v�speras de licita��o marcada para dia 25, que ter� tamb�m como objeto a BR-262, por onde os motoristas trafegam sob risco (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A Press)
Antes mesmo do castigo das chuvas de janeiro e deste m�s, as pr�ximas rodovias federais mineiras que ser�o alvo de leil�o para concess�o � iniciativa privada apresentavam estado de conserva��o deficiente. Com base na metodologia do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o chamado �ndice de Condi��o da Manuten��o (ICM) indica percentual de 50% da BR-262, que liga Jo�o Monlevade, na Regi�o Central de Minas Gerais, a Vit�ria (ES), em boas condi��es de trafegabilidade e 50% em situa��o ruim. A BR-381, via de liga��o entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Leste do estado, – desde 2014 sob obras de duplica��o –, o ICM indica 44% em boas condi��es e 56% em condi��es ruins.

O indicador se refere a dezembro e n�o leva em conta o fato de as duas estradas contarem com pontos de interdi��o e desvios prec�rios. O Estado de Minas verificou, ainda, que as duas rodovias foram afetadas por cinco eros�es engolindo parte das pistas e 19 deslizamentos de encostas, os quais podem bloquear mais uma vez o tr�fego, como mostrou reportagem publicada na edi��o de ontem.

As duas estradas devem ir a leil�o no dia 25, se n�o houver impugna��o do edital de licita��o para gest�o privada. N�o h� informa��es na Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre desist�ncias motivadas pelas condi��es prec�rias das Brs 262 e 381 e o �rg�o regulador afirma que h� mecanismos no contrato que permitem a restaura��o da estrada sem preju�zo para as empresas – como reten��o de valores devidos pela concession�ria para uso emergencial. Vencer� a proposta que ofertar a menor tarifa de ped�gio (des�gio limitado a 15,57%) e a maior outorga como crit�rio de desempate.

Trecho de tráfego arriscado na região de João Monlevade
Em Jo�o Monlevade, buracos que engolem o asfalto se transformam em pesadelo para os condutores, for�ando a manobras perigosas e invas�o de pistas contr�rias. Situa��o eleva possibilidade de colis�es (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


Ser�o concedidos 686,10 quil�metros. Em 2013, o governo federal tentou leiloar a via, mas n�o houve interessados. O novo leil�o foi remarcado tr�s vezes. Caminhos muito utilizados pelos mineiros para viajar para a Bahia, no caso da BR-381, e o litoral capixaba, pela BR-262, atualmente as vias se tornaram o pesadelo dos condutores e um lucrativo neg�cio para os borracheiros e mec�nicos de beira de estrada. “Tem dia que atendemos de 15 a 20 motoristas com pneus rasgados e rodas amassadas. Tem gente que at� se acidenta”, afirma o borracheiro Fernando de Jesus, de 43 anos, que atende em Jo�o Monlevade, �ltima cidade em que nas proximidades as duas rodovias envolvem 110 quil�metros de trechos coincidentes, desde BH, local em que se separam de novo.

O ponto de maior congestionamento das vias tamb�m fica no trecho coincidente, em Sabar�, na regi�o metropolitana da capital mineira, entre a ponte sobre o Rio das Velhas e o posto da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF). A obra de reconstitui��o do pavimento levado pelas enchentes repercute em lentid�o extrema nos dois sentidos, chegando a gerar at� 20 quil�metros de congestionamentos nos piores dias.

Entre Sabar� e Caet�, o motorista trafega por uma estrada maltratada, com depress�es e ondula��es. As pistas da direita em locais de terceira faixa est�o ainda piores devido ao tr�fego de ve�culos de carga pesados. S�o sequ�ncias de buracos que podem facilmente cortar os pneus de ve�culos menores que entrem em velocidade incompat�vel, ao mesmo tempo em que obrigam alguns caminhoneiros a jogarem seus ve�culos para as outras faixas e at� para a contram�o. A degrada��o � tanta que em algumas curvas os pneus dos ve�culos lan�am fragmentos do asfalto e pedras nos ve�culos das pistas opostas.

Manobras inseguras 


Weverton Pereira da Silva
O caminhoneiro Weverton Pereira da Silva (E), que esperou 5 horas para conserto de pneu e reparo do sobressalente pelo borracheiro Fernando de Jesus (D), torce por gest�o privada das BRs (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
Na parte j� duplicada, entre Caet� e Ro�as Novas, tamb�m h� problemas trazidos pelo grande volume de chuvas, que produziram cascatas nas drenagens. As encostas saturadas desmoronaram, interrompendo segmentos dos acostamentos com lama e pedras em 19 locais das duas rodovias.

Diante dos preju�zos com reparos e manuten��es abreviadas, os caminhoneiros fazem contas e alguns dizem n�o se importar em pagar ped�gio, caso as vias venham mesmo a ser concedidas � iniciativa privada. “Nunca vi essa estrada t�o ruim assim. A gente acaba furando os pneus, pode partir o feixe de molas, tombar para desviar, se acidentar fugindo da buraqueira, gasta mais �leo, queima mais diesel, desgasta e tem de trocar mais pe�as, esticar a viagem e cansa a gente demais. No final, � estresse para a m�quina e para n�s. Se o ped�gio entregar condi��es, a� pode at� compensar”, admite o caminhoneiro Weverton Pereira da Silva, de 34, que leva cal de Vespasiano a Jo�o Monlevade. O condutor foi encontrado perto do destino, com o pneu da frente furado. Esperando atendimento desde �s 7h, ele precisou de 5 horas para conseguir trocar o pneu e reparar o sobressalente.

O segmento mais cr�tico fica na �rea urbana de Jo�o Monlevade, na altura do KM 401, no sentido Valadares/Vit�ria. Cones demarcam buracos de mais de um palmo espalhados por um segmento de mais de 50 metros. Levam caminh�es e carros a manobras perigosas, com uns passando por dentro da pista em sentido normal e desviando dos buracos, enquanto outros buscam a contram�o. N�o raro, h� momentos em que cada ve�culo busca uma solu��o ao mesmo tempo, ingressando de volta no sentido de circula��o regular com o risco de colidirem.

Rotas prec�rias para vizinhan�a 'ilhada'

Os maiores estragos provocados pelas chuvas interrompem o tr�fego e isolam comunidades cortadas pelas rodovias BR-381 e BR-262. Depois de 20 dias de interdi��o, no �ltimo dia 3, o segmento no KM 321 da BR-381, em Nova Era, recebeu um desvio posterior ao estufamento do asfalto. O contorno, num trecho de 200 metros, foi aberto com a constitui��o de aterro e a estrutura��o de um leito de pedras que permite a circula��o de ve�culos nos dois sentidos. Contudo, a situa��o mais dram�tica � a da BR-262, em Abre Campo, onde a passagem pelos desvios � incerta, sobretudo devido �s condi��es prec�rias dessas rotas e � baixa capacidade do contorno aberto pela prefeitura local ao lado do segmento interrompido pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Defesa Civil, no KM 96.

José Maria Dornellas
Na BR-262, em Abre Campo, Jos� Maria Dornellas entrou em desespero quando interdi��o o impediu de trabalhar (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)


Apesar da solu��o prec�ria, a possibilidade de poder circular fazendo a venda dos produtos da ro�a que s�o o sustento da sua fam�lia animaram o comerciante Jos� Maria Dornelas, de 56 anos. “J� estava ficando desesperado. Fa�o vendas em v�rias rotas, de Belo Horizonte a S�o Paulo, mas, com Abre Campo sem poder passar, tive de armazenar produtos e fiquei sem renda. � arriscado e a gente acaba perdendo o fil� de til�pia, o queijo, a lingui�a e o requeij�o. Tem de voltar para tr�s e tentar conservar no freezer”, afirma.

O secret�rio de Administra��o da Prefeitura de Abre Campo, M�rcio Victor, afirma que o munic�pio vive dias de comprometimento de setores essenciais da economia local, a sa�de, a educa��o e o transporte. “As empresas ficaram sem vender, sem ter como os funcion�rios chegarem ao trabalho. Tivemos pessoas em tratamento m�dico em outros munic�pios com hospitais de maior complexidade, mas mesmo pelos desvios essas pessoas n�o conseguem atendimento. J� tivemos de passar carregando pacientes em macas at� as UTIs (unidades de terapia intensiva) m�veis. Na pr�tica, estamos ilhados, com desvio seguro s� passando por Caratinga, Ipatinga ou Vi�osa”, afirma o secret�rio.

Outros trechos tamb�m est�o comprometidos ao longo das vias. Na BR-262, a partir de Jo�o Monlevade, barreiras desceram e inundaram o acostamento no sentido Vit�ria de Bela Vista de Minas. As chuvas empo�aram nos buracos, impedindo os motoristas de discernirem se s�o aberturas remendadas por tapa-buracos ou rombos profundos no pavimento. Outra eros�o desintegrou parte da pista no sentido BH do KM 181, onde h� buracos t�o profundos que s�o capazes de engolir at� as rodas de caminh�es. Tiras de pneus de caminh�es estiradas em v�rios trechos mostram o resultado de impactos contra buracos e freadas bruscas para evitar obst�culos e que acabam com os pneus recauchutados de muitos dos ve�culos de carga.

A inunda��o de um c�rrego cobriu de lama o KM 152, que precisa ser limpo com frequ�ncia ap�s trecho de 2 quil�metros de asfalto completamente desgastado, com sulcos extensos ainda que n�o muito profundos. Trabalhadores de macac�es laranja limpam a pista e interditam um dos sentidos para a realiza��o dos trabalhos, sendo respons�veis tamb�m pela sinaliza��o manual para que os ve�culos reduzam a velocidade no trecho onde seus companheiros atuam.

Inova��es 

Esperan�a para melhorar as condi��es das rodovias BR-262 e BR-381, a concess�o da via para a iniciativa privada ter� dura��o de 30 anos, prorrog�vel por mais cinco anos. O Minist�rio da infraestrutura destaca como inova��es o desconto de usu�rio frequente, 5% de desconto para usu�rios que selecionarem pagamento autom�tico por TAG. Os investimentos totais previstos alcan�am R$ 13,4 bilh�es, sendo R$ 7,37 bilh�es para expans�o e melhorias e outros R$ 6,03 bilh�es para os custos de opera��o. Entre as principais obras est�o 402 quil�metros de duplica��o, 228 quil�metros de faixas adicionais, 131 quil�metros de vias marginais, 40 passarelas e o contorno de Manhua�u.

“O governo federal, por meio do Minist�rio da Infraestrutura, concluiu na quinta-feira (3/2) as obras de constru��o do desvio no km 321 da BR-381/MG, no munic�pio de Nova Era, em Minas Gerais. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informa que h� uma empresa contratada executando servi�os de manuten��o permanente no desvio devido �s chuvas intensas que atingem o local. 

Quanto � BR 262/MG, o Dnit segue com os servi�os de sondagens e monitoramento do maci�o no km 96, que continua avan�ado, pr�ximo � regi�o de Abre Campo. Os engenheiros do Dnit atuam em uma ocorr�ncia de alta complexidade”, informa o minist�rio. (MP)

Cronograma

Condi��es j� definidas para os leil�es das BRs 262 e 381

Previs�o: Concess�es podem ser feitas a partir do dia 25

Sistema rodovi�rio BR-381/262/MG/ES
Prazo: 30 anos
Extens�o: 686,1 km
Investimento estimado: R$ 7,36 bilh�es
Custos operacionais: R$ 6 bilh�es
Taxa Interna de Retorno (TIR): 8,47%
Crit�rio para o vencedor: menor tarifa e maior outorga como crit�rio de desempate
Empregos: 108.568 diretos e indiretos
Objeto: explora��o da infraestrutura e presta��o de servi�o p�blico de recupera��o, opera��o, manuten��o, monitora��o, conserva��o, melhorias e manuten��o do n�vel de servi�o
Pra�as de ped�gio:11 previstas

Fonte: ANTT


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