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Estado de Minas VIDA RENASCE NO VELHO CHICO

Depois das enchentes, Rio S�o Francisco testemunha o milagre dos peixes

Pela primeira vez desde 2005, grande n�mero de cardumes salta corredeiras em Pirapora e sobe em dire��o � cabeceira do Velho Chico para reprodu��o


23/02/2022 06:00 - atualizado 23/02/2022 08:10

Peixes no Rio São Francisco, em Pirapora
Peixes saltam em Pirapora, durante movimento de subida em dire��o � cabeceira do S�o Francisco para se reproduzirem, no fen�meno da piracema (foto: Redes sociais/Divulga��o)

 

Moradores de Pirapora, no Norte de Minas, se debru�am � beira do Rio S�o Francisco, na �rea urbana da cidade, para apreciar um espet�culo da natureza: a subida de uma grande quantidade de peixes em dire��o � cabeceira do rio para a reprodu��o. No fim de semana, a piracema, como � conhecido  o fen�meno, favorecido pela enchente do rio, revelou o aumento dos cardumes no Velho Chico, comemorado pelos ambientalistas e pescadores.  “� primeira vez, desde a grande mortandade de peixes ocorrida no rio em 2004 e 2005, que estamos vendo novamente aumentar os cardumes no Rio S�o Francisco. Isso � motivo de grande alegria para mim e todos os pescadores e moradores ribeirinhos”, afirma o ambientalista Roberto Mac Donald, idealizador e coordenador do projeto Amigos das �guas.

 

Ele conta que h� 33 anos faz expedi��es de barcos e caiaques pelo Rio S�o Francisco, no trecho entre o reservat�rio da Usina Hidrel�trica de Tr�s Marias e Pirapora. Dessa forma, a cada ano, documenta as condi��es ambientais da bacia , observando ainda quest�o da quantidade de peixes nas �guas do Velho Chico.  Tamb�m percorre o rio de caiaque constantemente,  com 15 cano�stas.

 

O ambientalista lembra que o Velho Chico tinha uma grande quantidade de peixes no passado, o que garantia o sustento de milhares de pescadores e movimentava o turismo e a economia da regi�o. “Meu sogro tinha um frigor�fico em Pirapora, que vendia cerca de 50 toneladas de pescados por m�s. Ele abastecia muitos restaurantes. Mas h� anos ele fechou o frigor�fico porque n�o tinha mais peixes para vender”, relata Mac Donald.

 

Ele salienta que a grande mortandade de peixes no Velho Chico ocorrida nos anos de 2004 e 2005 provocou impactos negativos em Pirapora e em outros munic�pios banhados pelo Rio S�o Francisco. “Foi uma situa��o muito triste para todos os pescadores, ambientalistas, moradores e toda a cadeia produtiva do peixe”, registra Mac Donald, lembrando que, na ocasi�o, morreram milhares de peixes nas �guas do Velho Chico, sobretudo da esp�cie surubi, a mais conhecida da bacia.  O morador de Pirapora recorda que foram encontrados mortos exemplares de surubi no rio com peso de mais de 100 quilos.

 

 

Polui��o


Peixes mortos São Francisco
Em 2004 e 2005, uma grande mortandade de peixes foi constatada no rio, provocada pela polui��o proveniente de esgotos lan�ados no Rio das Velhas, afluente do S�o Francisco (foto: Jornal O Barranqueiro)
O coordenador do Projeto Amigos das �guas lembra que, na �poca da mortandade dos peixes, o lan�amento de metais pesados nas �guas do S�o Francisco por uma ind�stria de Tr�s Marias foi apontado como a causa dos problemas.  “Mas depois foi feito um estudo que mostrou que, na verdade, a grande polui��o do S�o Francisco chegava pelo Rio das Velhas, que recebia 100% do esgoto dom�stico e industrial da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte”, enfatiza o ambientalista.

 

 

“Junto com o esgoto dom�stico, o rio recebeu grande quantidade de organofosforados (agrot�xicos) e res�duos industriais”, afirma Roberto Mac Donald. Ele lembra ainda que foi constado que, por meio do Rio das Velhas, o S�o Francisco tamb�m recebia esgoto industrial de mineradoras, o que teria contribu�do para mortandade das esp�cies da bacia.

 

 

Pacto de revitaliza��o


Desde a segunda metade dos anos 2000, foram implantadas diversas a��es voltadas para a despolui��o e revitaliza��o do Rio das Velhas, por meio de um pacto firmado entre o Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas (CBH-Rio das Velhas), as prefeituras que integram a bacia, a Copasa e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel de Minas Gerais (Semad).

 

 

Tamb�m morador de Pirapora, onde mant�m um canal no Youtube, o fot�grafo e ambientalista Apar�cio Mansur considera que, al�m da melhoria das condi��es ambientais, com a  redu��o da polui��o que chegava do Rio das Velhas, o aumento dos cardumes no Velho Chico � consequ�ncia da eleva��o do volume e das enchentes do rio, em fun��o do bom regime de chuvas dos �ltimos meses.


Canoagem no Rio São Francisco
Cano�stas navegam no Rio da Integra��o Nacional, onde colhem informa��es sobre a situa��o do manancial e de sua fauna (foto: Roberto Mac Donald/Divulga��o)

 

 

Ber��rios


Mansur explica que os alevinos v�o para  lagoas marginais do S�o Francisco, que funcionam como “ber��rios” da bacia. No entanto, com estiagens prolongadas por anos seguidos, muitas delas secaram, o que reduziu a quantidade de peixes na bacia.

 

 

“Com o secamento de lagoas marginais, n�o havia a possibilidade de locomo��o dos alevinos em dire��o ao rio. Isso passou a ocorrer depois das enchentes causadas pelas �ltimas chuvas. Os peixes tiveram condi��es de deixar as lagoas e voltar para o leito do rio. Agora, na piracema, as esp�cies tentam subir para a cabeceira, para a reprodu��o”, descreve o fot�grafo e ambientalista.

 

Por sua vez, Roberto Mac Donald lembra que, em 1996,  por causa dos efeitos da seca no Norte de Minas, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) realizou em Pirapora a Opera��o Salva Peixe. A a��o consistiu em retirar os alevinos das lagoas marginais que estavam secando e levar os peixes para serem lan�ados nas �guas do Velho Chico.

 

Pirapora, salto do peixe

 
Com a enchente do Rio S�o Francisco, no per�odo da piracema – que vai de 1º de novembro a 28 de fevereiro, quando a pesca � proibida na bacia –, os cardumes sobem o rio para reprodu��o e, ao passar pelas  corredeiras do Velho Chico em Pirapora, as esp�cies  d�o  saltos para fora d'�gua, tentando vencer os obst�culos das pedras e quedas d’�gua do leito. Assim,  criam um bonito espet�culo da natureza. O fen�meno dos peixes ultrapassando os obst�culos das pedras nas corredeiras  para a desova na cabeceira do rio est� vinculado diretamente ao nome da cidade. Em tupi-guarani, Pirapora significa “salto do peixe”. 
 

Expectativa de fartura e de bons neg�cios

 
Mais que um espet�culo natural, a piracema � sin�nimo de esperan�a de dias melhores, com muita fartura. O ambientalista Roberto Mac Donald afirma que no fen�meno dos peixes saltando as corredeiras do Rio S�o Francisco, em Pirapora, est�o sendo vistas diversas esp�cies, como surubi, curimat�, dourado, matrich� e piau.  Ele destaca que Pirapora vive a expectativa de voltar a contar com a fartura do peixe, o que dever� proporcionar melhoria do turismo e movimentar a economia regional, mantendo o sustento dos milhares de profissionais cadastrados na regi�o.

“A  nossa expectativa � que toda a cadeia produtiva ser� recuperada. O setor hoteleiro, as lanchonetes, os restaurantes, os bares, todos ser�o beneficiados. At� os postos de combust�veis  poder�o aumentar as vendas para abastecer os barcos dos pescadores”, acredita Mac Donald.

Ele disse ainda que Pirapora tem a esperan�a de que, com o “retorno” dos grandes cardumes ao Velho Chico, possa voltar a promover o Campeonato Brasileiro de Pesca Esportiva do Doutorado e do Surubi, que fez muito sucesso no passado. A competi��o teve como grande incentivador e divulgador o jornalista Oswaldo Wenceslau, que mantinha uma coluna de pesca no Estado de Minas.  
 

Comportas abertas em Tr�s Marias

Hidrelétrica de Três Marias
(foto: Cemig/Divulga��o)
Nos �ltimos dias, o volume do Rio S�o Francisco aumentou bastante devido �s chuvas e � abertura das comportas da Usina Hidrel�trica de Tr�s Marias (foto), conduzida pela Cemig, em janeiro. S�bado, a quantidade de �gua liberada do reservat�rio de Tr�s Marias chegou a 3,017 mil metros c�bicos por segundo. Na mesma data, o reservat�rio atingiu 93,7% da sua capacidade. 


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