
A busca da eterna juventude � s� uma quest�o de tempo: ela est� mais na cabe�a do que no corpo, segundo os s�bios, aflora dependendo da hora, na vis�o dos experientes, e se manifesta em sua plenitude ao som de m�sica vibrante, de acordo com os mandamentos do rei Momo. Pois a filosofia de carnaval sempre esteve quente no bloco Juventude Bronzeada, cheio de borogod� para ati�ar as emo��es, levantar os foli�es e dar seu recado.
Nesta ter�a-feira gorda, quando o bloco desfilaria na Avenida Assis Chateaubriand, no Bairro Floresta, em Belo Horizonte, o sentimento � de boas lembran�as e for�a na alegria. “Reunimos pessoas de todas as idades, � s� entrar no ritmo”, diz o regente ‘da’ Juventude, Rodrigo Magalh�es, o Rodrigo Boi, m�sico valadarense apaixonado por BH e mais ainda pelo carnaval. “Gosto de brincar desde crian�a, n�o tem jeito de ficar parado.”
Na manh� de ontem, Rodrigo Boi, apelido dos tempos de menino, posou para a foto desta reportagem na Assis Chateaubriand, perto do Viaduto Santa Tereza, �cone da cidade e de muitas manifesta��es populares em d�cadas. “Passo sempre aqui e fico me lembrando dos momentos importantes da Juventude. A gente no alto do trio, a multid�o, a paisagem de BH. Tudo � de arrepiar. O bicho pega mesmo no carnaval...” E quem h� de negar?
BOAS MEM�RIAS
As lembran�as fluem e chegam a este �ltimo dia do carnaval, quando as ruas est�o diferentes de 25 de fevereiro de 2020, quando o bloco homenageou o compositor Gilberto Gil, com o tema “Gilventude”. Na �poca, houve uma proibi��o inicial sobre a circula��o do trio, mas a turma deu a volta por cima e colocou o bloco na rua. Com a bateria superior a 300 integrantes, fez bonito e deixou saudade.“Tenho uma quest�o afetiva, pois sou ligado ao carnaval, j� passei em Ouro Preto e Recife e Olinda (PE). Mas me preocupo com a situa��o cultural no Brasil de agora. Muitos m�sicos foram obrigados a mudar de profiss�o, houve pouco aux�lio governamental, profissionais perderam renda. Nossa cadeia produtiva parou, h� sofrimento, quadro muito dif�cil”, diz o regente do bloco.
No cen�rio espec�fico da pandemia, Rodrigo conta que a dire��o do bloco nem cogitou sair �s ruas desta vez. “N�o pensamos nisso, pois seria um risco para as pessoas. Precisamos esperar. Somos muito amigos, e a Juventude tem um funcionamento diferente: tomamos as decis�es quando o carnaval se aproxima.”

TEMPO DO MUNDO
A juventude, na vida e no bloco, tem o tempo todo do mundo para aproveitar o carnaval. E tem sempre a chance de “mostrar seu valor”, como disse o compositor baiano Assis Valente (1911-1958), em “Brasil pandeiro”. Mais valor ainda veio com o carioca Luiz Melodia (1951-2017), que trouxe � luz, em 1976, sua “Juventude transviada”, com o “aux�lio luxuoso de um pandeiro” e o arremate: “Hoje pode transformar (...) e o que diria a juventude”.Ent�o, inspira��o � o que n�o falta ao bloco Juventude Bronzeada, criado em 2013 e hom�nimo do ent�o j� existente trio musical formado pelos m�sicos Thales Silva, Rodrigo “Boi” Magalh�es e Fernando “Feij�o” Monteiro. As duas forma��es, conforme divulgam, nasceram para celebrar a hist�ria da m�sica baiana, em especial o per�odo compreendido entre as d�cadas de 1980 e 1990. Naquela �poca, Banda Eva, Bamdamel, Olodum e Timbalada lan�aram can��es que se consagraram como sucessos do ax� music.
Cada m�sica tem a ver com a vida dos fundadores do bloco, pois a maior parte brincava seus primeiros carnavais, embalada pelos ritmos baianos. Assim, a escolha do repert�rio reflete n�o apenas admira��o da turma pelas composi��es e autores como pelo desejo de revisitar a mem�ria afetiva em comum. O nome escolhido para batizar a banda e, posteriormente, o bloco, espelha “a uni�o da baianidade e da tropicalidade com a nostalgia.”
Al�m de Rodrigo Boi, Thales Silva e Fernando “Feij�o”, fazem parte dessa hist�ria Marcela Pieri, Igor Bonani, Mateus Jacob, Rodrigo Chapinha, Lua, Dani Ponce, Fl�via Ruas, Carlos Bol�via, Rafael Azevedo, Pri Glenda, Jhonatan Melo, Violeta, Leopoldina, Juliana Castriota, Artur Gomide e todos os batuqueiros, foli�es, ala de dan�a e apoio.