COVID agrava o drama de mineira presa com coca�na na Tail�ndia

Mais de um m�s trancada em uma cela na Tail�ndia. Sem comunica��o com a fam�lia ou advogados. Sob a amea�a de ficar encarcerada para o resto da vida ou at� mesmo de ser executada depois da pris�o, em 14 de fevereiro, por transportar drogas pelo aeroporto de Bangcoc. Quando se pensava n�o ser poss�vel piorar a situa��o de Mary Hellen Coelho Silva, de 22 anos, mineira de Pouso Alegre, a �nica not�cia que vem da �sia d� conta de que ela est� com COVID-19.

Em meio a ora��es e escalada de m�s not�cias, enquanto articula com advogados para tentar salvar Mary Hellen, a fam�lia sofre com ataques pesados vindos das redes sociais.

As informa��es sobre o adoecimento da jovem, que trabalhava em uma lanchonete de Pouso Alegre, foram transmitidas pelas autoridades tailandesas.

"Mas a gente n�o teve conversa com ela. Os advogados disseram que ela poderia fazer uma telechamada depois que estivesse na pris�o, mas com a COVID-19 ela n�o poderia conversar com a gente. N�s estamos no escuro. Essa informa��o mesmo pode ser falsa. Ela pode ter apanhado e a est�o escondendo. L� � um governo muito fechado, sem informa��es. Se aqui os presos apanham, imagina l�", afirma o cunhado da gar�onete, o pedreiro Anderson de Oliveira Souza, de 29.

A jovem, detida por transportar 15,5 quilos de coca�na em fundos falsos de malas, viajou para a Tail�ndia na companhia de dois homens, partindo do Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Grande Curitiba.

"A Mary Hellen se encontrou com um desses homens pela internet. Nas redes sociais, eles gostavam muito de m�sica eletr�nica e de festas rave. Para mim, foi iludida. Menina ing�nua, de fam�lia desestruturada. O pai � carioca e nem a registrou quando nasceu, no Rio de Janeiro. A m�e est� com c�ncer terminal. A irm� dela (Marina Coelho) e eu a criamos quando tinha 14 anos. Vi ela crescer. Foi usada por essas pessoas", afirma o cunhado Anderson.

N�o bastasse a falta de informa��es, a doen�a e a pr�pria grave situa��o legal de Mary Hellen, a fam�lia da moradora de Pouso Alegre recebe ataques constantes pelas redes sociais. De acordo com o cunhado, o pedreiro Anderson de Oliveira Souza, e a irm�, Mariana, eles articulam a defesa legal da jovem na Tail�ndia, j� que a m�e est� gravemente enferma.

“N�o temos sossego. Pelas redes sociais j� tem at� campanha para a Mary Hellen morrer. Uma coisa absurda. De gente sem empatia nenhuma, a quem n�o desejo mal, s� que encontrem Deus e um prop�sito na vida”, afirma.

Apoio na f�

Pais de tr�s filhos, de 9, 8 e 4 anos, os dois, que criaram Mary Hellen, quando ela era adolescente, afirmam se agarrar � religi�o e em sua f�, mas que ainda est�o muito abatidos com toda essa situa��o. 

 “Foi tudo de repente. Recebemos o �udio dela presa na Tail�ndia e da� em diante soubemos que ela estava mesmo presa, mas n�o tivemos mais not�cias. Toda noite a minha mulher fica triste e eu tento confortar ela. Mas a qualquer momento pode tocar o telefone com uma chamada da Tail�ndia sobre a situa��o dela. Assim, nem dormimos direito”, desabafa.

At� o momento, os nomes dos outros dois brasileiros presos na Tail�ndia n�o foram divulgados. Segundo o Itamaraty, o caso dos tr�s � acompanhado, mas as informa��es sobre procedimentos e processos s� podem ser divulgadas ap�s autoriza��o da fam�lia dos envolvidos.

Apesar de a moradora de Pouso Alegre e outros dois brasileiros terem sido detidos com 15,5 quilos de coca�na escondidos em suas malas de viagem depois de ter sa�do do Brasil pelo Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Grande Curitiba, a Superintend�ncia de Pol�cia Federal do Paran� informou que n�o h� investiga��es em curso sobre quadrilha de aliciamento e tr�fico internacional de drogas para a �sia nem se h� esquemas de facilita��o desse fluxo de entorpecentes pelo aeroporto.

Experiente na defesa de casos envolvendo brasileiros julgados no exterior, o advogado Tel�maco Marrace assumiu o caso de Mary Hellen Coelho Silva, de 22 anos, ao lado de advogados de Pouso Alegre, no Sul de Minas. Ele considera remotas as chances de pena de morte para a moradora de Minas Gerais. “(Um veredito de) Pena de morte � quase zero (a chance). Tamb�m acho muito dif�cil a pris�o perp�tua. (Mais prov�vel) Pegar cinco anos de pris�o e pagar uma multa, em dinheiro tailand�s. Mas pode ser concedido o perd�o real pela monarquia. Nesse caso, ela volta ao Brasil”, ponderou o advogado. A estimativa � de que o processo dure cerca de dois anos.

Segundo dados do Departamento Correcional da Tail�ndia, em 2021, dos 289.332 prisioneiros do pa�s, 237.763 (82%). As leis dividem as drogas em tr�s categorias, sendo as mais pesadas dos tipos 1 (hero�na, anfetamina, ecstasy e LSD) e 2 (coca�na, �pio e morfina). No caso da coca�na, a importa��o, exporta��o e fabrica��o podem resultar em 20 anos de deten��o a pris�o perp�tua e multa de R$ 300 mil a R$ 760 mil. Distribui��o ou posse para distribuir implicam condena��o de pris�o de 3 a 20 anos e multa de R$ 76 mil a R$ 760 mil, penas que podem ser agravadas por leis de forma��o de quadrilha e que assim poderiam at� resultar em pena de morte.

Como na Tail�ndia, a pena capital (a �ltima ocorreu e 2018, a anterior em 2009) � adotada por mais 53 pa�ses. Na Indon�sia, em 2015, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42, passou 11 anos na pris�o e foi fuzilado. Ele traficou 6kg de coca�na em pranchas de surfe. Tamb�m l� morreu, por fuzilamento, quatro meses antes, Marco Archer Cardoso Moreira, de 53, por traficar 13,5 quilos de coca�na em uma asa-delta.

At� 10 anos de pris�o e multa de R$ 3 mil a R$ 30 mil

Pris�o perp�tua e multa de R$ 150 mil a R$ 300 mil

Pena de morte

De 20 anos de deten��o a perp�tua e multa de R$ 300 mil a R$ 760 mil

Pris�o de 3 a 20 anos ou multa de R$ 9 mil a R$ 60 mil se abaixo de 100 gramas; e multa de R$ 76 mil a R$ 760 mil se acima de 100 gramas

At� 5 anos de pris�o e/ou multa de R$ 15 mil

At� 1 ano de pris�o e multa de R$ 15 mil a R$ 150 mil

Pris�o de 2 a 15 anos e multa de R$ 30.500 a R$ 230 mil

Pris�o de 2 a 10 anos e/ou multa de R$ 6 mil a R$ 30.500. Pena de at� 15 anos de pris�o acima de 15 quilos e multa de R$ 30.500 a R$ 230 mil