
Em novembro do ano passado, o Estado de Minas mostrou com exclusividade que o indiv�duo – at� ent�o n�o identificado pelas autoridades – abordou diversas pessoas no Instagram e, al�m dos crimes j� citados, realizou amea�as de morte e estupro.
� �poca, em resposta protocolar, a Pol�cia Civil disse que foi instaurado procedimento para apura��o dos fatos. No entanto, pouco mais de dois meses ap�s os crimes – que foram registrados por meio de prints (capturas de tela) e v�deos –, o mesmo perfil falso, intitulado Arthur Rodrigues, ressurgiu com mais ataques na web em 12 de janeiro deste ano.
Ent�o, a delegada Ione Barbosa, que tamb�m atua como presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, assumiu as investiga��es, levantando provas e ouvindo testemunhas.
Com a chegada da pol�cia, suspeito tenta fugir
Ap�s meses de investiga��o, uma equipe da Pol�cia Civil mineira, sob o comando da delegada, realizou uma megaopera��o nesta manh� na Regi�o da Cidade Alta no munic�pio.
“Assim que chegamos � casa do suspeito para cumprimento do mandado de busca e apreens�o, ele tentou fugir pulando por uma janela, mas nossa equipe conseguiu captur�-lo. Questionado sobre as acusa��es, ele negou os crimes, mas tamb�m entrou em contradi��o em muitos momentos e disse que as pessoas n�o gostam dele”, conta a delegada Ione Barbosa em entrevista ao Estado de Minas.
Carta manuscrita de vingan�a apreendida
Durante as dilig�ncias na resid�ncia do suspeito, os policiais apreenderam um computador, um notebook, um tablet, um celular e uma carta escrita de pr�prio punho. "Na folha, ele montou uma listagem de pessoas das quais ele queria se vingar – identificando elas, por exemplo, como mendigo, negro, macumbeiro, pobre, travesti, gay e morador de rua", conta Ione.
"O outro mandado foi cumprido na casa dos pais. Eles relataram que o filho tem problemas psiqui�tricos, faz acompanhamento com profissional e est�o tentando intern�-lo de forma compuls�ria", acrescenta.
Pedido de pris�o ainda n�o foi deferido
Al�m da autoriza��o para cumprir os mandados de busca e apreens�o, a delegada Ione Barbosa conta que tamb�m havia encaminhado � Justi�a um pedido de pris�o em desfavor do investigado.
“No entanto, neste momento, o juiz entendeu que uma medida cautelar diversa da pris�o seria o suficiente. Este procedimento est� previsto no artigo 319, inciso III, do C�digo de Processo Penal (CPP). Com isso, o suspeito n�o poder� fazer contato ou se aproximar das v�timas. Em caso de descumprimento, ele pode ser preso a qualquer momento”, finaliza.
A for�a e a voz de Graziele: para al�m da dor, o desejo de Justi�a
“Macaca, preta, suja, usa drogas e s� serve para sexo”. Estes foram alguns ataques com os quais Graziele Cl�udia Matias Campos Batista, de 24 anos, foi surpreendida nas redes sociais, em Juiz de Fora. � �poca, em 18 de janeiro deste ano, a reportagem conversou com a estudante que, pela segunda vez, foi v�tima de inj�ria racial praticada pelo agressor na internet.
Antes disso, em outubro do ano passado, ela foi surpreendida pela primeira vez em mensagens privadas no Instagram, quando decidiu gravar a conversa em chamada de voz pela rede social. "Volta pra �frica! Macaca! (...). Cabelo duro! (...). Voc� tem que ser estuprada. S� pra isso que voc� presta! Eu n�o ligo para o que preto pensa. Eu sou superior a voc�", disse o homem nas grava��es publicadas pela reportagem � �poca.
O ataque aconteceu ap�s Graziele tentar defender um amigo, que, v�tima de homofobia, foi chamado pelo agressor de “pintoso” e “afeminado”.
“Eu senti um misto de sentimentos. Fiquei com muita raiva, mas tamb�m senti muito nojo. N�o acredito que passei por isso. Sinto-me in�til por n�o saber quem �”, desabafou na oportunidade.
Ao denunciar o caso em suas redes sociais, Graziele foi abordada por algumas pessoas, em mensagens privadas, relatando que tamb�m foram alvos de ataques do mesmo indiv�duo. Por meio de Graziele, a reportagem do Estado de Minas, na ocasi�o, conseguiu abordar outras v�timas que registraram provas das agress�es, al�m de boletins de ocorr�ncia junto � Pol�cia Militar.
Em um quase desfecho – e pouco mais de cinco meses ap�s o primeiro ataque recebido em 28 de outubro de 2021 –, Graziele falou rapidamente, por telefone, com a reportagem na tarde desta ter�a-feira (5/4) e aquele misto de sentimentos ruins, relatado pela jovem na primeira entrevista, deu lugar � sensa��o de que valeu a pena lutar.
“Nossa, estou muito feliz e realizada. Tenho certeza que ele ser� preso em breve e pagar� pelo que fez n�o s� a mim, mas tamb�m �s outras v�timas. O momento � de muita felicidade”, revelou Graziele, que deixou transparecer um sorriso em sua voz.
A Pol�cia Civil segue investigando o caso.
A Pol�cia Civil segue investigando o caso.