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Estado de Minas PROJETO POL�MICO

�rea vizinha � da "minera��o da disc�rdia" na Serra do Curral j� � escavada

A 350m do local destinado � cava da Tamisa, outra empresa explora mina rec�m-licenciada cercada de riquezas raras


04/05/2022 04:00 - atualizado 06/05/2022 16:47

Área explorada
�rea explorada pela Mineradora Gute Sicht - nome que significa Boa Vista - na Serra do Curral, na face de Sabar�, perto de Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Enquanto ambientalistas, entidades produtivas e o poder p�blico se dividem entre o apoio � minera��o na Serra do Curral e recursos na Justi�a para barrar a atividade, impactos semelhantes aos que ambientalistas afirmam que a implanta��o do Complexo Miner�rio Serra do Taquaril (CMST) s�o capazes de gerar j� podem estar ocorrendo bem ao lado. A poucos metros da Tamisa, a empresa que conseguiu o sinal verde do Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam) para minerar �rea de Nova Lima localizada na serra –  um dos s�mbolos de Belo Horizonte –, uma outra mineradora j� recebeu a libera��o da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), em mar�o de 2021, e neste ano movimenta caminh�es carregados de min�rio e revolve as montanhas com escavadeiras. Ainda que em �rea muito menor, a Gute Sicht Minera��o d� amostras de por que se temem tanto os impactos ao meio ambiente na cadeia montanhosa.
 
Apesar da proximidade com cavidades rochosas de m�xima relev�ncia, recursos h�dricos, fauna e flora amea�adas, a Gute Sicht (nome em alem�o que significa Boa Vista) declara que tem estudos de impacto e segue rigorosos m�todos de atua��o, frisando que disp�e de todas as licen�as legais necess�rias para exercer a atividade.
 
A empresa precisou passar por um processo de regulariza��o e celebrou, com a Superintend�ncia Regional de Meio Ambiente Central e Metropolitana  (Supram CM), em 11 de maio de 2021, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que lhe permite minerar nos contrafortes da Serra do Curral, na �rea da Serra do Taquaril, entre Belo Horizonte e Sabar�. Sem alarde, minera em condi��es naturais t�o delicadas quanto a Tamisa, ainda que em uma escala muito inferior, mas que p�e em perspectiva a capacidade destrutiva sobre a Serra do Curral.
 
cacto
Rar�ssimo, o cacto Arthrocereus glaziovii foi avistado pela reportagem � beira da escava��o, margeada tamb�m por flores silvestres (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 
 
A �rea do empreendimento, chamada Mina Boa Vista, fica a 350 metros de uma das cavas que a Tamisa quer abrir, na face nova-limense da cadeia montanhosa, do outro lado da crista da serra. Contudo, se a Tamisa est� a 250 metros de uma caverna de m�xima relev�ncia espeleol�gica para o conjunto da serra, a discreta mineradora de nome alem�o est� a apenas 50 metros.
 
O projeto da Tamisa em �rea de 1.250 hectares (cada medida dessas equivale a cerca da �rea de um campo de futebol) engloba 49 cavernas, sendo que al�m dessa de m�xima relev�ncia h� outras nove de alta relev�ncia, que demandam compensa��es em caso de impactos ou supress�o. Uma est� a 300 metros da Mina Boa Vista, que tem �rea de cinco hectares.
 
“As cavernas de m�xima relev�ncia nem podem ser sujeitadas a impactos diretos e indiretos. Se a Tamisa est� a 250 metros, essa est� a menos de 100 metros. Isso, para mim, � um crime. E o estranho � que se sabe que essa caverna tem m�xima relev�ncia desde 2017 e 2018 e essa minera��o de pequeno porte est� quase por destruir a gruta. Como conseguiram licen�a para isso? Isso tem ocorrido tamb�m no Gandarela, onde as grandes mineradoras saem ilesas quando criam empresas menores para causar impactos”, disse o professor de qu�mica, pesquisador em espeleologia e ambientalista Luciano Faria.
 
Na caverna de m�xima relev�ncia ele relata que se estuda um opili�o (um aracn�deo, como as aranhas) que apresenta caracter�sticas troglom�rficas (pode ter se adaptado ao ambiente de cavernas) e ainda n�o foi descrito. O animal � muito pequeno, tem apenas dois mil�metros de comprimento. “Mesmo pequenas modifica��es no ambiente da caverna, como a poeira gerada pela minera��o, j� poderiam comprometer totalmente a vida desse animal na gruta", observa Faria.
 
Nas �reas onde a Tamisa pretende instalar cavas, que s�o as aberturas na terra para extrair min�rio, as pilhas de rejeitos, estradas, terminais de processamento e demais estruturas, a reportagem encontrou exemplares do cacto Arthrocereus glaziovii, que est� amea�ado de extin��o e � end�mico da canga do Quadril�tero Ferr�fero, ou seja, s� existe no substrato do solo alto dessas �reas ricas em min�rio de ferro de Minas Gerais.
 
Boa parte dos 42 hectares que a Tamisa pretende minerar na primeira fase de implanta��o do projeto na Serra do Curral e na segunda fase, de 53 hectares, perpassa rochas onde esses cactos despontam e  �rea de cobertura pela mata atl�ntica, que s� pode ser desmatada com licen�as especiais.

CACTO RARO No fim das escava��es feitas pela Gute Sicht Minera��o, na face de Sabar� da serra, as rochas que n�o foram desmanchadas pelas escavadeiras tamb�m exibem o pequeno exemplar de cacto raro, com n�o mais de 12 cent�metros de altura e uma  flora��o tamb�m rara de se testemunhar. Abaixo, nascentes de �gua fluem para o Rio das Velhas tendo suas �reas de recarga em espa�os onde podem ocorrer impactos diretos ou indiretos com toda a atividade pesada das minas. 

Por meio de nota, a Gute Sicht afirmou que tem autoriza��o dos �rg�os respons�veis para seu pleno funcionamento mediante documenta��o e estudos ambientais apresentados ao governo do estado.
“Al�m de passar por rigoroso plano de controle ambiental, foi feito um amplo estudo denominado EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental e seu consequente Relat�rio de Impacto Ambiental). Portanto, a empresa n�o est� localizada em nenhuma �rea que impacte na flora, fauna e cursos d’�gua da regi�o. Reafirmamos que nosso empreendimento est� inteiramente de acordo com as leis e normas vigentes e nossa atividade est� em conformidade com as exig�ncias necess�rias.”

A Semad tamb�m foi procurada para falar sobre o TAC e a situa��o atual da mineradora e disse que dever� se pronunciar hoje.
 
Artistas e escritores entram na luta pelo tombamento 
 
Silvia Pires

Mais de 200 artistas e escritores brasileiros assinaram um manifesto contra o projeto de minera��o na Serra do Curral, aprovado na madrugada de s�bado. Entre os nomes est�o artistas de peso, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento. O documento deve ser entregue amanh� ao governador do estado, Romeu Zema.
 
Na carta, os artistas pedem a suspens�o da licen�a concedida pelo Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental (Copam) e que seja dada prioridade ao processo de tombamento pelo Instituto Estadual de Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha).
 
Segundo a documentarista e diretora art�stica Luciana S�rvulo, coordenadora do movimento, a iniciativa busca atrair visibilidade para a causa. "Minha meta inicial era conseguir 50 nomes representativos nacionais. J� temos mais de 100. Estamos planejando uma s�rie de a��es para movimentar a sociedade. Queremos chamar bastante a aten��o", complementa.
 
Com fam�lia em Belo Horizonte, ela revela ter ficado chocada com a autoriza��o dada � mineradora Tamisa. "Essa decis�o vai na dire��o contr�ria do processo de tombamento, existem muitas irregularidades. Isso precisa ser denunciado. N�s temos que fazer barulho", afirma. 
 


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