(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas MINERA��O

Serra do Curral: seguran�a h�drica da Grande BH pode ser colocada em risco

Local possui po�os que garantem o abastecimento de �gua das cidades dependentes do Rio das Velhas caso haja o rompimento de barragem


09/05/2022 16:15 - atualizado 10/05/2022 17:36

Vista da Serra do Curral nesta segunda-feira (9/5)
Vista da Serra do Curral, onde ser� uma das cavas para o projeto da mineradora (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

A seguran�a h�drica de Belo Horizonte e toda Regi�o Metropolitana pode estar comprometida com a instala��o da mineradora Taquaril Minera��o S.A (Tamisa) na Serra do Curral. Esta � uma das principais preocupa��es dos ambientalistas presentes na visita feita por deputados da Comiss�o de Administra��o P�blica da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (9/5).

Um dos pontos da visita foi realizado nos po�os implementados do acordo entre a Vale com o governo de Minas Gerais para garantir o abastecimento da Grande BH, caso algum rompimento de barragem afete o Rio das Velhas.

"Estamos dentro do vale onde a minera��o vai se instalar. Aqui tem o po�o que est� sendo implementado como medida do acordo da Vale com o governo de Minas Gerais para garantir o abastecimento das comunidades que s�o dependentes do sistema Rio das Velhas. S�o v�rios po�os, v�rias medidas, v�rias estruturas e essa � a que pretende garantir o abastecimento das pessoas caso a gente perca o rio para algum rompimento", explica a pesquisadora e ambientalista do Projeto Manuelz�o, Jeanine Oliveira.

Pesquisadora e ambientalista do Projeto Manuelzão, Jeanine Oliveira, na visita da Assembleia Legislativa à Serra do Curral nesta segunda-feira (9/5)
Pesquisadora e ambientalista do Projeto Manuelz�o, Jeanine Oliveira (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

No local, ter� o tr�nsito de caminh�es da Tamisa, muito pr�ximo do po�o. "A quest�o aqui � que vai minerar, destruir o aqu�fero fundamental para a seguran�a h�drica. A pr�pria Copasa, o pr�prio governo do estado, reconhece essa �rea como fundamental para a seguran�a h�drica caso ocorra rompimento da barragem. Minerar aqui significa destruir uma alternativa de seguran�a h�drica de Belo Horizonte", observou a vereadora de Belo Horizonte, Duda Salabert (PSD).

Jeanine completa: "A gente vai perder a pedra que armazena e distribui ao longo do territ�rio, das nascentes, essa �gua toda. Al�m disso, a cava da minera��o, conforme vai baixando e entrando no len�ol, tem que drenar a �gua para continuar com a cava ativa seca e trabalhando. V�o drenando a �gua para baixar o len�ol e jogando para longe e com mais rapidez essa �gua ao inv�s de guardar nesse territ�rio". Confira o mapa:


Apolo Heringer Lisboa, idealizador do Projeto Manuelz�o, ilustrou o risco que a seguran�a h�drica de BH e Regi�o Metropolitana correm com a minera��o.

"As fontes de �gua v�o secar e a Serra do Curral est� cheia disso. Como tudo � min�rio, a chuva cai e ele se infiltra e fica guardado debaixo da terra. � uma reserva de �gua enorme que vai aparecendo nas nascentes o ano inteiro, mantendo o Rio das Velhas com �gua. Belo Horizonte � 100% bacia do rio e estamos o destruindo, assim como o abastecimento de BH e das cidades que est�o pra baixo. Sete Lagoas, por exemplo, � abastecida com �guas, � um impacto estadual em toda bacia do S�o Francisco", aponta.

Ele ressalta a import�ncia da �rea e faz um apelo: "Isso � uma preciosidade que tem valor para turismo, distribui��o de renda. Toda essa regi�o deveria ser um parque enorme. O que est� acontecendo nessa regi�o � uma invas�o de um ex�rcito estrangeiro colonial e estamos sendo destru�dos. Se BH n�o consegue impedir isso, imagina cidades pequenas da regi�o."

Press�o

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), autora do requerimento da visita, aponta que observar in loco onde todas as atividades da mineradora ser�o realizadas e todos os impactos s� refor�ou a vis�o de irregularidade deste empreendimento na Serra do Curral.

"S� demonstra a ilegalidade da tentativa de minerar a Serra do Curral. A nossa visita t�cnica � a s�ntese de que � completamente ilegal, tem impactos irrecuper�veis. Portanto, h� necessidade de uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) porque precisamos entender e investigar como esse licenciamento aconteceu", ressalta. Para que a CPI seja instalada na Assembleia Legislativa, s�o necess�rias o m�nimo de 26 assinaturas e at� o momento foram colhidas 23.

Deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), na visita da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (9/5) à Serra do Curral
Deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), na visita da Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (9/5) na Serra do Curral (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Os pr�ximos passos ser�o de novas visitas e mais press�o no Parlamento mineiro. "Primeiro essa visita produzir� um relat�rio t�cnico que vai embasar todas as a��es na Assembleia Legislativa e ajudar nas a��es de toda a sociedade na defesa da Serra do Curral. Segundo, n�s continuaremos realizando visitas em outras localidades, demonstrando o impacto. O governo mentiu, a Tamisa mentiu, os defensores da minera��o mentiram e continuam mentindo � sociedade dizendo que o impacto n�o � tudo que est� sendo denunciado. Precisamos impedir que essa minera��o d� sequ�ncia na Serra do Curral.", aponta a deputada.

A parlamentar ainda apontou mais a��es que ser�o tomadas: "Vamos convocar o secret�rio de Cultura para que nos explique como o tombamento ainda n�o aconteceu. Vamos continuar discutindo dando espa�o a sociedade, a dezenas de entidades que fazem estudos t�cnicos e demonstraram os poucos minutos que tiveram na audi�ncia, as irregularidades. Eu tamb�m vou fazer um recurso para que a autoriza��o de licenciamento v� para o Pleno do Copam (Conselho Estadual de Pol�tica Ambiental) e vamos persistir porque h� irregularidades. Esse discurso t�cnico � extremamente pol�tico de falsamente justificar uma decis�o pol�tica que favorece as mineradoras no estado por uma falsa leitura t�cnica."

Al�m da deputada, tamb�m estiveram presentes Ana Paula Siqueira (Rede), Bart� (PL), as vereadoras Duda Salabert (PSD) e Bella Gon�alves (PSOL), e ainda o deputado federal Rog�rio Correia (PT-MG). Foram convidados, mas n�o compareceram: o secret�rio de Cultura e Turismo, Minist�rio P�blico de Minas Gerais e a pr�pria mineradora Tamisa.
 
Em nota, a empresa informou que n�o foi convidada para a visita. Confira a nota na �ntegra:
 
"A TAMISA ficou sabendo atrav�s da imprensa, sobre poss�vel visita de parlamentares, ambientalistas e autoridades do Estado nesta segunda-feira (9) � �rea rural onde se localiza seu Projeto de minera��o.

Esclarece n�o ter sido convidada, apesar de ser a empreendedora do Projeto miner�rio licenciado, e detentor da posse do im�vel particular. 

Afirma que seria uma �tima oportunidade para detalhar in loco seus estudos ambientais e esclarecer v�rias desinforma��es que vem sendo divulgadas.

Como sempre esteve, a TAMISA se coloca mais uma vez � disposi��o das mesmas pessoas para agendar uma uma visita t�cnica � �rea, quando poder� esclarecer eventuais d�vidas e comprovar a import�ncia ambiental, social e econ�mica do Projeto para Nova Lima e toda a regi�o do entorno, para Minas Gerais e para o Brasil, com a gera��o de mais de 2.000 empregos diretos, al�m do recolhimento de impostos �s esferas municipais, estaduais e federais."

Protesto ind�gena

No p� da Serra do Curral, tr�s ind�genas estiveram presentes para protestar contra a minera��o no local. Maria Flor Guerreira, da aldeia Patax�, destacou de que forma o empreendimento atinge os ind�genas. "Qualquer p� de �rvore que se arranque, nos atinge. Qualquer motosserra que se liga, corta no nosso sangue. Porque sangue e seiva s�o iguais. N�s, humanos, n�o somos maiores e nem melhores que nada, somos juntos, � um sistema de vida. Isso que est� atingindo agora os belo-horizontinos, atinge os povos ind�genas h� 520 anos", apontou.

Maria Flor Guerreira, da aldeia Pataxó, Irene Flores, boliviana da cultura Aymara e Rosário Duran, da cultura Quechua, na Serra do Curral nesta segunda-feira (9/5)
Maria Flor Guerreira, da aldeia Patax�, Irene Flores, boliviana da cultura Aymara e Ros�rio Duran, da cultura Quechua (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

Irene Flores, boliviana da cultura Aymara, ressaltou que vai defender a Serra com a vida. "Eu vou sair morta porque vou defender n�o para mim, para os netos e bisnetos de voc�s. N�s temos que ficar unidos e nos organizar", afirmou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)