

O empres�rio chegou a ser preso, em junho de 2006, pelo envolvimento no crime, mas foi solto e aguarda o julgamento em liberdade.
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Chacina de Una�: ex-delegado confirma principal prova contra Ant�rio M�nica
De acordo com o Minist�rio P�blico, ele agiu como intermedi�rio na contrata��o de matadores de aluguel para a execu��o dos fiscais do Minist�rio do Trabalho. Hugo Pimenta confessou que foi procurado pelo fazendeiro Norberto M�nica para contratar um matador de aluguel para assassinar um dos auditores, mas negou a participa��o no crime.
“Pago um pre�o alt�ssimo. At� 2004, nunca tive um processo. De l� pra c�, tenho 40. Tudo relacionado a essa a��o.”
Pimenta come�ou o depoimento dizendo estar com dengue e estava internado em um hospital de Una� desde segunda-feira.
Apresentou uma escritura p�blica de Norberto M�nica confessando a morte do fiscal Nelson Jos� da Silva. O documento teria sido feito quatro dias antes do julgamento de Norberto, com o objetivo de livrar o irm�o, Ant�rio, das acusa��es.
Pimenta disse n�o saber nada relacionado � morte dos fiscais. Mas de outros crimes de Norberto.
“Quando fiz a dela��o premiada, n�o falei nada sobre Ant�rio M�nica porque n�o quis ser injusto com ningu�m. No meu entender, foi tudo acertado entre eles para pressionar o Norberto a dizer que eu estava dentro do Marea.” Ele alega que n�o estava no carro, que seria da esposa de Ant�rio.
“Nunca falaram comigo sobre a participa��o dele (Ant�rio). Eles quiseram me colocar como mandante.” Pimenta confirmou que Norberto frequentava sua empresa todos os dias. Confirmou ainda que Ant�rio conhecia Jos� Alberto de Castro, empres�rio que confessou a participa��o no crime.
Pimenta disse que n�o participou da reuni�o em sua empresa para tratar do crime com a presen�a de Ant�rio. Afirmou que o alvo da chacina era o fiscal Nelson Jos� da Silva, odiado pelos irm�os. Os outros fiscais foram mortos porque n�o se separavam dele, segundo a testemunha.
A motiva��o do crime seria a fiscaliza��o nas fazendas da fam�lia M�nica, com pagamento de multas consideradas exorbitantes. “O Ant�rio era o chefe (da fam�lia) e faziam tudo sempre juntos (os irm�os). Na regi�o, todo mundo era fiscalizado. N�o escapava ningu�m. N�o s� os M�nica.”
Confirmou o depoimento dos pistoleiros dizendo que Jos� Alberto de Castro ordenou as mortes, a mando dos irm�os M�nica.
Questionamentos da defesa
Perguntado pelo advogado de defesa, Marcelo Leonardo, se sempre disse a verdade em todos os depoimentos, Pimenta afirmou que sim. N�o soube dizer se o carro Marea prata estava registrado em seu nome ou de sua empresa. E que n�o tinha um carro da mesma marca de cor preta.
O advogado de defesa quis saber como ele teve acesso a escrita p�blica de Norberto M�nica apresentada no julgamento. Pimenta respondeu que foi passada por seu advogado.
Questionado pelos advogados de defesa sobre a dela��o premiada que fez, Pimenta disse que n�o confessou sua participa��o no crime e que n�o era “testa de ferro” de Norberto M�nica. Negou ainda que tenha financiado os assassinatos.
Os advogados de defesa questionaram ainda o fato de Hugo negar participa��o nos crimes e s� ter ouvido falar dos preparativos para as execu��es.
S�o 14 testemunhas de acusa��o previstas para serem ouvidas nesta ter�a-feira. A defesa arrolou outras seis testemunhas que devem ser ouvidas nos pr�ximos dias.
Testemunhas
Mais tr�s testemunhas foram ouvidas no primeiro dia de julgamento de Ant�rio M�nica. Uma delas confirmou que um carro igual ao da mulher do r�u foi visto no local onde estavam os executores e intermedi�rios do crime.
Ap�s um intervalo de uma hora do segundo depoimento, o julgamento foi retomado com a oitava de Afr�nio Gon�alves Soares, auditor fiscal do trabalho. A defesa do r�u pediu que o depoente n�o fosse ouvido como testemunha, j� que ele era colega das v�timas.
Al�m disso, tinha um relacionamento de amizade com D�cio Santos Lima, presidente da Associa��o dos Auditores Fiscais. D�lcio � marido de uma das procuradoras da Rep�blica envolvidas no julgamento, Mirian Moreira Lima.
A ju�za n�o entendeu que havia uma rela��o de proximidade que pudesse desqualificar o depoimento de Afr�nio.
O fiscal disse que s� ficou sabendo depois dos crimes que Nelson sofria amea�a. "Tenho conhecimento pelo relat�rio dos fiscais que seria o sr. Ant�rio (o autor das amea�as)."
Afr�nio relatou que n�o participou das fiscaliza��es, mas estaria trabalhando no dia do crime se n�o tivesse de f�rias.
Afirmou ainda que n�o tinha conhecimento do auto de infra��o contra a filha de Ant�rio, M�rcia.
"Tive dificuldade de voltar a fiscalizar nos mesmos carros que us�vamos. Depois, passamos a fiscalizar com seguran�a."
Corpos baleados e ainda com cinto de seguran�a
O pr�ximo depoimento foi de Vilmar da Silva Ferreira, policial militar e comandante do policiamento da cidade de Una� na �poca do crime.
Ele contou que receberam a informa��o de uma caminhonete branca parada com tr�s corpos dentro, provavelmente sem vida, e uma quarta v�tima sendo socorrida.
Vilmar disse que se deslocou para o local e viu outra caminhonete levando a quarta v�tima para o hospital. Conversou com a v�tima, que era motorista do Minist�rio do Trabalho.
O policial lembrou que os fiscais mortos estavam dentro da caminhonete, todos baleados na cabe�a ainda usando cinto de seguran�a. Afirmou que pela situa��o n�o tinham como se defenderem.
Disse ainda que um ve�culo igual ao da mulher do r�u foi visto no local onde estavam os executores e intermedi�rios dos assassinatos.
Sentimento de culpa pelas mortes
A testemunha ouvida a seguir foi Carlos Calazans. Na �poca da chacina era o superintende-regional do Minist�rio do Trabalho em Minas.
O advogado de defesa contraditou a testemunha e lembrou que Carlos chegou a comemorar a primeira condena��o de Ant�rio M�nica. Ele, por�m, negou que tivesse interesse na condena��o do r�u.
"Tenho reagido sempre de forma correta e ponderada. Era respons�vel por todas as a��es do Minist�rio do Trabalho em Minas Gerais. Sempre busquei esclarecimento da verdade e justi�a."
Calazans disse que n�o participou de forma direta das investiga��es sobre o crime.
Menos de um ano antes do crime, ele conta que Norberto M�nica j� havia reclamado das fiscaliza��es e dito que aquilo s� acabaria quando "um fiscal tomasse um tiro".
Calazans disse que o fato foi relatado para as autoridades. Apesar disso, segundo ele, o fiscal Nelson Jos� da Silva nunca disse que se sentia amea�ado ou pediu prote��o.
Ele ainda revelou que se sente culpado pelas mortes dos fiscais. "Poderia ter feito mais para evitar aquilo e n�o consegui."