
O que restou de um dos cen�rios mais importantes nas primeiras revoltas de descendentes de portugueses no Brasil ainda aguarda a implementa��o das a��es de preserva��o. Localizado na Serra de Ouro Preto, o Morro da Queimada guarda nas ru�nas das casas fragmentos do que foi a Sedi��o de Vila Rica, em 1720, conhecida tamb�m como Revolta de Filipe dos Santos.
A �rea de 67 hectares - tombada pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) - vive uma espera de mais de 20 anos para a implementa��o do Monumento Natural Municipal Arqueol�gico do Morro da Queimada, motivo para realiza��o da audi�ncia p�blica, nesta quarta-feira (25/5), �s 17h30. Na ocasi�o, ser� lan�ado o livro A Sedi��o de Vila Rica e o nascimento de Minas Gerais”, do autor Epaminondas Bittencourt.
A regi�o conhecida no s�culo 18 como Arraial do Ouro Podre tem passado por processos de reconhecimento, mas ainda corre riscos de perda patrimonial, como o que aconteceu em setembro de 2021. Em 2001 foi realizada a primeira audi�ncia p�blica no Morro da Queimada com o intuito de transformar a �rea em um parque, o que aconteceu em 2008. Mesmo sendo um parque, o local sofria a��es predat�rias frutos do estado de abandono e em 2015, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG) obrigou a prefeitura a cercar e sinalizar a �rea. Em 2019 um projeto de lei mudou de categoria de parque para monumento, uma forma de ampliar a preserva��o do s�tio arqueol�gico.
De acordo com a C�mara Municipal de Ouro Preto, estar�o presentes na audi�ncia a prefeitura de Ouro Preto; vereadores; reitora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Cl�udia Marli�re; presidente da For�a Associativa dos Moradores de Ouro Preto (Famop), Luiz Carlos Teixeira; Associa��o dos Moradores do Morro da Queimada, Morro S�o Sebasti�o e Morro Santana; diretoria do IFMG de Ouro Preto; membros das escolas de Direito, de Turismo e de Museologia da UFOP e 1° Promotoria do MPMG.

Morro da queimada na Literatura
"...Quando um dia fores grande, e passares por ali, dir�s: “Morro da Queimada, como foste, nunca vi; mas, s� de te ver agora, ponho-me a chorar por ti: por tuas casas ca�das, pelos teus negros quintais, pelos cora��es queimados em labaredas fatais, - por essa cobi�a de ouro que ardeu nas minas gerais". O trecho do poema Romance V, do livro O Romanceiro da Inconfid�ncia, de Cec�lia Meireles, publicado em 1953, retrata as perdas deixadas h� 302 anos por um inc�ndio provocado pelo Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal - Conde de Assumar - na cega gan�ncia por ouro.
Inspirado nas poesias de Cec�lia Meireles e Carlos Drummond de Andrade que levantaram em suas obras, o movimento para depor o Conde de Assumar e formar um novo governo nas Minas Gerais, o escritor, fot�grafo e engenheiro, Epaminondas Bittercourt, conta que h� anos fotografa a regi�o do Morro da Queimada.
O fruto do registro fotogr�fico serviu de apoio para a constru��o do livro “A Sedi��o de Vila Rica e o nascimento de Minas Gerais” que ser� lan�ado nesta quarta-feira (25/5) na C�mara Municipal. A distribui��o � gratuita.
Bittercourt conta que o epis�dio do levante de Vila Rica, bem como toda riqueza cultural deixada pela produ��o art�stica dos s�culos 18 e 19, fez com que o livro textual e fotogr�fico intercale as hist�rias desse passado com as atuais paisagens de Ouro Preto, como a igreja do Morro de S�o Jo�o.
"A �rea do Monumento Natural Municipal Arqueol�gico do Morro da Queimado significa um ativo cultural importante e levar essas informa��es aos formadores de opini�o como institui��es de ensino, aos parlamentares, donos de pousadas, por exemplo, � uma forma de divulgar esse riqu�ssimo tesouro da mem�ria nacional".
Autor de mais outras sete obras, como "A Trag�dia de Mariana e o Nascisismo Gerencial na P�s-modernidade", Bittercourt afirma que n�o tem como objetivo levar um fato inovador da hist�ria do s�culo 18 "porque o mundo acad�mico, principalmente da UFOP, tem muitas pesquisas na �rea. A proposta � fazer com que as pessoas conhe�am esse importante lugar que merece ser preservado".
